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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

9# A Rapariga que Roubava Livros



Título oficial: The Book Thief @ 2013

Realizador: Brian Percival
Banda Sonora:  John Williams
Actores principais: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson
Classificação IMDb: 7,7
Minha classificação: 9


Etvoilà! Talvez seja este o segredo para se gostar realmente de umfilme. Nada de expectativas. Já ouvi falar imenso do livro, está inserido noPNL e já o folheei algumas vezes na livraria, contudo o preço (PVP 22,21€)desmotivou-me. Além disso, por muito que a estética da Segunda Guerra Mundial(e a temática, e os pormenores sórdidos) me interessem, como boa amante de História,dou-me agora conta de que fujo de livros a esse respeito. Se pensar nisso, lium “Noivas de Guerra”, numa Itália que desistiu da aliança com os Alemães e sevê ocupada pelos Britânicos num clima de “light romance”, e “O Grande Amor daMinha Vida” (que tristeza de título, sobretudo se comparado à grandiosidade dahistória que encerra e ao título original, “The Bronze Horseman”, passado numaLeninegrado cercada pelos Alemães. Fugi da Anne Frank e doutros clássicos emtorno dos horrores desse conflito. E fugi também deste livro, mesmo porque acapa não me parecia apelativa.
Sendo a actriz principal deste filme (12 anos)lindíssima, não consigo tirar os olhos desta nova capa, e certamente que vouadquirir o livro. Estou ansiosa por lê-lo. Para começar, a Morte é o narrador da história. Imaginem as atrocidadesdeliciosas – tocantes, angustiantes – que esta morte complacente diz. Por muitoque a banda sonora do John Williams tenha ajudado, foi óbvio, desde a primeiracena do filme, que vinha aí um filme com uma narrativa fortíssima. Daquelas que recordam os livros que tanto nos impressionaram por terem sido os primeiros, ou por terem sido lidos quando éramos demasiado pequenos para os compreender. E, conforme a históriaavançava, e a humanidade se expandia, a beleza se adensava, por diversas vezessenti que estava perante algo de maior. Algo de grandioso e de inesquecível. Hámuito tempo que não me via perante uma história assim. A II Grande Guerra é sempre umtópico que, decerto, mexe com o imaginário e a sensibilidade de qualquercriador de arte. Escritores e cinematógrafos entre estes, e é por demaistentador criar algo novo – sem que seja realmente novo – a seu respeito. Maseste livro é novo. Esta Liesel (Sophie), adoptada devido às simpatias comunistas da suamãe, num contexto em que o cerco doentio dos nazis se fecha, é inesquecível. Este Hans (Geoffrey), cujo coração “é mais leve do que o de umacriança”, a sua relação com esta esposa, Rosa (Emily), que de viver uma existênciatão dura parece tão amarga e depois, mesmo perante situações dolorosas,desabrocha para uma bondade inesperada, são inesquecíveis. O Rudy, cujo “cabeloficará para sempre da cor dos limões”, é o melhor amigo que qualquer meninaarisca gostaria de ter, e o Max é aquela pessoa que surge na nossa vida paraque nos desafiemos, a cada dia. Para que nos obriguemos a ser mais e a nosposicionarmos, mesmo em tempos em que uma palavra ou um silêncio determinam a diferença entre o sobreviver ou o estar-se condenado.

A ternura que se desprende destas pessoas, que pouco mais têm do que umas às outras e às promessas que têm de cumprir, recorda-nos da força do amor como verdadeira pólvora numa guerra, actuando como matéria de união, coragem e sacrifício. O certo e o errado vistos por outro prisma, os pequenos gestos como algo de decisivo e perpétuo, capaz de mudar vidas, de findar existências. E não esquecer o papel, a doçura, dos livros como cura para os corações quebrados e as almas inquietas.
Em Fevereiro vou adquirir o livro para voltar aHeaven’s Street. Já começo a sentir saudades destas pessoas tãotridimensionais.