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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

#140 PEIXOTO, José Luís, Em Teu Ventre


Sinopse: «Mãe, atravessas a vida e a morte como a verdadeatravessa o tempo, como os nomes atravessam aquilo que nomeiam.» Numaperspetiva inteiramente nova, Em Teu Ventre apresenta o retrato de um dosepisódios mais marcantes do século XX português: as aparições de Nossa Senhoraa três crianças, entre maio e outubro de 1917. Através de uma narrativa quecruza a rigorosa dimensão histórica com a riqueza de personagenssurpreendentes, esta é também uma reflexão acerca de Portugal e de alguns dosseus traços mais subtis e profundos. A partir das mães presentes nestahistória, a questão da maternidade é apresentada em múltiplas dimensões,nomeadamente na constatação da importância única que estas ocupam na vida dosfilhos. O sereno prodígio destas páginas, atravessado por inúmeros instantes deassombro e de milagre, confere a Em Teu Ventre um lugar que permanecerá namemória dos leitores por muito tempo. 

Opinião: Na realidade 2,5. Estoupor dentro do assunto "Fátima", que leva anualmente 6 milhões deturistas à cidadezinha homónima. O autor foi muito <i>lowprofile</i>, acho evidente que se afastou de uma tomada de posição. Deixaa porta aberta para que quem acredita considere que é tudo verdade, e para quequem apenas considere tudo um negócio fique com a sua ideia. O que, na minhaopinião, dá algum interesse ao livro é o retrato do Portugal rural (a imagemdos piolhos a serem catados e da extrema pobreza em que se vivia). Também oassunto "maternidade" tem laivos de beleza nesta obra, a mãe que amamas precisa de punir,  mãe que condena mas que ainda assim protege a cria.De resto há inúmeras coisas por mencionar - onde está o aviso, de Maio de 1916,do suposto Anjo de Portugal? Onde está o Anjo a ensiná-los a rezar? E a Virgema falar dos Mistérios? A Virgem a exigir (e não a "concordar") aconstrução de uma capela em sua honra? Onde estão os media que fotografaram as70 mil pessoas que ali se reuniram a 13 de Outubro de 1917? O aviso de que, embreve, Jacinta e Francisco se reuniriam com a Nossa Senhora no Céu? A teoria deque apenas um dos dois irmãos viu a Virgem, enquanto outro apenas a ouviu,sendo que Lúcia viu e ouviu a Virgem? Na minha óptica, o livro apenas vemaprofundar o mistério, porque as fontes são tantas, e tão díspares... Falta quese escreva ainda um grande livro sobre o assunto.

Classificação:2,5**/***

Livros que gostava de ter tempo para ler...

Volvidas mais de duas décadas sobre a desagregação da URSS,que permitiu aos russos descobrir o mundo e ao mundo descobrir os russos, eapós um breve período de enamoramento, o final feliz tão aguardado pelahistória mundial tem vindo a ser sucessivamente adiado. O mundo parece voltarao tempo da Guerra Fria. Enquanto no Ocidente ainda se recorda a era Gorbatchovcom alguma simpatia, na Rússia há quem procure esquecer esse período e odesigne por a Catástrofe Russa. E, desde então, emergiu uma nova geração derussos, que anseia pela grandiosidade de outrora, ao mesmo tempo que exaltaEstaline como um grande homem. Com uma acuidade e uma atenção únicas, SvetlanaAleksievitch reinventa neste magnífico requiem uma formapolifónica singular, dando voz a centenas de testemunhas, os humilhados eofendidos, os desiludidos, o homem e a mulher pós-soviéticos, para assim manterviva a memória da tragédia da URSS e narrar a pequena história que está portrás de uma grande utopia.
Um homem sofre desmesuradamente com as notícias que lê nosjornais, com todas as tragédias humanas a que assiste. Um dia depara-se com ofacto de não se lembrar do seu primeiro beijo, dos jogos de bola nas ruas daaldeia ou de ver uma mulher nua. Outro homem, seu vizinho, passa bem com asdesgraças do mundo, mas perde a cabeça quando vê um chapéu pousado no lugarerrado. Contudo, talvez por se lembrar bem da magia do primeiro beijo - econstatar o quanto a sua vida se afastou dela - decide ajudar o vizinho arecuperar todas as memórias perdidas. Uma história inquietante sobre a memóriae o que resta de nós quando a perdemos. Um romance comovente sobre o amore o que este precisa de ser para merecer esse nome. «Viver não tem nada aver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto,é aquilo que não fazemos todos os dias.»
«Mãe, atravessas a vida e a morte como a verdade atravessa o tempo, como os nomes atravessam aquilo que nomeiam.» Numa perspetiva inteiramente nova, Em Teu Ventre apresenta o retrato de um dos episódios mais marcantes do século XX português: as aparições de Nossa Senhora a três crianças, entre maio e outubro de 1917. Através de uma narrativa que cruza a rigorosa dimensão histórica com a riqueza de personagens surpreendentes, esta é também uma reflexão acerca de Portugal e de alguns dos seus traços mais subtis e profundos. A partir das mães presentes nesta história, a questão da maternidade é apresentada em múltiplas dimensões, nomeadamente na constatação da importância única que estas ocupam na vida dos filhos. O sereno prodígio destas páginas, atravessado por inúmeros instantes de assombro e de milagre, confere a Em Teu Ventre um lugar que permanecerá na memória dos leitores por muito tempo.
No século XVII, durante a Guerra da Restauração da independência de Portugal, soror Mariana Alcoforado apaixounou-se por um oficial francês. As cartas de amor que lhe escreveu transformaram-se num símbolo da literatura romântica universal. Trezentos anos depois, Alice, uma jornalista, revisita esta história e aprende com Mariana a vencer a tristeza de um amor perdido. "Mariana, Meu Amor" é um romance dentro de um romance, uma narrativa a duas vozes de duas mulheres corajosas que, através de vivências quase opostas, conseguiram desafiar o seu destino e alcançar a paz, sem negar os seus sentimentos mais profundos.

#139 MCNAUGHT, Judith, Perto do Paraíso

Sinopse: Lady Elizabeth Cameron, condessa de Havenhurst, tem apenas 17 anos quando conhece Ian Thornton, um enigmático homem de linhagem misteriosa e reputação sombria. Numa época em que a alta sociedade adora escândalos e valoriza títulos e dinheiro acima de tudo, Elizabeth e Ian cometem o erro de se apaixonarem.

Ian não sabe que a jovem pertence à nobreza e pede-a singelamente em casamento. Um momento de intimidade que é testemunhado por Robert, irmão de Elizabeth. Desdenhoso, Robert revela que a irmã já está prometida a outro homem, um aristocrata, como manda a tradição. Ian fica destroçado perante a ideia de ter sido um mero objeto para a sua amada. Também Elizabeth se sente traída, ao pensar que ele não passa, afinal, de um caçador de fortunas. Mas a sua reputação já está irremediavelmente manchada.Dois anos passam e os amantes voltam a encontrar-se. E mesmo após tanto tempo e tanta mágoa, os seus sentimentos revelam ser tão fortes como antes. Esta que promete ser uma segunda oportunidade para ambos será também o começo de uma dança de paixão e intriga, um caminho tortuoso desde os salões elegantes de Londres à beleza agreste das Terras Altas da Escócia… Um turbulento romance entre duas pessoas destinadas a ficar juntas, numa época em que o casamento nada tem a ver com amor.
Não é o meu favorito dela, definitivamente.
Classificação: 3,5 ***/**


Opinião: Fiquei muito decepcionada com este livro da Judith. Mas já previa… 600 páginas de um romance deste género, só podiam estar pejadas de repetições e de intriga fácil. Aquilo que a autora tem de melhor, face a todas as outras autoras do género, é o bom senso de que reveste as suas personagens. O modo como estas são sempre fiéis àquilo que sentem, mesmo quando há rumores a tentarem destruir a sua paz. É impossível não cair de joelhos pelo Ian, mas a Elizabeth é uma mosca morta. Primeiro, não gosto muito de histórias em que a protagonista é a mártir perfeita: uma carinha de anjo, complacência até mais não. É aborrecido reler centenas de vezes como é linda (mas inconsciente disso), como o luxuoso vestido lhe cai tão bem (e como ela o tentou recusar, por o achar “demais”), e como salvou o dia com a sua inteligência incomum. Claro que me ri várias vezes, sobretudo com as personagens secundárias. A criadagem da Elizabeth parece um decalque do Penrose da Alex, no livro anterior (Algo Maravilhoso), mas deu para rir quando punham purgante nas sanduíches e no chá dos convidados que desprezavam. A duquesa viúva, avó do Jason, volta a aparecer e também contribui para o divertimento do leitor. Fora isso temos Jake e Duncan, amigo e tio de Ian, respectivamente, e Lucinda, a acompanhante de Elizabeth, que também tem uma personalidade vincada. Os “vilões” são as amigas invejosaso tio avarento e ganancioso e o irmão despeitado. Se o ponto final tivesse acontecido na página 450, apesar de ser já um livro longo e que encerrava duas linhas de acção paralelas (quando se conheceram e quando se reencontram, quase dois anos depois), teria o tamanho certo. Mas a autora achou que ainda não tinham havido mal-entendidos suficientes e rouba o discernimento à mocinha. Põe-na a desconfiar do protagonista de uma maneira absurda e a cometer um acto irreflectido que eu jamais perdoaria a uma pessoa que julgasse que me amasse e que confiasse em mim. Mas enfim, disparates à parte, também os finais não variam: jardins, herdeiros e muitos risos.

#138 GOMES, Ivan Vera

Sai a 17 de Novembro 2015

Sinopse: Um livro que não olha a meios para mostrar o que somos, que nos culpa por isso, ao mesmo tempo que nos alimenta a esperança de podermos ser melhor do que aquilo que mostramos. É, nesse sentido, um livro redentor. Para quem o escreve, ao ver-se capaz de tamanha sensibilidade no meio dos monstros, e para quem o lê, quando, ao fim de um dia vulgar e baço, lhe dedicar a atenção e se concentrar nos melhores valores que um homem pode ter.

Opinião: Os livros do Ivan vão valer sempre pela viagem. Não é quando chegamos que importa, mas sim onde e como o autor nos leva até às catacumbas da sua consciência. A sua escrita será sempre visceral - como não, quando se vive e se sente? Nem todos os autores vivem de peito aberto e em ferida, por isso não esperem floreados nem eufemismos deste. O autor escreve como fala, as suas palavras saem impregnadas do seu ambiente, da sua infância, do seu círculo socio-económico, das suas vivências, amores e ódios. Não busquem eloquência a cada parágrafo, mas no todo ela está lá: os desabafos de um louco que desfruta ainda de alguns instantes de lucidez. Um homem em busca de si próprio nos meandros da noite, que ora se encontra ora de perde neste desfile de conhecidos, amigos do peito, amantes e amores impossíveis. 

Classificação: 5*****