Sinopse: Filha de um juiz de sucesso e de umafigura do jet set reprimida, Mia Dennett sempre lutou contra a vidaprivilegiada dos pais, e tem um trabalho simples como professora de artesvisuais numa escola secundária. Certa noite, Mia decide, inadvertidamente, saircom um estranho que acabou de conhecer num bar. À primeira vista, ColinThatcher parece ser um homem modesto e inofensivo. Mas acompanhá-lo acabará porse tornar o pior erro da vida de Mia.
Opinião: “Não digas nada” é o primeiro livro queleio da Mary Kubica. Não tinha lido muito sobre ele, nem sequer no Goodreads,onde vou sempre buscar conselho antes de investir num livro. Fiz bem, porque olivro tem críticas muito díspares. Há quem pareça adorar, há quem o considereum embuste, e há quem diga que não o aqueceu nem arrefeceu.
A sinopse revela um rapto, um captor e uma famíliainfluente. O problema, na minha óptica, é que o livro é vendido como umthriller, uma obra de suspense. Estes elementos não existem no livro, é umromance com conteúdos policiais, diria eu. Não há nenhum quebra-cabeças aresolver, mas a autora soube unir as pontas soltas. Quem vai ler o livro àprocura destas características vê o seu intento gorado. Entendo que fiquefrustrado e que considere que o livro falhou, nesse sentido. Eu prefiro pensarque foi o Marketing que falhou e que o livro é exactamente o que a autora quisque ele fosse.
Elogio as personagens principais, bastante credíveis.A Eve, o Colin e o inspector Hoffman, que são as vozes narrativas, estão bemconstruídos e ajudam a compor o puzzle a respeito do rapto da Mia. Éevidente que a mestria da Mary é sobretudo visível no retrato psicológico doColin e da Mia. Quanto a isto, digo que ambos são palpáveis e multilaterais.Apaixonei-me pelo Colin às primeiras linhas. Acho que a escritora soubeprender-nos a esse homem de passado tumultuoso.
Consegui lê-lo depressa, sendo que o último terço foide enfiada em duas horinhas. É bom sentir que tenho de chegar ao fim de um livropara ter paz. Penso que vai ficar comigo durante algum tempo, um pouco como “AMontanha entre nós”, se bem que esse foi arruinado pelo final…
SPOILER:
A única coisa que não entendo é porque é que a Mianunca contou a verdade ao Colin, teria resolvido muita coisa…
Título oficial: The Silver Linnings Playbook @ 2012
Realizador: David O. Russell
Banda Sonora: Danny Elfman
Actores principais: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro
Classificação IMDb: 8,0
Minha classificação: 8,0
Prémios: Melhor Actriz Princial (Jennifer Lawrence)
Sinopse: Após um internamento forçado numa instituição psiquiátrica, o professor Pat Solitano volta a morar com os seus pais enquanto tenta reconciliar-se com a sua ex-mulher. A sua busca pelo equilíbrio dificulta-se quando conhece Tiffany, uma misteriosa rapariga com a sua quota de problemas.
Opinião: Este filme mexeu comigo de um modo muito particular. As doenças mentais, compulsivas, que se revezam contra a vontade do seu portador, são um tema angustiante e tantas vezes têm dado origem a filmes comoventes (I Am Sam [2001], One Flew Over a Cuckoo’s Nest [1975]). Vi este filme sem grandes expectativas, espantada por aquelas duas caras bonitas (Cooper, Lawrence) terem protagonizado um filme que não foi encarado como uma comédia romântica comum, mas sim como um potencial vencedor de óscares. O enredo é rico em personagens e nas suas nuances comportamentais, deixando-nos no limbo quanto à concepção de “normalidade”. Pat (Cooper) sofre de bipolaridade. Devido a um choque emocional cometeu um acto de violência que lhe valeu uma estadia de vários meses num hospital psiquiátrico. Ao sair pretende recuperar a sua vida no ponto onde esta estava. No entanto é agora outra pessoa, apostada em melhorar em relação ao que fora antes, a fim de recuperar a mulher que o deixou. Tiffany (Lawrence) valeu o Óscar de melhor actriz a esta jovem de 22 anos. De facto, o seu papel é carismático e cativante, elevado a uma espécie de girl next door um bocadinho neurótica mas, em simultâneo, compreensível e empática. A personagem da Lawrence roubou realmente a cena a todos os outros os actores, mas também o Pat foi uma personagem profunda e versátil, sendo a sua evolução credível e, por vezes, inquietante. Robert De Niro ficou com o papel de pai de Pat, com obsessões compulsivas por sua vez (problemas de jogo, apostas, superstições).
Gostei muito de conhecer estas pessoas com os seus defeitos e vícios entranhados, numa luta constante entre o equilíbrio e a harmonia com a sociedade, e os seus resvalos interiores, difíceis de contornar. Por vezes as pessoas ditas “normais” que com eles se cruzavam eram tão ou mais infelizes do que o Pat e a Tiffany, o que me fez reflectir sobre o que significa, no fundo, ser-se normal.