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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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#48 PEARSE, Lesley - Nunca Digas Adeus


Sinopse: Num chuvoso dia de outono, SusanWright entrou numa clínica, matou duas pessoas a sangue-frio e aguardou que apolícia chegasse. Terá sido um ato de loucura? Uma vingança planeada? Susan nãoparece interessada em defender-se e recusa falar. O seu silêncio estende-se aBeth Powell, a advogada a quem é atribuído o caso. Beth é uma mulher de sucessocom uma carreira brilhante mas nada a preparara para o momento em que identificaa autora daquele crime tão bárbaro. Quando eram crianças, Beth e Susan juraramser amigas para sempre. Vinte e nove anos depois, mal se reconhecem. Mas asmemórias dos verões felizes das suas infâncias são suficientemente poderosaspara as unir de novo. Enquanto as provas contra Susan se acumulam, elaspartilham recordações e revelam os segredos que ditaram o rumo das suasvidas. 
Aamizade entre as duas mulheres torna-se cada vez mais forte mas sobre uma delaspende a implacável mão do destino…

Opinião: Éo segundo livro que li da Lesley Pearse, tendo o primeiro sido o “Nunca meEsqueças”, e a impressão com que fiquei foi a mesma. Desta vez o enredo revolveem torno de Susan Wright, que matou duas pessoas a sangue frio numa clínicamédica e se deixou capturar, e de Beth Powell, uma advogada que lhe calha narifa para a defender. O livro foi realista neste ponto, estes detalhes legaisforam bem geridos, pareceu-me. Felizmente a autora não optou pelo cliché demanter a Beth como advogada de defesa da Susan, e agora vou mudar o meudiscurso para não revelar demasiado.
A sinopse é um pouco enganadora – elas nãojuraram ser amigas para sempre, isso remete ao lugar-comum de juramentos desangue, etc. Elas simplesmente tiveram-se apenas uma à outra, em pequenas.Depois os seus caminhos seguem direcções opostas. 
Quanto à minha opinião do livro… acho quese mistura com a opinião que tenho da autora. É-me compreensível que tantagente adore os livros dela, porque de facto ela tem imaginação e um bom enredo.Na minha opinião, o que me impede que lhe dar mais do que um três pela segundavez, é a extensão de quatrocentas e trinta páginas para uma história que seriasublimemente contada em duzentas e cinquenta. A acção arrasta-se, lenta e,pior, repetitiva! Dei por mim a revirar os olhos. A Susan pensava em a).Contava à Beth/Steven, etc… reflectiam sobre isso. Depois era novamenterepensado pela Susan que, por último, o apresenta em tribunal. Bagh!
Outra coisa que detesto nos livros daLesley é que tudo gira em torno destes termos – injustiça, maldade, piedade,misericórdia, autocomiseração, pena, admiração. É a segunda vez que leio sobreuma coitadinha que até é esperta e se safa bem de quem toda a gente tem pena ecom quem toda a gente – do momento, porque o passado é que foi triste,simpatiza. Toda a gente tem pena delas, toda a gente as acham amorosas, toda agente compreende. Bom eu achei que a Susan merecia, de facto, ser bastante bemcastigada. A Lesley pôs-me a pensar sobre o poder de influência que os livros têmsobre as pessoas. Com este pareceu passar a seguinte mensagem: se tiverem umavida triste, se vos humilharem e maltratarem, se gozarem convosco, podem bemmatá-los que os vossos amigos verdadeiros perdoam-vos e continuam a chorarlágrimas amargas por vocês. (PS – A Beth não era assim tão amiga da Susan,geralmente fala com ela retorcida e com azedume, meio seca e céptica e atéinvejosa por a outra ter tido mais sorte/à-vontade nos relacionamentoscarnais). É que também já me aconteceu. Também já me maltrataram e já mehumilharam. Pessoas trocadas e depois gozadas – com demonstrações de afecto quevão não se sabe bem onde debaixo das nossas próprias barbas – é umacontecimento habitual na vida de qualquer pessoa. Há egoístas e imorais egozões e pessoas sem um pingo de decência ou decoro nas vidas de todos. E issoseria, então, razão suficiente para os abatermos a tiro?
Bom,não revelei demasiado porque começam a haver enredos secundários dentro doromance, isto não se prende necessariamente com a linha principal. O que querodizer é que a Lesley foi demasiado branda com a Susan. Os homens são demasiadoternos – choram x vezes durante o romance, porque se comovem com tudo. Não digoque não suceda, mas quais as probabilidades? Mal sei distinguir as duas principaispersonagens masculinas, o Steve e o Roy, porque são ambos tolos “ternos” quechoram aqui ou ali. E elas? A Beth e a Susan? Foi-me óbvio que a Lesley lhesdespejou uma boa dose de desgraças de vida para cima (de ambas) para apelar ànossa pena – do leitor. Mas eu não acho a pena nada de nobre, como me deu aentender a autora, nem tão pouco digno de admiração. Ultrapassar os motivos quefazem os outros terem pena de nós sim, é nobre e admirável. Agora admiraralguém porque cuidou da mãe obrigado, coitado, desgraçadinho… onde é que isto édigno de alguma admiração? Onde é que o ter-se sido vítimas de desgraças nosconcede o direito de também sermos cruéis?
Enfim,atribuo três a este livro apenas porque o enredo foi bem pensado e estruturado.Com cento e cinquenta páginas (e lágrimas) a menos, com os cortes dos momentosde reflexão/acção (muito pouca) repetidos, teria funcionado bem. Inclusiveemocionei-me quase no final, ri-me um pouco. Mas esperar quatrocentas páginaspara me emocionar… haja paciência!

PS - Ainda assim melhor do que muitos romances da treta que por aí andam, com histórias de caracacá, capas e sinopses (enganadoras) muito apelativas...
 Classificação: 3***


#27 PEASE, Lesley - Nunca Me Esqueças

Sinopse: Num dia… Com um gesto apenas… A vida de Mary mudou para sempre. Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary – filha de humildes pescadores da Cornualha – traçou o seu destino ao roubar um chapéu. O seu castigo: a forca. A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo. Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História. Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse – a rainha do romance inglês – apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.

Opinião: Antes de mais, é preciso informar de que demorei uns quatro ou cinco meses a percorrer a viagem destas páginas. Comecei com o coração nas mãos e a indignação de quem vê o "simples" roubo de um chapéu punido com uma deportação desumana para a Austrália. Depois soube que a Mary Bryant, ou Broad, existiu mesmo e isso deu novo realismo à história. Li a primeira metade do livro de um sopro, a vida a bordo do Dunkirk - o tifo, a imundície, as febres, as intempéries, etc., os actos grotescos de uma das nações que se diz entre as mais civilizadas desde sempre. A partir da última metade, o livro torna-se entediante, aborrecido com pormenores de uma rotina miserável, pobre de alma e de condições humanas. Tanta desgraça junta... Mas enfim, o pior é que a sombra das catástrofes paira sobre todo o livro e esperamos, esperamos e esperamos por vê-la tomar os protagonistas. As últimas cem páginas deviam ter sido resumidas para 25. Achei que o ritmo geral do livro era lento. Ontem consegui tomá-lo pelos cornos e terminá-lo de vez, mas não tenho especial gosto por livros que me sabem a obrigação. Além disso detestei o facto de a Mary ser adorada por todos e de distribuir beijos nos lábios de todos como uma irmãzinha grata a dar esmolas aos tolos enamorados. Dou três porque o livro tem um evidente e trabalhoso cuidado de pesquisa por trás. Teve rasgos interessantes por entre outros que me causaram enfado. Em geral estou feliz que tenha acabado, foi uma leitura custosa e não estou a ver-me a passar por ela de novo.

Classificação: 3***