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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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Em torno das minhas leituras!

#84 QUINN, Julia, Romancing Mr. Bridgerton


Classificação: 3,5***/*

Synopsis: Penelope Featherington has secretlyadored her best friend's brother for . . . well, it feels like forever. Afterhalf a lifetime of watching Colin Bridgerton from afar, she thinks she knowseverything about him, until she stumbles across his deepest secret . . . andfears she doesn't know him at all. 
ColinBridgerton is tired of being thought nothing but an empty-headed charmer, tiredof everyone's preoccupation with the notorious gossip columnist LadyWhistledown, who can't seem to publish an edition without mentioning him in thefirst paragraph. 
Butwhen Colin returns to London from a trip aboard, he discovers nothing in hislife is quite the same, especially Penelope Featherington, the girl hauntinghis dreams! 

Andwhen he discovers that Penelope has secrets of her own, this elusive bachelormust decide . . . is she his biggest threat, or his promise of a happy ending?

Opinião: O que gostei mais a respeito deste livro foi o facto de ter prestado tantaatenção ao Colin e à Penelope nos anteriores. O destino estava sempre acolocá-la a suspirar por ele e a refazer-se das ofensas que ele - não pormaldade mas por descuido - lhe incutia. A Penelope é a ovelha negra dasociedade Londrina. Neste livro está com 28 anos, é uma solteirona que deixoude se importar se sai ou não acompanhada de casa. O Colin acabou de regressarde uma viagem ao Chipre.  Como já tem trinta e três anos a mãe parece maisinclinada em dar-lhe uma trégua.

É neste contexto que ele a Penelope começam a aproximar-se. Ele sente-se emdívida para com ela devido às grosserias que cometeu ao longo dos doze anos emque ela o admirou secretamente. O “amor” não foi apressado, nem a afeição doColin foi justificada por uma mudança drástica da parte da Penelope (do géneroemagrecer ou passar a vestir-se melhor). É ele que admite que muda e que lhe vêqualidades que só agora é capaz de valorizar. A Penelope havia desistido porcompleto. É interessante vê-la revelar-se aos poucos, agora que é assumidamentesolteirona e não tem nada a perder, e também agora que já não tem ilusõesromânticas quanto ao Colin. Finalmente é livre de abrir a boca e dizer o quelhe vai na cabeça. Acabamos por descobrir que parte do seu espírito menossubmisso já lá estava.
Este é o livro da série em que depositei mais esperanças. Talvez porque oColin tivesse tanto que se desculpar para com a Penelope... e como ia um homemtão popular e divertido encontrar algum estímulo numa mosca morta como aPenelope???
Neste livro também descobrimos, finalmente, quem é Lady Whistledown. Nãofaço ideia se continuará a fazer comentários argutos nos próximos livros,porque desmascarada ser-lhe-á mais difícil criticar os vestidos das senhoras.
Não sei... penso que as histórias do Simon e da Daphne, do Benedict e daSophie, foram bem mais bonitas. Talvez a Julia tenha posto mais alma nelas.Talvez as minhas expectativas estivessem demasiado altas.

English version: What I liked the most about this book was the fact that I paid a lot ofattention to Colin and Penelope in the other volumes. Fate was always makingher long for him as well as she'd get back on her feet from his last offense -not that he meant it, but he was way too clumsy to avoid it. Penelope is theblack sheep of London's society. In this book she's 28, an old maid who juststop worrying about leaving home without a chaperone for a walk. Colin just gothome from a trip to Cyprus. Since he's already 33, his mother finally gives hima break from the "bride's hunt".
This is thecontext in which the two of them start spending more time together. He feels heowes her an apology due to the ruthless way he've been threating her at times,during the last twelve years in which she loved him secretly. Love was notrushed and Colin's affection was not justified by a drastic change inPenelope's way (like losing weight or dressing up better). It's him who admitshe has changed and who admits he's now able to see her qualities as he wasn'tbefore. Penelope gave up completely. It is interesting to see her revealherself; she's unassumingly a maid and she has nothing to lose, she has evenput aside her romantic illusions towards Colin. She's now free to open hermouth to whatever she intends to say. We end up finding out that there isn'tmuch bondage on her true spirit.
This is the bookfrom these series that I've put more expectations on. Maybe because Colin hadto make it up to Penelope for all the times his comments hurt her. And howwould such a popular and funny man ever find amusement in a wallflower likePenelope???
In this bookyou'll also find who is Lady Whistledown - finally! I have no idea if, from nowon, she'll continue criticizing the ladies gowns on balls.
I don't know Ijust... I think Simon and Daphne, Benedict and Sophie... their stories whereprettier. Maybe Quinn put more soul into them. Or maybe my expectations wereway too high.

#83 QUINN, Julia, Amor & Enganos

Classificação: 4,5****/*

Sinopse: Sophie Beckett tinha um plano ousado: fugir de casa para ir ao famoso baile de máscaras de Lady Bridgerton. Apesar de ser filha de um conde, ela viu todos os privilégios a que estava habituada serem-lhe negados pela madrasta, que a relegou para o papel de criada. Mas na noite da festa, a sorte está do seu lado. Sophie não só consegue infiltrar-se no baile como conhece o seu Príncipe Encantado. Depois de tanto infortúnio, ao rodopiar nos braços fortes do encantador Benedict Bridgerton, ela sente-se de novo como uma rainha. Infelizmente, todos os encantamentos têm um fim, e o seu tem hora marcada: a meia-noite. Desde essa noite mágica, também Benedict se rendeu à paixão. O jovem ficou até imune aos encantos das outras mulheres, exceção feita... talvez... aos de uma certa criada, que ele galantemente salva de uma situação desagradável. Benedict tinha jurado tudo fazer para encontrar e casar com a misteriosa donzela do baile, mas esta criada arrebatadora fá-lo vacilar. Ele está perante a decisão mais importante da sua vida. Tem de escolher entre a realidade e o sonho, entre o que os seus olhos veem  e o que o seu coração sente. Ou talvez não...

Opinião: O que guardosempre dos livros da Julia Quinn são as gargalhadas. As situações caricatas e oaperto no peito quando as personagens finalmente metem o humor de lado para seabrirem perante as outras.
Gostei muito deste livro.Lembra-me a versão da Renee Olstead do “When I fall in love”. É um livroromântico – o mais romântico que li em anos – sonhador, doce e angustiante emdiversas partes. Adorei a Sophie, apaixonei-me pelo Benedict à terceira página,adorei a condução da história deles.
O Benedict é o segundo dosirmãos Bridgerton, com uma mãe que dedica todos os seus recursos à “caça aocônjuge” para os filhos. Neste livro também ela revelou outra faceta sua ao dara entender que foi uma mulher muito feliz com o marido e que, por isso, desejafelicidade sentimental aos filhos acima de tudo. Quanto a Sophie, é uma filhabastarda de conde, maltratada pela Madrasta.
A Cinderela… Bom, nem seibem que diga da Cinderela. Em pequena alugava o filme todos os fins-de-semana.Pais e irmãos mais do que saturados daquela criatura submissa. Este livrocomeçou como se estivesse perante a história da Cinderella, com uma Sophie maltradae dócil. Entretanto revelou-se de carácter forte e batalhador, sem os arrufosidióticos de personagens como a Pegeen (Patricia Cabot). Benedict é um artista,um romântico. Todo ele padrões morais e respeitabilidade. Adorei deslindar o modocomo ele se debatia entre a misteriosa mulher que conhecera num baile – e quese eclipsara – e a criada que vivia sob o tecto das suas irmãs.
Suspirei, ri àsgargalhadas, apaixonei-me pelo Benedict, quis torcer o pescoço à madrasta(Araminta) e bater as palmas a uma das meias-irmãs (Posy). Aconselho aosromânticos! Não atribuo 5 porque faltou ali um pozinho mágico qualquer... Talvez consiga finalmente dar essa classificação à Quinn com o Colin e a Penelope.

#82 SPARKS, Nicholas - Um Refúgio para a Vida


Classificação: 4****

Hámuito que o Nicholas Sparks não me tentava. Comprei o “UmHomem com Sorte” porque vi o filme num momento em que me apetecia algumromance. Já sei sempre o que esperar dele e, tantas vezes, fica aquém do seupróprio melhor. Com melhor menciono sempre o livro “Laços que Perduram”, quenão se vê em lado algum mas que consegui por milagre.
À semelhança do “Laçosque Perduram”, eu entendi que esta história abordava o tema da violênciadoméstica. O trailer do filme (a química evidente entre as duas personagensprincipais) fez-me vê-lo. E revê-lo. Segurei-me para não derramar algumaslágrimas no cinema. Adoro o filme, os actores, a banda sonora, a história.Desci do cinema directa para a banca de livros. “Um Refúgio para a Vida” – check.
Li o livro em quatrodias. Conta a história de Katie, recém-chegada a uma pequena cidade da (sempre)Carolina do Norte. Alex é viúvo (habitual) e tem dois filhos. Katie apega-se àscrianças e apaixona-se por Alex. Uma personagem muito interessante é o rosto dopassado que persegue a reservada Katie – Kevin. Gostei muito desta personagem,que se vai tornando melhor (e mais perturbada) quanto mais o livro avança. É umóptimo suporte, bem sólido, do enredo central.
Mas qual não é o meuespanto ao verificar que o livro é muito diferente do filme. Isto apesar de a Nicholas Sparks Productions estar pordetrás da produção da película cinematográfica. No livro Katie é loira decabelo comprido e, num faça você mesmo,corta o cabelo e pinta-o de castanho. Faz sentido, se o objectivo é serdiscreta. Além disso não deve ser assim tão fácil pintar o cabelo de loiro emcasa. Alex é grisalho, no livro. Hum.No filme ele não parece tão pachorrento, tão “ok, ofendeste-me, vou-me embora”.Silêncio. Os rapazinhos bonzinhos do Nicholas são assim mesmo. Nunca levantam avoz, nunca se exaltam, nunca dizem à mocinha (quando é caso disso, e felizmentecom a Katie não foi) que são umas mimadas de Diet Coke em punho.
Também a acçãoprincipal do filme está melhor. Arrasta-se o mistério durante mais tempo. Katieé mais relutante em confiar. O romance é mais natural, mais credível do que noritmo lento e “doce” do livro, que não se precipita nem tem ímpetos de paixão.O “mistério” é levado a bom porto duma forma muito mais interessante. Muitaspremissas do filme estão ausentes no livro, bem mais simplista. Achei o livro muito visual e cinematográfico, como se já fosse previsto que acabasse no cinema. Coisas como "pestanejou e viu-se na infância", "pestanejou e voltou ao presente", "pestanejou e viu-se de cabelo loiro e comprido", etc.
Em geral gostei dolivro. Vou mantê-lo aqui. Mas é um daqueles casos raros em que o filme émelhor. Aconselho-vos a ver o filme primeiro, porque podem gostar mesmo muito dele. Se lerem o livroprimeiro vão perder a abordagem aprimorada que este faz à história. Mesmo arevelação das últimas três páginas de livro causa muito mais impacto no filme - e não o digo por já conhecer o desfecho.Uma pessoa sai do cinema sem saber se ria se chore.
A nota que lhe atribuo é devido à leveza e facilidade com que viajei através dele, fortemente sustentada pelo Kevin, a revelação final e o facto de permanecer em mim após terminado.

O filme deu-me vontade de ler o livro. O contrário talvez não tivesse acontecido...

Escrever sob uma fórmula: funciona sempre?


Escrever sob uma fórmula: funciona para sempre?

Aparentemente, sim.Isto porque hoje me pus a fazer reviews dos livros que li há praí dez anos daDanielle Steel. Alguém, num comentário pouco lisonjeiro, mencionou que a “fórmualda autora” não lhe agrada. Eu havia escrito a mesma coisa nos dois livros emque elaborei review – que há um padrão que me aborrece na autora. Tambémreflecti sobre essas ditas “fórmulas”, e desencantei alguns autores que seguemalgo que pode ser assim apelidado. Ocorreram-me de imediato, a par da DanielleSteel, o Nicholas Sparks, o Dan Brown, a Sveva Casati Modignani, a MadelineHunter e quase todos estes escritores que escrevem romances de época mais malandros.Talvez também porque fechá-los no tempo os limite um pouco, mais é mais do queisso… É uma espécie de auto-plágio repetitivo e cíclico. Ora vejamos:

DanielleSteel (baseando-me em exemplos de livros como Um AmorImenso, A Dádiva, A Imagem no Espelho, o Rancho, etc…): A personagem principalfeminina perde sempre alguém muito importante (mãe, pai, pais, filho), a perdadilacera-a e consegue a piedade de todos para ela. É maltratada durante grandeparte da sua vida, metendo-se em disparates porque a vida lhe foi madrasta, equando conhece “o tal” está muito traumatizada. Toda a gente lhe dizconstantemente que é linda e maravilhosa (ao ponto do enjoo) e que a admirammuito. O tipo tem de se esforçar por lhe provar que não é um playboy, não é como o violador, não éindigno da sua confiança… blablá. Sempre a mesma história com personagens defortes valores morais que atiram constantemente pela janela. É uma frustraçãode pessoas a cometerem disparates gritantes porque acham que é o certo.

NicholasSparks (o Diário daNossa Paixão, A Alquimia do Amor, O Sorriso das Estrelas, Uma Promessa Para aVida, À Primeira Vista, Uma Escolha por Amor, Corações em Silêncio, Laços quePerduram, As Palavras que Nunca te Direi, Quem Ama Acredita, etc.): é umcaso mais bicudo. Em praticamente todos estes livros – e nos outros que li ecujo nome me esqueci de mencionar – há sempre ou um viúvo (À Primeira Vista, AAlquimia do Amor, Um Refúgio para a Vida, As Palavras que Nunca te Direi), ouuma mulher doente de cancro/vítima dum acidente/Alzheimer (Um MomentoInesquecível, Uma Escolha por Amor, O Diário da Nossa Paixão), ou uma mulhervítima de violência doméstica (Laços que Perduram e Um Refúgio para a Vida), ouum homem no Iraque (Juntos ao Luar, Um Homem com Sorte).

Um deles tende amorrer no final (O Diário da Nossa Paixão, O Sorriso das Estrelas, Um MomentoInesquecível). Depois há outros pontos comuns – as histórias passam-se sempre na Carolina do Norte, há sempre um alpendre, há sempre uma mulherque bebe Diet Coke e um homem que temcovinhas no rosto. O homem é sempre um goodguy que nunca tem sexo ocasional e que quebra um longo jejum por devoção àmocinha. Convida-a sempre para sair com a maior cerimónia, debate-se geralmentese deve ou não beijá-la no final dessa saída. Não há grande paixão (ouespontaneidade) entre as personagens. Mesmo as primeiras piruetas na camacostumam ter uma aura de “ao quinto encontro já podemos”. Ele leva-a sempre ajantar a um sítio fixe que conhece. Não é invulgar darem um passeio de barco ouficarem até tarde no alpendre a conversar e a beber vinho. O tipo grelha semprequalquer coisa enquanto bebe cerveja (este ambiente de descontracção forçadadeita-me por terra). Tenho notado que dá cada vez mais importância à comida –repete muito que comeram isto e aquilo e como o confeccionaram. Os finais sãoum de dois: ou para destroçar o leitor


(conseguiu com o Um Momento Inesquecívele o As Palavras que Nunca te Direi), ou para o enternecer (Uma Promessa para aVida). Entretanto comecei a borrifar-me para as personagens dele. São tão semsal, o romance sempre tão forçado e tão igual…! A culpa é do filme, Um Refúgiopara a Vida, que me obrigou a lê-lo de novo. Lamento informar que é um daquelescasos raros em que o filme é melhor do que o livro. Ou isso ou seria uma secatremenda!

A ideia com que fiqueié a de que o autor tem um casamento longo e sólido, é um homem conservador decovinhas no rosto e a mulher provavelmente bebe Diet Coke. É um good guyaté no sorriso. Por isto acredito que não faça ideia do que são grandes ímpetosde amor. Atira obstáculos para o caminho dos dois inflamados responsáveis esérios, que praticam sempre o mesmo género de piada fácil – doenças, acidentesde carro, distância (oh, esqueci-me de mencionar os problemas geográficos; não ficamos juntos porque moras longe???– Quem Ama Acredita, As Palavras que Nunca te Direi, O Sorriso das Estrelas) –homens violentos a espancar as mocinhas e a persegui-las. É pena é que atiresempre os mesmos…

O Dan Brown já sabemos, é sabido que haverá uma morte, um mistério,algo intrincado por detrás, um inimigo quase invisível mas sempre presente, umarevelação BAM! e um sentimento de satisfação por termos, algures a meio dolivro, desconfiado que fosse aquele o mau.

A Sveva CasatiModignani é outro caso sério de quem repete infinitamente a mesma fórmula.Tirando o Mister Gregory (que ademais não li) todas as obras que li delaapresentam o mesmo “guião”. Uma mulher forte, de Chanel Nº 5, quase nos quarenta ou na casa dos quarenta, a viver umcasamento infeliz e tantas vezes com um cão basset. Entretanto surge a sua infância no sul de Itália, o paioperário, os irmãos inconsequentes, a vizinha velha que coleccionava peças deantiquário, a senhora rica que se encantou dela e lhe disse que devia ir para amoda/ser sua criada num palacete onde o seu filho mora e é jeitoso/estudarporque é muito inteligente. E conhece um grande empresário. E fica muito rica. 
E o empresário trai-a/ela trai o empresário. A mãe fora uma desvairada, traírao pai. O pai era um amor de pessoa, um idealista. A avó dava bons conselhos,fazia boa comida. E com isto disse tudo o que havia a dizer desta senhora, dequem li obras como Baunilha e Chocolate, Desesperadamente Giulia, A Viela daDuquesa, 6 de Abril de ’96, Lição de Tango, Qualquer Coisa de Bom, Uma Chuva deDiamantes, etc., etc. E sempre, a cada página, com as personagens secundárias arevoltearem em torno da principal a dizer-lhe como é linda, honesta, franca,admirável. Um enjoo.

A Nora Roberts idem,cheguei ao terceiro livro e senti que já tinha lido a obra completa. Ao leroutras sinopses já sabia que ia, exactamente, dar ao mesmo. Mulheres que gostam de cozinha e jardinagem e com homens para a agricultura ou a construção civil... basicamente isto, embora esteja a ser redutora. Uma Ilha qualquer ou uma bonita paisagem na Irlanda (devo-lhe a motivação para a minha viagem à Irlanda em Setembro passado). Gostei muito da Trilogia "Herança" de Fogo, Gelo e Vergonha. Três irmãs, um ambiente familiar, pubs irlandeses, ocasionais idas a Dublin. Depois li a trilogia das "flores" Lírio isto, Dália aquilo, Rosa tal. Aborreceu-me de morte, para além de que tudo gira em torno do mesmo... Desisti dela tão rápido quanto me apaixonei, de início.

Agora pergunto:porque vamos nós dar ao mesmo? Porque é que estes autores que mencionei atéocupam um papel central nos best-sellers?Será possíveis que queiramos mais do mesmo? Eu acuso-me porque, como vêem, livários dos mesmos autores. Mas quando é que um autor enjoa os leitores com amesma fórmula repetidamente? Será possível que, em casos como o NicholasSparks, os leitores nunca se encham? Será que a isto se chama jogar pelo seguro? Voltar a um sítio que nos é confortável e não guarda surpresas nem estranhezas?

Eu escrevi dois livrossobre pequenas vilas/aldeias e sinto-me na obrigação de fugir para o Históricoou para a cidade. Não tiro prazer algum de nadar em círculos nas mesmas águas…
Será que… não se mexeem fórmula vencedora?

Conhecem outros autores com fórmulas que queiram partilhar?

#81 GUHRKE, Laura Lee, The Marriage Bed


Synopsis: 
Everyone in society knows that themarriage of Lord and Lady Hammond is an unhappy one. Everyone knows they havebarely spoken to one another in over nine years. But what no-one in societyknows are the reasons why ...
Lady Viola Courtlandwas a romantic and impulsive young girl when she fell instantly in love withthe handsome and dashing Viscount Hammond. Unbeknownst to Viola, John Hammondhad already given his heart to the only woman he would ever love--his cousin'swife--but he was in dire financial straits and desperately needed to marry awealthy heiress. In Viola, he thought he had found the perfect woman--beautifuland rich with a sweet nature. But Viola was neither practical nor sensible whenit came to marriage, for she fully expected her husband to love her and wasdetermined to settle for nothing less. Soon, however, John's secret wasunwittingly revealed, but by then they were married and it was too late. Untilone day, John finally came to his senses and prayed it wasn't too late to winback the love of his very own wife.



My review: 

I love Laura Lee, I think she has a special sensibility for creating characters that complete each other. Their stories are usually well conducted by the writer. I loved John and even Viola, who held back but at some point stop fighting her own feelings and fought her fears. As for John, in the and, there's this little surprise that makes us like him more. I like the fact that this isn't the usual plot...

They're both working on their marriage and fighting adversities...
As for the novel, at some points (this may be absurd) but I really thought I was re-reading Gone With the Wind. At some parts it was very obvious to me that the writer was inspired by it. When a baby is born, for instance. His reaction to the baby's blue eyes and her answer...Well... I read it in two nights, so gave me a few pleasent hours.

Rayuela - iv


Durante toda aquela tarde, ele assistiu uma vez mais, uma detantas vezes mais, testemunha irónica e comovida do seu próprio corpo. Às surpresas,encantos e decepções daquela cerimónia. Habituado sem saber aos ritmos da Maga,de repente um novo mar, uma ondulação diferente arrancava-o dos automatismos,confrontava-o, parecia denunciar obscuramente a sua solidão rodeada dedissimulações.
O encanto e o desencanto de passar de uma boca para a outra, deprocurar de olhos fechados um pescoço onde a mão dormiu, recolhida, e sentirque a curva não é igual, que tem uma base mais espessa, um tendão brevementetenso com o esforço de se aproximar para beijar ou morder. Cada momento do seucorpo frente a um desencontro delicioso, ter que esticar-se um pouco mais ou quebaixar a cabeça para encontrar a boca que antes estava ali tão próxima,acariciar uma anca mais definida, provocar uma resposta e não a obter,insistir, distraído, até se perceber que é necessário inventar tudo mais uma vez,que o código ainda não foi estabelecido, que as chaves e os números vão nascernovamente, e serão diferentes, e responderão a outra coisa. O peso, o cheiro, otom de uma gargalhada ou de uma súplica, os tempos e as precipitações, nadacoincide sendo sempre igual, tudo nasce novamente sendo imortal. O amor brincaa inventar-se, foge de si mesmo para regressar na sua espiral acolhedora, osseios cantam de outra forma, a boca beija mais profundamente ou como que vindade longe, e num momento onde antes havia apenas cólera e angústia, existe agorao jogo puro, a brincadeira incrível, ou pelo contrário, à hora em que antes decaía no sono, no balbuciar de algum disparate, existe agora uma tensão, algonão comunicado mas presente, que exige entrar, qualquer coisa como uma raivainsaciável. Só o prazer no seu estado último é ele mesmo; antes e depois omundo ficou desfeito em pedaços, e é necessário nomeá-lo novamente, dedo pordedo, lábio por lábio, sombra por sombra.

cap. 92