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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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#57 TOLKIEN, J. R. R. - O Senhor dos Anéis | #1 A Irmandade do Anel


Sinopse: Em apreciação crítica àobra de Tolkien cuja edição portuguesa apresentamos, o Sunday Times escreviaque o mundo da língua inglesa se encontra dividido em duas partes: a daquelesque já leram O Senhor dosAnéis e a daqueles que o vão ler. Não se enganava ocrítico ao indicar assim que estamos perante uma obra de leitura obrigatória,que, sem qualquer sombra de exagero, se insere entre as mais notáveis criaçõesliterárias do nosso século. Situando-se na linha da criação fantástica em que aliteratura inglesa é fértil (lembremos Lewis carrol com a sua Alice no Paísdas Maravilhas), Tolkienoferece-nos uma obra verdadeiramente monumental, onde todo o mundo é criado deraíz, uma nova cosmogonia arquitectada por inteiro, uma irrupção de maravilhosoque é admirável jogo de criação pura. O sopro genial que perpassa na elaboraçãodeste maravilhoso, traduzido sobretudo no realismo da narração, deixa no leitoro desejo irresistível de conhecer «esse» mundo que, como crianças, chegamos aacreditar que existe. A Irmandade do Anel é o primeiro volume da trilogia O Senhor dosAnéis, em que seintegram também As Duas Torres e O Regresso dorei.


Opinião: Isto é um fenómeno que acontece com os grandes escritores. Quandomenciono o que ando a ler, não digo que estou a ler O Senhor dos Anéis.Digo que estou a ler Tolkien e vejo-o suceder com quem acompanha esta saga emsimultâneo. E justifica-se: trata-se de um mundo à parte, criado totalmente deraiz pelo escritor britânico. À excepção da Lua e do Sol, nada parece estar nomesmo sítio. Há criaturas místicas, cenários inventados, lendas imaginadas,cantigas sobre heróis projectados pelo autor. Vão ouvir falar de um mundo de uma complexidade admirável que tem inspirado tantos autores desde então: elfos, orcs, anões, hobbits, feiticeiros, homens e espíritos. Tudo de modo tão credível que as sombras que os ameaçam e os movem pairam também sobre nós. Há uma viagem interminável nesteprimeiro livro, tão realista quanto as descrições do autor a tornam. Há ummapa deste mundo que foi, por inteiro, imaginado pelo Tolkien. Cinco minutos denarração deste épico à minha irmãzinha de seis anos foi suficiente para amanter entretida durante uma trilogia de quase quatro horas cada filme, antesde se deitar, a vivenciar realmente os receios, as fugas, as urgências daspersonagens. E talvez ainda tomada pela emoção do culminar de mais de novehoras de filme e de uma banda sonora brilhante, em tudo adequada a estaepopeia, proponho-me a terminar a review do livro.

Quase todo o livro é uma viagem, uma campanha perigosa e fatal para alguns em direcção a Mordor, onde o malfadado anel deve ser destruído. Da minha parte, cheguei a ¾ do livro convencida que lhe atribuiria um 4. À semelhança dos filmes, em que achei o segundo e o terceiro muito mais emocionantes... Acontece que a excelência da Irmandade do Anel é indiscutível, pelo que não me é justo penalizar o autor se os seus três livros são nota 5, visto pessoalmente goste mais duns do que de outros... Muitos alicerces são estabelecidos neste livro em relação à solidez do rumo da trilogia. As personagens são apresentadas: e arrisco dizer que nenhuma se modifica muito ao longo dos três livros. Sam, talvez - e como minha personagem favorita - passa de jardineiro tímido a melhor amigo empenhado, apostado em impedir Frodo de fraquejar. Os hobbits são um pouco caricatos, mas a seu tempo, e já neste volume, vão dando mostras de grande fibra e coragem. Aragorn desdenha um pouco do poder, parece-me, mas não consegue desassociar-se do bem-estar do mundo dos homens, aonde poderia figurar como rei se o reclamasse. Gosto bastante do facto de o Gandalf evoluir em termos de poder, não começa como um feiticeiro poderosíssimo nem é invencível. Nem costuma recorrer, tão pouco, a grandes truques para se livrar de problemas. É interessante o facto de ser um feiticeiro resmungão e não o típico velho sabichão que tudo safa. O Gandalf tem dúvidas, fraquezas – de feiticeiro e de humano – e tantas vezes questiona e duvida do seu próprio juízo. Pede conselho e tem pouco da arrogância e inacessibilidade de outras personagens semelhantes no universo literário e cinematográfico.

Lamento que o Tolkien não tenha feito maispelo Sam, creio que tem um papel muito mais importante do que o Frodo natrilogia. O Frodo segue o caminho que lhe apontam e que é obrigado a abraçar.Tirando no final deste primeiro livro, creio que não voltará a agir comsabedoria perante uma encruzilhada. Quanto ao Sam, este escolhe estar com o Frodo até ao fim; não tanto porque seidentifique com a missão que foi atribuída ao amigo (e que lhe destruiriaigualmente o Shire que tanto amam e partilham) mas porque toma aos ombros ofardo que é totalmente do patrão. Amizades destas, num livro - e sobretudo navida real – são raras. Por isso reconheço-a e valorizo-a tanto como eixo chavesem o qual nem este primeiro volume nem os restantes enveredariam pelos trilhosem que caminham.
Classificação: 5*****

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