#64 SIMONS, Paullina - O Grande Amor da Minha Vida [O Cavaleiro de Bronze #1]
Sinopse: Tatiana vive com a família emLeninegrado. A Rússia foi flagelada pela revolução, mas a cidade maiscosmopolita do país guarda ainda memórias do glamour do passado. Bela evibrante, Tatiana não deixa que o dramatismo que a rodeia a impeça de sonhar comum futuro melhor. Mas este será o pior e o melhor dia da sua vida. O diafatídico em que Hitler invade a Rússia. O dia assombroso em que conhece aqueleque será o seu grande e único amor.
Quando Tatiana eAlexander se cruzam na rua, a atração é imediata. Ambos sabem que as suas vidasnunca mais serão as mesmas. Ingénua e inexperiente, Tatiana aprende com o jovemsoldado os prazeres da paixão e da sensualidade. Atormentado pela guerra e pelaincerteza quanto ao futuro, Alexander descobre a doçura dos afetos. E, enquantoas bombas caem sobre Leninegrado, eles vivem um amor que sabem ser eterno masimpossível. É um amor que pode destruir a família de Tatiana. Um amor que podesignificar a morte de todos os que os rodeiam. Ameaçados pela implacávelmáquina de guerra nazi e pelo desumano regime soviético, Tatiana e Alexandersão arremessados para o vórtice da História, naquele que será o ponto deviragem do século XX e que moldará o mundo moderno.
É o primeiro volume da trilogia Tatiana & Alexander.
Opinião: Não me é fácil, tendo já lido tanta coisa,encontrar um livro que abra caminho por entre os outros na minha atenção egosto pessoal. Descobrir um obra como OCavaleiro de Bronze (para mim é este o nome dele, bem como o único que fazsentido) - e, mais sorte ainda, saber que se trata de uma trilogia - é fonte deum prazer que se há de prolongar em mais dois volumes. A sinopse anuncia umgrande amor; mas este livro é bem mais do que isso. Para mim, que em tempos fuiromântica mas que ainda não me esqueci do que é amar, para mim, que sou umaapaixonada da História, este romance significa esses dois ingredientes levadosao expoente máximo. Estamos na II Guerra Mundial e eu conheço o contexto em quetudo se desencadeou sem ir ao google.com: Hitlersobe ao poder em 33, prepara a máquina de guerra mais poderosa da Europa, anexaa Áustria em '38, sob aprovação da restante Europa, reunindo dois imponentesaliados da I Guerra Mundial, e invade a Polónia. Tem um pacto de não agressãocom a Rússia, apenas porque desconfia que podem aniquilar-se mutuamente. Oque este livro acrescentou - e eu sabiaque a Rússia foi essencial para a derrota do Hitler na Europa - foi que osrussos andavam a dormir enquanto a máquina de guerra do Hitler se ia tornandomais mortífera. O livro arrasta-se do verão de 1941, quando a URSS é invadida,até 1943, quando estão perto de inverter a nação em desvantagem. O livro é tãopoderoso que me foi físico. Para além do frio veio a fome - estavaconstantemente com fome na primeira metade do livro. Pus-me em pé tardiamente edisse ao meu irmão "este livro é só fome". Depois custou-me um poucoexplicar-lhe que isso era bom num livro enquanto mordiscava uma côdea de pãosem mais nada, por solidariedade às personagens que, com racionamentos, nemisso tinham para comer. A dado momento, o livro também foi só frio. Menos 30º.Gelei, os cobertores eram poucos. Depois foram morteiros e espingardas e P-35 (será mesmo 35? é que essa pistola éalemã, espero não me ter enganado), foram estradas sobre lagos gelados ecamadas de gelo a estalar. Um mergulho no dito gelo. Foram a russa soviética -a Rússia dos bufos, da NKVD (polícia política russa?), do comunismo exacerbadoe prejudicial à saúde.
A Tatiana e o Alexander conhecem-se a 22 de junho, quandoa Rússia, através dum comunicado na rádio, informa que a Alemanha violou opacto de não agressão e, como tal, é doravante sua inimiga no conflito que vaiarrastando, aos poucos e poucos, mais nações. Conhecem-se quando ela estádespreocupadamente a comer um gelado num dia que ficará para a história da suapátria. Desde aí, desenrola-se uma série de desenganos e, por vezes (o que emmomentos lamentei mas que, a longo prazo, virando a última página, se revelousatisfatório) discussões a meias-palavras. Não aprecio muito rodeios mas amodos que, neste livro, se justificam todos. De início detestei a Tatiana,pareceu-me leviana. A comer gelados quando todo o dinheiro era levantado dosbancos e a comida esgotava nas prateleiras dos estabelecimentos! A dar voltasintermináveis no autocarro até aos limites da cidade e a regressar porque osoldado que conhecera na paragem lhe parecia atraente ou magnético. Enfim, eles estavam destinados e isso torna-se evidentesobretudo a partir da segunda metade do livro. Compreendo o amor deles a partirdaí - ambos querem ser possessivos por si e oferecer liberdade pelo outro, ambos o querem só para simas compreendem (ou discutem) a necessidade que o mundo parece ter do outro.Dificilmente se posicionam do mesmo lado numa discussão e achei issoestimulante. O Alexandre sim, é bem o homem dos meus sonhos. Dá murros naparede e saltam-lhe lágrimas dos olhos quando está a ferver, mas nessas alturasquase nos é possível (leitor) descortinar com clareza as suas intenções e a sualinha de pensamento sem que o livro o formule. E a Tatiana... identifico-mebastante com ela. Porque é teimosa como uma burra e não confia no juízo de maisninguém que não no dela própria. Só segue a sua cabeça, para o bem e para omal. É corajosa e sacrifica tudo pelo Alexander, porque ele vale a pena.
Quando terminei ontem o livro estava desconcertada. Com asensação de assistir ao desfecho de uma obra épica, com todos os contornos de umclássico, que quero muito veradaptada ao cinema!
Como ponto um bocadinho mais fraco, mas que nada rouba aolivro e até pode acrescentar para algumas leitoras, compreendo que a autoraqueira levantar véus sobre a intimidade das personagens para que, desse modo,compreendamos a dimensão admirável da sua comunhão. Mas houve ali uma série depáginas (bastantes) em que já estava a haver intimidade a mais na minha modesta opinião. Compreendo a importância daqueleverão em Lazarevo, mas gostaria de ter visto o livro a desenvolver-se maisrápido a partir daí.
Raramente estou na penúltima página de um livro de 688páginas e a desejar que ele não acabe.Pelo contrário, ando é mais rápido a ver se o termino, classifico, comento, epasso ao próximo. Mas neste bateu-me uma angústia... A última parte é tãobonita...! Todo o livro o é.
A autora não teve escrúpulos; obrigou-me a penar atépoder ler o próximo!