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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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Em torno das minhas leituras!

#256 HARRIS, Thomas, O Silêncio dos Inocentes

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Sinopse: Várias mulheres aparecem mortas e a sua pele serve para o assassino fazer roupa. O FBI, através de Clarice Starling investiga este caso. As melhores informações só podem vir de um brilhante psiquiatra, Dr. Hannibal Lecter, enclausurado numa prisão de alta segurança por que, há alguns anos, assassinara as suas vítimas, retirava alguns orgãos, cozinhava-os e comia depois. A partir do encontro entre Clarice e Hannibal, é iniciada a desconstrução de um caso genial, de forma inigualável.

Opinião: "Não tenho a certeza de que nos tornamos mais sensatos à medida que envelhecemos, Starling, mas é verdade que aprendemos a fintar uma certa dose de inferno."


Publicado em 1988, O Silêncio dos Inocentes (ou dos cordeiros, lambs, como no original, o que se coaduna melhor com o enredo do livro, é bem conhecido pela sua adaptação cinematográfica de 1991, com Anthony Hopkins e Jodie Foster.

Eu nunca vi o filme, só sabia é que há um canibal chamado Hannibal na história. De facto, Hannibal Lecter, um canibal em prisão perpétua, mas também um psiquiatra brilhante, é a personagem mais cativante deste thriller. A jovem Clarice Starling, que está prestes a concluir os estudos na academia para se tornar uma agente especial do FBI, é chamada para tentar extrair informações a Hannibal Lecter que possam ajudá-los a identificar o serial killer que anda a raptar mulheres e a fazer roupa com a sua pele. Só que o Dr. Lecter vive em reclusão perpétua, numa sela com segurança máxima num hospital psiquiátrico, e não é fácil conseguir qualquer tipo de colaboração da sua parte. O ponto alto do livro são as conversas entre Clarice e o Dr. Lecter. Ambos estão bem construídos do ponto de vista psicológico. Por outro lado, não me senti muito cativada pela investigação em si. Quanto a isso, a narrativa pareceu competente, mas não muito estimulante. Tanto que há alguma dose de acaso a contribuir para a resolução do caso, o que também não me pareceu o ideal num livro que se quer enigmático, alimentado pelo intelecto das duas personagens principais. De certo modo, também achei o final um tanto ou quanto apressado. Não consegui experienciar grande suspense, tudo acabou depressa (e convenientemente).

Foi uma boa leitura, já estava a precisar de um thriller. Pode ser que me abra o apetite para mais.

Classifição: ***/**

Títulos Maravilhosos

Parte I

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Há livros com títulos que ficam para sempre, e que reconhecemos em qualquer lugar, e há gerações. Por exemplo E Tudo o Vento Levou, O Monte dos Vendavais ou Orgulho e Preconceito. Fora estes, há aqueles títulos sonantes, perfeitos, com significados que emocionam e ajudam o leitor a interiorizar a obra. Destaco alguns bem como os seus significados abaixo.

 

A Leste do Paraíso, John Steinbeck

Publicado em 1952, Steinbeck (Nobel) considerava este romance o seu Magnum opus. Podem consultar a minha opinião do livro aqui. O título é sonante, é lindíssimo tanto em português como no original (East of Eden), mesmo porque estes títulos com significados relacionados com a narrativa não podem ser manipulados pelas traduções. Na sua essência, este é um romance sobre irmãos e sobre pais e filhos. A família é o eixo central deste romance maravilhoso, e a relação entre irmãos é explorada em duas gerações distintas. Por esse motivo, e porque a trama central é focada num irmão “angelical” e noutro por vezes “diabólico”, a seguinte citação, a partir da qual o título foi escolhido, faz todo o sentido. A Leste do Paraíso é o lugar para onde vão os renegados.

"Então Caim deixou a presença do Senhor, e viveu na terra de Nod, a Leste do Paraíso." (Génesis 4:9)

 

O Som e a Fúria, William Faulkner

Além de ser um dos meus livros favoritos, é também um daqueles cujo título me intrigou desde o início. Não demorei muito para descobrir que estas palavras, no seu original, são extraídas de McBeth, do dramaturgo inglês W. Shakespeare. Diz o mestre que “a vida não passa de uma sombra que caminha (…) uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.” À luz da problemática família Compson, num sul ficcionado pelo autor à beira da Grande Depressão, a alienação dos tempos, a mudança de costumes, leva a que facilmente não se encontre significado, ou sentido, para a existência. O título acrescenta-lhe substância, aconchegou-me e fascinou-me, enquanto leitora. Deixo-vos a minha opinião aqui.

 

Não Matem a Cotovia (ou Mataram a Cotovia), Harper Lee

Mataram a Cotovia é um romance do Velho Sul publicado por Harper Lee em 1960, vencedor do Pulitzer Prize. A essência da trama foca-se no preconceito no seio de uma pequena localidade do Alabama, na segregação racial e social, e nos membros ostracizados pela sociedade. Enternece, na medida em que a narrativa nos chega através das experiências de Scout, uma menina aventureira e sagaz. A dada altura, ao adquirir uma fisga para os filhos – Scout e Jem -, o advogado Atticus Finch adverte-os para que não devem usá-la para ferir ou matar as cotovias. Explica-lhes que são aves que não prejudicam em nada as culturas e os jardins, e que se limitam a honrarem-nos com o seu canto. É, portanto, um crime matar uma (inocente) cotovia. Este título interliga-se ao longo da história com o tratamento que a sociedade aplica aos indesejáveis, ainda que indefesos. Podem ver a minha review aqui.

 

À Espera no Centeio, J. D. Salinger

Este romance de Salinger, publicado em 1951 nos Estados Unidos, conta alguns dias na vida do adolescente Holden Caulfield. Trata-se de um livro de culto, de uma obra que teve um grande impacto na juventude do pós-II Guerra Mundial, e plena de simbolismos que a identificam na cultura popular (como o boné de basebol vermelho em que a personagem se passeia por Nova Iorque a refletir nos seus dilemas). Mas e o título? Salinger explica-o do melhor modo. O nosso Holden está perdido no mundo. Não se acha muito bom, mas também não se acha tão mau quanto outros que vão cruzando o seu caminho com o seu. Ele diz que o que gostava de fazer era poder resgatar os inocentes que jogam tranquilos num campo de centeio. Gostava de se deixar ficar à espera no centeio, até que uma das crianças se aproximasse do abismo para ele a salvar. Sendo que, creio, esse abismo significa tudo o que há de mau, de perigoso, de castrador para a inocência desses jovens, no mundo. É ou não é lindo? Review aqui.

 

Húmus, Raul Brandão

Este é dos títulos de que gosto mais da literatura portuguesa. Li a sinopse pelo título, comprei o livro porque o título me levou à sinopse. Ainda não li porque acho que vou precisar de estar no momento ideal para absorver o que de melhor há nele. Mas sabemos que o húmus é a matéria que se compõe de vegetação morta e que cobre o chão. Há algo de sombrio, mas também de belo (e de orgânico) neste título. Além de que é um título curto, e eu adoro quando uma palavra capta, por si só, a essência de um livro.

 

As Intermitências da Morte, José Saramago

Este pequeno, mas complexo, livro de José Saramago (Nobel) publicado em 2005, começa com a seguinte afirmação: “No dia seguinte ninguém morreu.”. Pois é, a morte está de greve no território em que a história tem lugar (creio que o país em questão não é nomeado), e Saramago consegue o impensável: que a população deseje morrer. Nesta narrativa de pouco mais de 200 páginas, Saramago procura desmistificar o desejo de eternidade (ou pelo menos o de imortalidade), e aventura-se na compreensão da necessidade de finitude – não só para os doentes e moribundos, mas para a humanidade em geral. Apaixonante! Review aqui.

 

Capitães da Areia, Jorge Amado

Quem já leu ou ouviu falar dos capitães da areia, sabe que os mesmos são um bando de crianças desfavorecidas de Salvador da Bahia, que corriam livres pelas ruas e os areais da cidade nos anos 30. Espertos, inventivos, trapaceiros, tantas vezes enganam e manipulam para obter alimento e outros benefícios. Numa cidade profundamente pobre, com um fosso gigantesco entre ricos e pobres, estas crianças são obrigadas a sobreviver e a formarem uma irmandade que os proteja do risco de institucionalização (onde os horrores ultrapassavam os da fome e do teto de estrelas sob as suas cabeças). Fora tudo isso, são também protetores e enternecedores uns para com os outros, sobretudo quando surge uma menina no seio destes rapazes, e eles se veem perante o mundo desconhecido da feminilidade. A minha opinião aqui.

#255 TOLSTÓI, Lev, Guerra e Paz (Vol. IV)

“(…) Existe nesta conclusão algo de contraditório, uma vez que a série de vitórias dos franceses os levou ao aniquilamento completo e que a série de derrotas dos russos os levou à plena eliminação do inimigo e à libertação da pátria.”

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Apesar de classificar este quarto volume com 4 estrelas, o conjunto de “Guerra e Paz” é um inequívoco 5. Não quis fazer a review a quente, porque sabia que precisava de deixar que o significado maior desta obra me penetrasse nos ossos. É-me hoje claro que é daqueles livros que ficarão comigo para sempre, que me apresentou a algumas das personagens mais queridas que jamais encontrei em literatura. Atrevo-me até a dizer que voltarei a lê-lo um dia, apenas para voltar a experimentar as vivências dos russos do início do século XIX, perante a ameaça que constituía “o anticristo”, e para procurar significados que negligenciei nesta primeira leitura.


Tolstoi, numa tentativa de explicar a natureza de Guerra e Paz, dizia não se tratar o livro de um romance, nem de uma crónica histórica, e nem de um poema épico. A mim parece-me um ensaio histórico que, por vezes, toma a forma de romance convencional, outras toma a forma de crónica, e ainda outras soa a poema épico. Diria que a essência do livro – como a concebi – é o despertar da Rússia para as suas especificidades, para o que lhe é genuíno, e a compreensão de que devem desligar-se dos modos europeus e focar-se no seu progresso a nível interno o que, algumas décadas depois, levará à revolução. É também uma tentativa de demonstrar que a Rússia estava fadada a tornar-se na força que viria a deter outra força até aí invencível: o exército de Napoleão; ao tornar-se no único inimigo à altura do imperador dos franceses, a Rússia assume o papel de salvadora da Europa. Segundo o epílogo do autor, o objetivo desta narrativa de quase 1700 páginas (na edição da Editorial Presença) é refletir sobre questões que o intrigavam: o movimento dos povos (como evoluem os povos e a humanidade), como se concentra o poder nuns poucos, e como é que o povo entrega o poder a esses poucos e segue o seu direcionamento. Isto resumido a: como é que Napoleão, um homem só e controverso, conseguiu convencer 600 mil homens a marchar Rússia adentro? Que génio o assistia? Existe livre-arbítrio desses grandes homens, e dos povos? Existe realmente liberdade, ou tudo se desenrola baseado na necessidade?

A história é complexa em todos os seus momentos, mas Guerra e Paz disserta sobre um dos mais difíceis de compreender. A citação acima exposta demonstra esta dualidade de circunstâncias: ora por um lado Napoleão nunca perdeu uma batalha contra os russos, por outro, acabou vencido pelo inverno, pela falta de provisões e por uma ou outra decisão menos acertada (como a de não se acautelar para o inverno quando tinha as provisões ao dispor do seu exército durante a tomada de Moscovo). Por outro, a Rússia foi sempre vencida em combate - além da inferioridade numérica, Napoleão era-lhes superior em estratégia e ferocidade. Mesmo inflamados pela necessidade de defender a mãe Rússia, os russos estavam limitados pela inaptidão militar do seu imperador, pela prudência a tempos exagerada dos seus generais, bem como pela impetuosidade inconveniente de outros. Mas a Rússia triunfou, o invasor desertou após derrotá-la. Como é isto possível? Como é possível que o vencedor da guerra pereça e seja aniquilado por circunstâncias exteriores à guerra que travou? Estava determinado, diz-nos Tolstoi, que a Rússia tinha de ser invadida, tinha de perder em campo e tinha de vencer por vias imprevistas.

Neste último volume encerra-se a viagem de 15 anos das personagens a que nos afeiçoámos, e que agora conhecemos até nas camadas mais obscuras da sua alma: Pierre, Andrei, Nikolai, Natacha e Mária destacam-se como os protagonistas desta odisseia. Vemo-los crescer, sofrer, ultrapassar obstáculos e conhecer o seu destino. Um fatum que o autor insinua que sempre lhes esteve reservado, porque o livre-arbítrio é questionável.

Cada vez estou mais enamorada da Rússia, da história e da cultura da Rússia, com os seus excessos, excentricidades e a humildade digníssima do seu povo. Despeço-me de Guerra e Paz com o sentimento de ter estado sempre a contemplar algo de um esforço tremendo, de uma beleza inegável, em grande medida para além das minhas capacidades. Remexer na história com esta precisão, dissecá-la em todas as suas particularidades… Tolstoi era, sem dúvida, um ótimo analista. E, creio, um ótimo historiador e filósofo. Vale a pena enfrentar esta viagem para nos sentirmos um pouco mais próximos do seu espírito.

Coragem!
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Nota sobre a revisão: apesar de ter lido a 3ª edição deste quarto volume, o mesmo estava pejado de gralhas... Espero que, entretanto, tenham sido corrigidas.

#254 TOLSTÓI, Lev, Guerra e Paz (Vol. III)

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"O homem nada pode alcançar enquanto tiver medo da morte.


Dos três volumes de Guerra e Paz que li até ao momento, este é o que me tocou menos. Por um lado, são 440 páginas em torno da guerra. Estamos em 1812 e Napoleão marcha Rússia adentro com o maior exército jamais visto. Os russos não conseguem detê-lo em Smolensk, nem em Borodinó. Travam-se batalhas sangrentas (que por vezes soam até absurdas, porque os homens, na sua individualidade, entendem-se. São os governantes que, por via de tantos intermediários, acabam por ditar o derramamento de sangue).

Continuamos a acompanhar Rostov, Pierre, Andrei, Natacha e tantos outros pelos momentos decisivos da invasão. O abandono de Moscovo, o caos em que a cidade cai - os fogos, os presidiários e os loucos soltos pelas ruas -, foi, até ao momento, inconcebível para todos. Mas eis que Napoleão chega a Moscovo, e a Rússia cai.

Senti-me menos conectada com este volume porque houve muita estratégia militar, muitos figurões políticos - Napoleão como personagem per se, muita discussão em torno de posições, regimentos, acampamentos militares e etc., etc.

Houve situações caricatas e interessantes, como quando os russos deixam de ver a França como o expoente máximo da cultura na Europa, e decidem começar a obrigar-se a falar russo nos salões da alta sociedade. Só que, desabituados que estão, caem recorrentemente nas expressões francesas, cobrando multas uns aos outros por isso. Sem mencionar que chegam a contratar professores de russo para poderem exprimir-se na sua língua natal. Isto é ridículo, e acredito que fosse precisamente isso que Tolstói procurava mostrar.

Quem sabe, na óptica do autor, sem as invasões de Napoleão não haveria Rússia - pelo menos não haveria uma Rússia única e patriótica, orgulhosa das suas particularidades.

 

Classificação: 4****/*

Livros para ler ainda em 2020

Não costumo planear os livros a ler, mesmo porque pego sempre no próximo ao sabor da vontade. No entanto, faço assim uns planos muito por alto. Nos últimos tempos vendi uma série de livros que sei que não voltarei a ler, peguei no dinheiro e poupei. gastei tudo em mais livros.

As minhas últimas aquisições incluem:

- O Amor, Marguerite Duras;

- O Conde de Monte Cristo I e II, Alexandre Dumas;

- No Canto Mais Escuro, Elizabeth Haynes;

- A Pousada da Jamaica, Daphne du Maurier;

- O Leitor, Bernhard Schlink;

- O Doente Inglês, Michael Ondaatje;

- A Casa Quieta, Rodrigo Guedes de Carvalho;

- O Idiota, Fiódor Dostoievski;

- O Amante de Lady Chatterley, D. H. Lawrence;

A estes (creio que estou a esquecer-me de alguns), adquiridos em promoções, saldo do cartão e livrarias em segunda mão, juntam-se os muitos livros que já tinha por ler na estante.

Fica cada vez mais difícil saber o que ler, mas cá vão alguns que gostaria de ler ainda em 2020:

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1. Anna Karenina, Lev Tolstoi

Publicado em 1877, com 896 páginas intimidantes nesta edição da Relógio d'Água (podem adquiri-lo com 30% de desconto aqui com o código feiradolivro2020 até 31.07.20). É um livro que me foi oferecido num aniversário há muitos anos, e que julguei, durante muito tempo, que era a história de uma russa casada que tinha um caso, chocando assim a sociedade do séc. XIX. Depois de ler outros romances de Tolstói, entendo que Anna Karenina deve ser isso e muito mais. A minha expetativa é a de ver o autor esmiuçar a hipocrisia da sociedade, enquanto mostra que a natureza humana está quase subjugada às convenções sociais.

 

2. Guerra e Paz, volumes III e IV, Lev Tolstói

Esta edição em quatro volumes da Editorial Presença tem-me acompanhado desde meados de junho. Tem sido um livro maravilhoso, com inúmeros momentos a registar, cenas icónias e uma exposição única da época de Napoleão, das suas ambições e do modo como nascem os nacionalismos no coração dos povos - neste caso no russo, com todas as suas especificidades.

 

3. O Delfim, José Cardoso Pires

Sinto que me falta ler muitos dos "essenciais" da literatura lusófona. Gosto de entender as correntes literárias, os autores à luz da sua época. A RTP ajuda com alguns desses títulos, na seu "A RTP Ensina", ou "Grandes Livros". Podem ver a peça sobre a obra prima de José Cardoso Pires aqui. Interessa-me este retrato de uma vila fictícia no fim dos anos 60, altura em que a cultura portuguesa já estava desgastada, sufocada pela censura, pelos ideais salazaristas, pela guerra colonial. Confio que seja um ótimo retrato do nosso país de há apenas 50 anos.

 

4. No Canto Mais Escuro, Elizabeth Haynes

Outro romance em torno de relações tóxicas, de abuso de poder, a nível físico e psicológico, da parte de um homem para com uma mulher outrora confiante. É um tema atual que, infelizmente, não se esgota. Quantas vezes na literatura me cruzei com este tema da mulher oprimida? Em A Cor Púrpura, em Os Irmãos Karamazóv, em Tudo o que ele sempre quis, em Uma Abelha à Chuva, em Isto Acaba Aqui, em A Vida Secreta das Abelhas, e em tantos outros livros a mulher/a jovem é manipulada, abusada, vergada à vontade de um homem, seja este pai, marido ou namorado. No meu Demência o tema não é muito diferente, e seria de esperar que já me tivesse fartado do tema da violência doméstica, mas nunca. Nunca poderei fartar-me dessa luta. Paguei 7,56€ por ele nas promoções de 60% da Presença. Confio que valerá a pena!

 

5. Paraíso e Inferno, Jón Kalman Stefánsson

Ando com muita vontade de ler mais autores escandinavos, creio que Knut Hamssun terá criado essa brecha no meu interese. "Paraíso e Inferno" é o primeiro volume de uma trilogia deste autor islandês. Se gostar, adquiro os restantes. É pequeno e parece-me acessível, e tenho esperança que possa apresentar-me a Islândia que, até hoje, ainda só visitei num outro livro - Últimos Ritos, de Hannah Kent.