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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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#37 KAWABATA, YASUNARI - Terra de Neve

Sinopse: Terra de Neve é a história de um amor de perdição passado no meio da edsolada beleza da costa oeste do Japão, uma das regiões mais nevosas do mundo. É aí, numas termas isoladas de montanha, que o sofisticado Shimamura conhece a geisha Komako, que se entrega a ele sem remorsos, sabendo de antemão que a sua paixão não pode perdurar.

Opinião: Dou-lhe esta classificação porque oscilo ainda entre o alienamento e a compreensão. Pode dar-se que seja uma daquelas obras tão belas, tão profundas e tão intimistas que não consegui mergulhar suficientemente nela para a compreender. Ou pode dar-se que a sensação que a narrativa passa - com muitos diálogos e frases curtas - de vazio, de quase supérfluo, me tenha impedido de ver as sub-camadas desta obra. 

A descrição dos cenários, desta "Terra de Neve", dos cedros e dos áceres, é muito detalhada, muito rica e muito ilustrativa daquilo que é esta região agreste do Japão. A cultura das gueixas e a moralidade duvidosa (para nós ocidentais) de alguns dos comportamentos das personagens é outro factor de enriquecimento na obra.
Depois temos aqui um triângulo muito complicado, e não estou certa de ter desvendado, na totalidade, o intrincado de afectos envolvidos. Por um lado temos Komako, por outro Shimamura e, por último, Yoko. Numa cena de profundidade tocante, Shimamura observa Yoko e desenvolve um quê de fascínio por aquela mulher. Ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade, conhece Komako e envolve-se com ela. Yoko passa a ser uma figura evasiva, que vai tentando desvendar através de Komako, que partilha com ela uma pequena comunidade numa aldeia nesta terra de neve. Komako dá-se por completo a Shimamura - corpo e alma, guardando apenas para si as palavras que tantas vezes parecem prestes a sair, e tantas vezes são evidentemente as que traduzem o que sente. Shimamura admira-a, a sensualidade do romance - sem nada de explícito, contudo, tem rasgos tocantes, favorecidos pelo exotismo que é para mim, ocidental, ouvir falar de cabelos negros como ébano e de peles brancas e de quimonos vermelho-sangue sobre essa alvura de pele.
É um romance sobre uma viagem a uma aldeia recôndita, sobre o céu nocturno pintalgado de diamantes, sobre o dia-a-dia de uma gueixa num meio fechado - o que é esperado dela? quais são as suas ocupações? como é vista pela comunidade? - sobre encontros fortuitos e sobre a loucura que, em larga medida, costuma vir associada aos amores impossíveis ou proibidos.

Classificação: 3,5***