Pássaros Feridos I
Eu já esperava bastante deste livro, mastem sido uma surpresa avassaladora. A Colleen McCullough entrou para o meu mapade estrelas literárias e já tenho as ideias fixas em O Toque de Midas.Vejamos se consigo chegar-lhe.
Pássaros Feridos tem mais de 600 páginas eé contemplado com um título que lhe assenta como uma luva. Todas as personagenstem a graciosidade de um tentilhão e carrega um peso bem maior. Alguns segredosjá foram sendo revelados, e outros estão ainda por vir.
Não querendo fazer um resumo do livro,porque isto de partilhar opiniões não é um encarnar de “Os Apontamentos doSenhor Américo”, vou destacar algumas das maravilhas contidas no livro.
A Austrália, como personagem maior. Porfim entendo o que significa a expressão “os australianos estão demasiadoocupados em evitar que a natureza os mate para…”. Um calor abrasador (queascende a 48º no inverno - sim, é hemisfério sul) e uma época de secas em que ofrio é tão intenso que custa lavarem-se, despirem-se, deitarem-se numa cama delençóis perceptivelmente molhados. As cobras, as aranhas, os javalis, as emas,tantas outras exoticidades que transformam a paisagem australiana, descrita nolivro, num paraíso de actividade. As cheias, as secas, a difícil adaptação aoclima e às distâncias impossivelmente longas.
As personagens são outro tesouro do livro.A Maggie é fácil de ler, embora também tenha um carácter vincado, mas sãosobretudo o seu irmão Frank, a tia Mary Carson e o Ralph (o padre por quem éapaixonada) que me cativam a cada virar de página.
Um livro que espelha bemo peso das obrigações, da vergonha, das escolhas. Rebate as invejas, asvaidades, a fé e a descrença com uma mão tão hábil que é certo que esta seráuma daquelas obras que perdurarão comigo para sempre.