Sinopse:O coração de Vianne Rocher, a encantadora e inquieta maga do chocolate, parece ter finalmente serenado. A vila de Lansquenet-sous-Tannes, que em tempos a rejeitou, é agora o seu lar. Com a filha mais velha, Anouk, a viver em Paris, Vianne dedica-se por inteiro à chocolaterie e a Rosette, a filha mais nova, a sua menina "especial". A acompanhá-las estão os seus amigos do rio, os extravagantes vizinhos, e o circunspecto padre Reynaud. Mas o vento, quando sopra, traz sempre mudanças… E estas começam com a morte de Narcisse, o temperamental florista. A vila fica em alvoroço pois Narcisse deixa não só uma surpreendente herança a Rosette, mas também uma inesperada confissão.
Nada voltará a ser como dantes. E quando uma loja nova abre onde antes se dispunham as magníficas flores de Narcisse, tudo parece um prenúncio de algo: um confronto, alguma turbulência, ou talvez até… um crime? Conseguirá Vianne impedir que o vento leve tudo o que lhe é mais querido?
Há magia no ar. Há luz e sombra. Vingança e amor. Vinte anos depois da publicação de Chocolate, Joanne Harris regressa à pitoresca vila francesa num romance sobre a força do passado, o poder da memória e a aceitação das marcas que a vida deixa em nós.
Opinião: Joanne Harris foi das primeiras autoras que li e adorei, ainda em tenra idade. Comecei pelo Chocolate, segui por todos os seus outros clássicos. Mais tarde adorei reencontrar essas personagens em Sapatos de Rebuçado e O Aroma das Especiarias. Julgo ter entendido que este volume encerra o mundo de Vianne Rocher, com certeza a chocolateira mais famosa do universo literário.
Senti o a narrativa mais fraca, a entrar um bocadinho por aquele campo do espremer uma fórmula ao máximo. Como se a autora não estivesse tão inspirada como nos restantes volumes, apesar de se ler bem, porque me é território confortável. Vianne Rocher cede o protagonismo à sua filha de 16 anos, Rosette, e a M. le Curé, o Père Reynaud. Sem dúvida que as complexidades deste homem de Deus, atormentado pela própria natureza falível, dão substância à melhor personagem (pelo menos à minha favorita) criada pela autora neste universo de uma aldeia francesa à beira-rio, na qual aportam os barcos dos ciganos, onde há uma comunidade muçulmana (Les Marauds) e onde colidem o mundo tradicional das beatas e dos hipócritas com as minorias que despertam a mesquinhez nessas almas cristãs.
Adoro a temática dos livros da autora, que giram sempre em torno da diferença; do ser-se diferente e do aceitar-se o diferente. Neste volume, Rosette é a personagem diferente. Tem um discurso próprio (Bam!) pontilhado dos seus limites de discurso (terá uma doença que a arrasta para tiques nervosos?). Traz alguma pureza à narrativa. É a sua voz, mas também a de Vianne, a de Reynaud e os relatos na primeira pessoa de Narcisse, o antigo florista que morre e que deixa o seu bosque de carvalhos e morangos silvestres à curiosa Rosette que instiga a ação deste último tomo da série. É que os habitantes de Lansquenet-sous-Tannes não compreendem o porquê de um homem inescrutável ter deixado um bosque de valor precioso a uma criança com limitações, e a justificação que oferece ao executor do seu testamento, bem como a nova ocupante da sua loja de flores desocupada, diante da porta da Chocolaterie vão desenterrar os segredos de outro habitante da pequena povoação.
O interessante é a premissa de que ninguém é o que parece, combinada com a mestria da autora em criar universos mágicos, místicos, plenos de superstição e de maravilha, em que o chocolate, os desenhos, a arte em geral, o fogo nas fogueiras dos ciganos, os amuletos islâmicos, as tradições maias, se tornam formas de praticar feitiçaria e de pôr o vento a nosso favor, ou contra os nossos inimigos.
Ocorre-me uma questão interessante sobre a obra da autora: os homens costumam ser personagens voláteis, pouco confiáveis, que vêm e vão com o vento, egoístas. As mulheres têm-nos como adereços temporários. O amor nunca se sobrepõe à razão e, quando o faz, é para desgraça da mulher (recordo-me de algumas das suas mulheres, desgraçadas por homens ignóbeis). Que significa isto? Gostaria de perguntar à autora se é de algum modo feminista, e se conhece homens de integridade inabalável.
Despeço-me com saudade, e um dia regresso com o Hurakan a Lansquenet-sous-Tannes, para reencontrar todos estes amigos de longa data.
Sinopse:Vianne Rocher recebe uma estranha carta. A mão do destino parece estar a empurrá-la de volta a Lansquenet-sur-Tannes, a aldeia de Chocolate, onde decidira nunca mais voltar. Passaram já 8 anos mas as memórias da sua mágica chocolataria La Céleste Praline são ainda intensas.
A viver tranquilamente em Paris com o seu grande amor, Roux, e as duas filhas, Vianne quebra a promessa que fizera a si própria e decide visitar a aldeia no Sul de França. À primeira vista, tudo parece igual. As ruas de calçada, as pequenas lojas e casinhas pitorescas… Mas Vianne pressente que algo se agita por detrás daquela aparente serenidade. O ar está impregnado dos aromas exóticos das especiarias e do chá de menta.
Mulheres vestidas de negro passam fugazes nas vielas. Os ventos do Ramadão trouxeram consigo uma comunidade muçulmana e, com ela, a tão temida mudança. Mas é com a chegada de uma misteriosa mulher, velada e acompanhada pela filha, que as tensões no seio da pequena comunidade aumentam. E Vianne percebe que a sua estadia não vai ser tão curta quanto pensava. A sua magia é mais necessária do que nunca!
Opinião:O Aroma das Especiarias é o terceirovolume da trilogia inaugurada com o sublime Chocolate.Esclareçam-me se haverão mais… se for uma trilogia finda-se aqui, mas aquelefinal talvez sugira mais.
Ao longo das suas quasequinhentas páginas acompanhamos o regresso da Vianne Rocher à aldeia onde Chocolate teve lugar.Lansquenet-sur-Tannes é agora um local diferente e, oito anos volvidos após La Céleste Praline, também os seushabitantes estão diferentes. Um feliz reencontro com Joséphine, Luc e CaroClairmont, Guillaume e os ciganos do rio, intensificado pelo twist na personagem do Père Reynaud, em torno de quem parecegirar agora o romance e que se tornou, rapidamente, na minha personagemfavorita deste volume. Cada um transporta agora novos segredos que muito gostome deram a desvendar. Para quem não sabe (como eu, que não estava à espera), háuma comunidade de Muçulmanos de niqab aviver na tacanha aldeia a que a Joanne Harris já nos habituou.
Imaginem só o modo como ascoscuvilhices da pequena aldeia revolvem em torno desta nova comunidade e dosseus muitos segredos, a fervilhar sob véus, lantejoulas e a rigidez do Ramadão.São personagens fascinantes, uns e outros. Conheci uma Anouk crescida, umaRosette quase mística, uma Vianne por uma vez insegura, hesitante em usar osseus poderes. Um Reynaud que aprendeu a lição em Chocolate…
A somar a tudo isto existe ofascínio de conhecer uma nova cultura apresentada por esta autora que me é tãoquerida e que tem o dom de, nos seus enredos, aproximar pessoas das maisdiversas origens. Receei que o livro fosse previsível mas deu-se bem o oposto.Todo ele tem aroma a pêssegos (Peachesfor Monsieur le Curé), açafrão, chili, chocolate. Outra aventura dossentidos e mais personagens para desvendar. Mais cartas de tarot e destinos a serem decifrados em sonhos e no fumo da misturado chocolate.
A Joanne habituou-me a umuniverso só seu onde a contemporaneidade sempre pareceu ficar voluntariamenteexcluída. Lê-la a referir-se ao Facebook, telemóveis e rede arrastou-me para areflexão que é promovida no livro, para a mudança dos tempos, a tolerância queé aconselhada e os perigos envolvidos. Foi algo novo de encontrar nesta minhaescritora quase favorita e é bomsaber que algumas receitas nunca azedam.
Na realidade atribuo-lhe 4,5estrelas, porque de algum modo não é um livro perfeito. Penso que o Chocolate tem uma atmosfera maisprópria, mais homogénea. Neste livro senti a Vianne distante, como se em vez deter amadurecido estivesse menos atenta ao que sucede em redor. Uma vez mais há umculminar – um clímax – num livro dela e confesso que não o antevi, pelo que foiuma surpresa que me obrigou a sorver quase 200 páginas de um sopro em poucomais de uma hora. Ainda assim, o clímax de Chocolatenão mete ninguém em perigo mas é inesquecível! Gostei muito do livro, mas porvezes considerei o discurso da autora forçado – a revolver desnecessariamente emtorno dos receios da Vianne - sobretudo no início, em que a decisão deregressar a Lansquenet foi muito precipitada. A Anouk poderia ter sido melhordesenvolvida, visto que começa a fascinar tanto quanto a própria mãe e o Roux équase uma personagem secundária, estranhamente encaixado nos eventos finais.É o Père Reynaud e Lansquenet, que ésem dúvida uma das personagens, que marcam os 4,5 pontos que atribuo à obra.
Sinopse: A aldeia de Lansquenet-sur-Tannes tem duas novasmoradoras: Vianne Rocher, jovem mãe solteira, e a sua filha Anouk. Ambascorreram mundo e querem agora estabelecer-se, pelo que Vianne pensa montar umnegócio. Um negócio aromático e guloso mas, naquelas paragens, pouco comum: umachocolataria com o nome deLa Céleste Praline. Para a aldeia, La Céleste Pralinee a sua encantadora proprietária são um sopro de ar fresco frente àtirania de Francis Reynaud, um jovem padre de uma austeridade a raiar ofanatismo, que não oculta o seu desagrado por um comércio demasiado sofisticadoe “tentador”, e que vê em Vianne um desafio à sua autoridade. Frente a ele, ajovem Vianne só pode apelar à alegria de viver das gentes de Lansquenet...
Chocolate é um repertório de sabores, descritos de uma maneira tão viva quequase se sentem; é também uma galeria de personagens ternos e cruéis, amáveis eodiosos, sempre intensos e credíveis. Mas é sobretudo um romance tão ameno, tãorico e variado, que deixará nos seus leitores uma impressão imorredoira.
Opinião: Comuma nota de tragédia trazida pelo vento do Norte, é assim que Vianne Rocher e afilha, Anouk, chegam a Lansquenet-sur-Tannes. A povoação francesa não é aprimeira em que estas duas se fixam, e cedo começam a fazer-se notar asdiferenças das forasteiras...
Em plena Quaresma,Vianne abre uma chocolataria e, através desta iguaria, conquista, a pouco epouco, as gentes dali. Simultaneamente, a sua simpatia por ciganos, por sapatosvermelhos e por promover feiras de chocolate em épocas de jejum e abnegação,vão trazer-lhe alguns dissabores... nomeadamente através da falsa benevolênciado padre Francis Reynaud...
Até hoje, semprelembrado como um cocktail the sensações, sentimentos e sabores.