Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

#270 SANTOS, José Rodrigues dos, O Mágico de Auschwitz

WhatsApp Image 2021-01-16 at 14.14.46.jpeg

Opinião: Lamento profundamente ter desistido, comprei o livro numa altura em que pondero bem os meus gastos com literatura, e sabia que não gosto da escrita do autor, mas pensei que talvez o tema conseguisse cativar-me de algum modo. Até nisso o livro falha redondamente, pelo menos para quem gosta de História e já leu bastante não-ficção sobre o assunto.

O documentário da Netflix Hitler's Circle of Evil introduziu-me às personagens mais influentes que serviam como tentáculos do Führer em territórios ocupados e na própria Alemanha nazi. Ouvir falar de Göring, Goebbels, Heydrich, Himmler, Hess e tantos outros não me foi novidade, e tenho inclusive em mente os rostos e as motivações de cada um, o seu papel no Reich e as atrocidades com que mancharam as mãos. Posto isto aconselho-vos a, em vez de perderem tempo e dinheiro com este livro, assinem um mês de Netflix e vejam antes o documentário. Isto se procurarem literatura: se procurarem investigação jornalística por escrito, podem avançar para O Mágico de Auschwitz sem receio de uma desilusão.

Neste romance, como em quase todos os outros que li do autor, JRS tem uma fórmula infalível para nos despejar o conteúdo da sua pesquisa sobre um tema: interpõe diálogos entre burros e sabichões, em que o burro vai puxando pelo sabichão, e assim descobrimos o que significa a suástica, a caveira nos bonés das SS, e tantos outros detalhes académicos do nacional-socialismo. Aqui surgem dois problemas: 1 é que se trata de infodump e, atenção, não é que os temas não sejam interessantes, e sim, de facto foi a primeira vez que li sobre o significado da caveira dos SS, mas esse significado surge conspurcado pelas teorias de ocultismo de que o livro está pejado. Mas também podia ter ido à Wikipédia ou pegado num livro tipo "iconografia nazi" e estaria lá o significado à mesma, quem sabe limpo da veia tendenciosa do ocultismo. O segundo problema é que que todos os diálogos servem, de caras, o propósito de de nos contar uma história, de aprofundar simbolismos e dar a conhecer as várias frentes do teatro de guerra. Um bom autor conseguiria coser tudo isso às vivências das suas personagens, emprestar-lhes emoção, insuflá-las de medo e de expectativa de futuro. Mas JRS continua a apostar nesta fórmula em que cada encontro no livro serve o simples propósito de palestra. Ao longo das 120 páginas que li, levei a palestra do sabichão Frabatto vs o burro Nivelli (Frabatto explica-nos tudo o que há a saber sobre a suposta ideologia dos nazis, que pressupõe que descenderam de atlantes e que isso justifica a sua superioridade), seguida da palestra do voluntário sabichão falangista Juanito vs o burro português Francisco, em que o primeiro explica ao segundo aquilo que demos no 12º ano de História, isto é, que a Espanha de Franco, auxiliou a sua irmã ideológica como pôde, não juntando-se ao conflito nem ao Eixo, mas enviando voluntários mais ou menos forçados para a frente. A esta palestra segue-se a do burro mágico Nivelli vs o sabichão SS Heydrich, em que o segundo dispõe do seu precioso tempo a explicar ao judeu o significado da suástica (o outro já sabia porque o sabichão Frabatto tinha-lho explicado), e da caveira das SS, e ainda conta a este mágico, de vez em quando sabe tanto doutros mágicos, que quem desenhou esse símbolo foi um magus, uma espécie de mágico superior, mas isto o burro Nivelli não sabia. A somar a estas palestras surgem as da rádio, as dos jornais, as trocadas entre donos de cafés e seus visitantes, onde descobrimos como vai a guerra, como vão as restrições aos judeus, etc., etc.

Atenção, eu não digo que seja fácil escrever sobre a II Guerra Mundial, mundo menos deste palco específico onde as luzes seguem os judeus e os nazis, e a conhecida Solução Final arquitectada por Himmler. Mas para despejar conteúdo jornalístico em 450 páginas de suposta ficção... Para quê? No contexto de uma catástrofe humanitária, de um horror inigualável, não seria de maior valor dar vida, vontade, sentimentos às personagens? Nesta narrativa torna-se evidente, desde muito cedo, que estas personagens poderiam ser outras quaisquer: JRS quer despejar tudo o que pesquisou sobre o Holocausto neste livro, e para isso escolheu pessoas aleatórias em locais estratégicos, deixou-as unidimensionais e capazes apenas de ouvir e falar, nada mais. Tudo bem, ainda estou longe de Auschwitz, mas como poderá isto melhorar? Já sabemos que Francisco se alistou na Legião para fugir a um problema qualquer em Portugal, que se voluntariou para a frente oriental porque o seu comandante deu a entender que quem não o fizesse era maricón, e sabemos, pelas entrevistas, que Francisco se há-de tornar SS por outro acaso que tal, sem vontade que o leve. Resumindo: continuará burro e a gaguejar pelo livro afora, confrontando-se com sabichões que lhe hão de explicar o que se passa no mundo, porque ele não compreende e pouca parte tem nele, excepto o chamado "corpo presente".

A somar a isto (personagens vazias e infodump) juntam-se mais dois factores que matam a narrativa. 1) A escrita e sobretudo os diálogos, 2) a tentativa nada dissimulada de reescrever a história dos nazis, insinuando a cada duas páginas que tudo o que fizeram foi movidos por ilusões místicas e balelas sobre descenderem de atlantes e desejarem criar o "Super-homem" por via da eliminação de raças inferiores.

Quanto ao 1), somei expressões como: ouvidos de mercadorEstás a reinar comigo?lambão de primeirareal ganagraçola e de chofre. Tudo isto em diálogos com intervenientes de língua-mãe alemã ou espanhola, ou mesmo portuguesa, mata a seriedade do assunto e tira-me de uma oficina de Praga nas vésperas do Holocausto para uma tasca na Verdizela (já o repeti duas vezes mas é mesmo o que senti).

Quanto ao 2), acho uma assunção falaciosa dar a entender que os nazis eram todos uns iludidos, lunáticos, que acreditavam realmente que tudo o que faziam era para o bem da Humanidade (a qual, evidentemente, encabeçavam). Creio estar certa quanto a tudo o que estudei, li e assisti a respeito deste período negro da História. Os nazis tinham motivações práticas, motivações materialistas, motivações ideológicas- estamos no séc. XX, o século em que ideologias tão opostas quanto o fascismo e o comunismo se consolidam em sociedade e colidem inevitavelmente -, tinham motivações imperialistas, expansionistas, antissemitas, e tanta outra coisa que moveu a máquina nacional-socialista como um rolo compressor sobre todos os poderiam atrapalhar-lhes os objetivos... Em Hitler's Circle of Evil há inclusive uma cena em que fica claro que um funcionário de Himmler, ao entrar na sua sala e deparar com o chefe a tentar fazer levitar uma cadeira apenas com o poder da mente, o considera prestes a perder o juízo. O ocultismo que um ou outro nazi professasse, numa tentativa, quem sabe, de aliviar um pouco a consciência dos horrores que causavam (para se convencerem de que o faziam por um bem maior), não era abraçado por todos, não era visto como verdade absoluta nem era o verdadeiro motivo que erigiu as paredes de Auschwitz. Para uma ideia do que era a ideia nazi, leiam Morrer Sozinho em Berlim, contado por um alemão que o viveu.

Posto tudo isto, e volvidas 120 páginas, não tenho interesse em seguir Nivelli para Auschwitz. Não quero ler sobre uma Auschwitz de bordéis e em que não se passava assim tão mal. Gostaria, talvez, de explorar a humanidade a debater-se com essas condições, mas isso JRS não tem sensibilidade (nem capacidade) para fazer. Quem sabe eu deva antes ler Se Isto é um Homem? Ou rever Campos de Concentração Nazis, também disponível na Netflix, onde as verdadeiras imagens captadas pelos americanos que libertaram aqueles campos mostram uma realidade que a mente dificilmente alcança. São as imagens mais abomináveis que hei de ver na vida, mas valem por mil palavras.

Classificação: 1/5*****

Sinopse: A vida do Grande Nivelli, o mágico judeu que encanta Praga, muda quando os nazis invadem a Checoslováquia. A Segunda Guerra Mundial começa e ele é deportado com a família. O seu destino é o de milhões de judeus. Auschwitz. O português Francisco Latino sempre foi considerado um bruto na Legião Estrangeira. Mas o seu coração amolece durante o cerco de Leninegrado, onde integra a Divisão Azul espanhola e se apaixona por uma russa. Até que as SS o levam... O mágico judeu e o soldado português unem os seus destinos em AuschwitzBirkenau. A magia do Grande Nivelli será chamada a desempenhar um papel central num evento largamente desconhecido, mas que se revelou a maior conspiração levada a cabo pelas vítimas contra o Holocausto.

#67 JAMES, E.L., As Cinquentas Sombras de Grey

Sinopse: As Cinquenta Sombras de Grey é um romance obsessivo, viciante e que fica na nossa memória para sempre. Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo para um jornal universitário. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, sombrio, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta – os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor?

Opinião: Visto que a minha melhor amiga - que costumam levar o seu tempo a ler um livro - leu este “Cinquenta Sombras” em meia dúzia de dias e o declarou de dificuldade 0, sucumbi à curiosidade. Já suspeitava de que o conteúdo seria uma tristeza pegada e imaginei-me a fazer uma review suculenta a respeito do facto de a senhora ter presenteado o mundo com uma obra medíocre (calma, medíocre significa de qualidade mediana) - miserável - e ter enriquecido desse modo. Porque o sexo vende. Porque o que é fácil é acessível a todos. Porque prometia “sombras”, um homem cativante e, talvez para alguns, porque é um fanfic do Twilight. Graças a isto fiquei mais rica como pessoa; agora sei o que é um fanfic. Mas sou obrigada a pedir que me perdoem por ter tido tão pouca resistência a este best-seller, e até por não ser capaz de destacar todos os momentos dignos de reparo na obra. Estava a fazer-me mal à saúde...


Eu desconfio sempre quando há muito frufru em redor de algo - porque o que é do acesso comum geralmente tem standards muito baixos. Adolescentes excitadas, mulheres casadas que consideraram um escândalo de secretismo e ousadia adquirirem esta obra e lê-la no barco a caminho do trabalho. E ao menos considero que a E.L.James ensinou muita gente a ler - ao menos isso!
Bom, desisti, como não poderia deixar de ser, porque senti que me torturava mentalmente, na página 20. Li conteúdos semelhantes no “I’m In Love With a Pop Star” da Margarida Rebelo Pinto, mas na altura tinha 13 anos e, mesmo a custo, lá acabei o livro. Agora, dez anos depois, sou incapaz de dedicar o meu precioso tempo a coisas que me magoam o intelecto, por muito que prometessem uma review hilariante.
Desfolhando o restante livro, descobri que a deusa interior da senhora dança salsa com passinhos de merengue e, com isto, retorci-me e fechei definitivamente o livro. O senhor é aquilo que os brasileiros chamam um “babaca”. Há muito que sei que o maior poder é o daquele que pode, mas não faz. Uma pessoa que dá ordens atrás de ordens tem graves problemas de autoridade e a sua personalidade berra que, outrora, o pisaram e bem. Não é preciso ser psicóloga para adivinhar isso acerca do Sr. Grey, nem forçar-me a 500 páginas de tortura mental.

Em conversa com a minha amiga descobri algumas coisas preocupantes e ridicularizantes, adversas à verdade ou já do campo da ficção surreal.

A senhora tem um orgasmo na primeira vez? Hum.
A senhora toma uma primeira pílula e remove imediatamente o preservativo das brincadeiras? Não me admira que hajam fatinhos de bebés a dizer “Há nove meses atrás a minha mãe leu o Fifty Shades of Grey”...


Enfim.
Dá que pensar.

Classificação: 1*

#47 MCAULEY, Roisin, As Vinhas do Amor

Sinopse: Moonbeam Star, conhecida pelos amigos como Melanie, é filha de um casal hippie. O pai esqueceu-se de regressar de Woodstock e a mãe partiu para se encontrar, portanto, Melanie foi criada pelos avós. Agora na casa dos vinte, Melanie estuda e trabalha num estabelecimento vinícola na Califórnia. Quando o avô tem um ataque cardíaco, revela um segredo que guardou desde que o seu avião foi abatido sobre a França durante a Segunda Guerra: teve um filho com a rapariga que salvou. A criança era um rapaz, e Melanie fica intrigado com a existência desse tio francês e parte à sua procura. Em Inglaterra, a jovem irlandesa Honor Brady apaixona-se por Hugo, um comerciante de vinhos, que a leva para o seu castelo em Astignac, na zona vinícola de Entre Deux Mers. Hugo vende vinhos raros a connoisseurs; vinhos com história; vinhos escondidos durante a guerra; vinhos salvos do Palácio de Inverno em Sampetersburgo… e Honor é deixada sozinha, o que a leva a conhecer Didier, cuja família outrora foi dona do château de Hugo e está ligada ao tio de Melanie. À medida que as vida das duas mulheres se sobrepõem, é descoberta uma teia de mentiras que se estendeu durante décadas.

Opinião: É sempre triste quando a sinopse (enganosa) é mais interessante do que o livro... e esta era muito promissora! Eu não costumo fazer isto (aliás, que me lembre nunca fiz). Quis muito este livro e consegui lê-lo através do clube de leitores do qual faço parte. Tive que ler na diagonal... não conseguia engonhar mais, sou uma pessoa muito ocupada e tenho muito bons livros em linha. Resumindo:
- Oco- Sem substância- Aborrecido- Personagens vazias- Frases feitas- Forçado- Abrupto- Light - a "puxar" ao drama- Cliché
Enfim, isto tudo junto classifica a miséria da classificação.

Classificação: 1*

#26 HUNTER, Madeline - Mil Noites de Paixão

Sinopse: Eles não têm absolutamente nada em comum. LadyReyna é uma mulher virtuosa e erudita, que preferia morrer a quebrar umapromessa ou voto. Ian de Guilford é um sensual  mercenário, umcavaleiro errante cujo temperamento fogoso lhe valeu a alcunha de Senhor as Mil Noites. Ela não conhecia a sua fama quando, fazendo-se passarpor cortesã, transpôs as linhas inimigas com um plano desesperado para salvar oseu povo. Agora está frente a  frente com o guerreiro a cujos encantos,diz-se, é impossível resistir, Reyna percebe-se que subestimou o inimigo. Eleestá decidido a tudo para subjugar a sua virtude. A bem do seu povo, ela nãopode ceder... e a sua audácia leva-a a fazer algo com que nunca sonhou: pôr emjogo o seu coração.


Opinião: Este livro foitão confuso, tão rebuscado, tão desinteressante que fui obrigada a ler mais de300 páginas, para me obrigar a compensar-me pelo investimento nele, e alargá-lo a cerca de 30 páginas do fim. Interesse? Nenhum. A história (nãoé de estranhar, não tem nada a ver com o que a sinopse promete) anda em tornode Ian de Guilford, uma espécie de mercenário detestável, inesperadamentehonrado e piedoso. Nada de estranho aqui.  simultaneamente Reyna não temvoto algum de castidade, tem sim um segredo tolo mas não se iludam, ela só sedá ao trabalho de o repetir uma vez. O segredo dela era quasetransparente. Depois o livro cai numa espiral de tentativas de fuga dela,e ele recupera-a. Depois ele vai combater e ordena-a que fique na torre. Elafoge. Ele tem de ir resgatá-la. É absolutamente ridícula toda a história.É maçadora, sem interesse algum. A Reyna é uma idiota e o Ian é um tolo porandar embeiçado por ela. Ainda para mais surgem a Christiana e o David, doCasamento de Conveniência, e são as únicas personagens toleráveis, porquedepois também surge Morvan, a dar ordens à mulher, Anna de Léon, e a Anna,sempre a desobedecer-lhe e a meter-se em situações estúpidas.

Deixem-me apenas esclarecer que, neste momento,tenho sete livros da Hunter. Comprei-os todos porque amei o primeiro que li, As Regrasda Sedução, que falava na queda financeira de uma família e neste senhor,um cavalheiro, perto dosoutros que vão surgindo nos livros dela, que é o Hayden. Esse teve corpo, daípor diante... Oh God, terei que desistir dos romances ditos românticos? Asubstância perdeu-se.

A Hunter vai de mal a pior...esperava mais da Asa.

Classificação: 1*