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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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#287 CRUZ, Afonso, O Vício dos Livros

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Sinopse: Na biblioteca do faraó Ramsés II estava escrito por cima da porta de entrada: «Casa para terapia da alma». É o mais antigo mote bibliotecário. De facto, os livros completam-nos e oferecem-nos múltiplas vidas. São seres pacientes e generosos. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor.

Somos histórias, e os livros são uma das nossas vozes possíveis (um leitor é, mal abre um livro, um autor: ler é uma maneira de nos escrevermos).

Nesta deliciosa colheita de relatos históricos e curiosidades literárias, de reflexões e memórias pessoais, Afonso Cruz dialoga com várias obras, outros tantos escritores e todos os leitores.

Este é, evidentemente, um livro para quem tem o vício dos livros.

Opinião: Este 3 é, na realidade, um 2,5, arredondado para 3 para a) não dizerem que sou má e b) fazer jus à escrita, que é bastante competente. Mas nunca passa disso: uma tecelagem de assuntos em torno de livros e da leitura, alguns mais interessantes do que outros (gostei da história do prisioneiro leitor), e da associação dos gatos aos leitores e aos escritores. Como li, ainda este ano, Manual de Sobrevivência de Um Escritor ou o Pouco que Sei Sobre Aquilo Que Faço, de que até gostei e que considero superior a este (em termos de associações, de tom, de referências a outros escritores e ao papel dos livros), este livro pareceu-me mais do mesmo. Não me trouxe nada de novo e até me fez torcer o nariz nalgumas partes. Tal como quando se lê que o mundo precisa de pessoas que prefiram cultura a pão (ou uma variante disto), e quando li que um escritor é um ser humano com uma ferida permanentemente aberta, e que isso é também o que define o ser-se humano... ter-se uma ferida aberta? Como assim? O humanos sem dores não são... humanos?

Enfim, eu percebo o esforço para se ser "poético", aliás, muito se fala aqui de poesia e de como é essencial à vida. Fala-se também da diferença, uma vez mais, entre ler qualquer coisa, ler desatento, ou ler "arte", e ler com atenção. Há imensas referências a autores já muito consagrados, como Henry Miller, Kundera, Rilke, e acredito que todos sejam igualmente apaixonados por leitura e escrita, mas continuo à espera que se olhe para isto dos livros de outro modo. Não como um clube de VIPs admirados uns pelos outros, mas com o assombro de quem descobre em cada novo escritor uma nova mente, com novas ideias.

Em suma, o tom delicodoce que vislumbrei ao ler Flores, uma tentativa superficial de enaltecer a arte de escrever e as suas mentes, uma predileção por palavras esquisitas e terminologia inventada que me deixa sempre de pé atrás, uma tentativa gorada desta leitora de encontrar algo de pertinente neste livro sobre livros. Diria que é um livro um tanto "preguiçoso", com muitas citações, do género "mini-tese" acerca de.

No entanto, lê-se muito bem. Há muito tempo que não lia um livro numa tarde!