#307 KEEGAN, Claire, Acolher
Opinião: Há algo de muito terno e genuíno nos livros desta autora. À semelhança de “Pequenas Coisas como Estas” a autora tece uma obra pequena, apenas com as personagens e os momentos necessários, sem se perder em divagações. Depois, traça a sua rotina, geralmente numa Irlanda pobre onde o povo labuta arduamente por alimento enquanto é fortemente influenciado pela igreja e está sujeito à intempérie.
Neste «Acolher», nunca chegamos a saber o nome da personagem principal (ou passou-me completamente ao lado), é uma criança, e isso é tudo o que importa saber. Uma criança que, durante as curtas 65 páginas do livro vai conhecer uma rotina diferente da sua, vai ver o mar, vai comer com abundância, vai andar limpa e bem vestida e, acima de tudo, vai experimentar afeto. É comovente essa estranheza da criança carente e negligenciada para com o afeto. A autora até nisso foi sublime, porque é difícil não chorarmos na cena final.
Podia escrever um ensaio de 300 páginas sobre estas 65 da autora, mas basta-me pedir-vos que lhe deem uma, duas horas, e que me digam se este equilíbrio entre rudeza e ternura não é perfeito.
Sinopse: Uma menina vai viver com pais adotivos numa quinta na zona rural da Irlanda sem saber quando regressará. Numa casa desconhecida, de gente estranha, encontra um calor e uma afeição que não sabia existirem e começa lentamente a florescer. Até que a revelação de um segredo a faz compreender a fragilidade da sua vida.