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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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Em torno das minhas leituras!

»Plano de Leitura de Outubro/Relatório de Setembro

PLANO DE LEITURA PARA OUTUBRO:




1 - Acabar de ler O Senhor dos Anéis - A Irmandade do Anel
2 - Acabar de ler o Rosa Selvagem
3 - Acabar de ler o Peripécias do Coração
4 - Acabar de ler o Mistério do Quadro de Belini substituído por A Viagem do Elefante
5 - Ler pelo menos 100 páginas do Conde de Monte Cristo
6 - Ler o Um Fogo Eterno

Clube de Leitura:
1 - O Sedutor, Madeline Hunter
2 - D. Estefânia, Um Trágico Amor
3 - Histórias de um Portugal Assombrado

A aguardar o anúncio das obras que me cabem.

Desafio de Setembro: incompleto

Li 26/304 páginas d'O Mistério do Quadro de Belini
Li 24 páginas d'A Grande Mão
Li 236/368 páginas d'A Rosa Selvagem
Li 136/384 páginas do Peripécias do Coração
Li 305/468 páginas do Senhor dos Anéis
Li 85 páginas d'O Funeral da Nossa Mãe
Li 162/615 páginas d'Os Maias e terminei
Li 251/251 páginas d'Uma Escolha por Amor e terminei
Li 140/140 páginas do Budapeste e terminei

Total: 1365

#54 BUARQUE, Chico - Budapeste


Sinopse: José Costa é um escritor anónimo pago para produzir artigos de jornal, discursos políticos, cartas de amor, monografias e autobiografias romanceadas que outros assinam. Um dia, regressando de um congresso de escritores anónimos em Istambul, é obrigado a fazer uma escala forçada em Budapeste. Fascinado pela língua magiar, «segundo as más-línguas, a única língua que o Diabo respeita», José Costa retorna à capital húngara, passando a ser Zsoze Costa, e tornando-se amante de Kriska, a sua professora. A obsessão de dominar completamente o novo idioma leva-o a viver num tresloucado vaivém entre o Rio de Janeiro, onde vive com a sua mulher Vanda, e Budapeste, onde passa a viver com Kriska. Budapeste é a história de um escritor dividido entre duas cidades, duas mulheres, dois livros e duas línguas, uma intrigante e por vezes divertida especulação sobre identidade e autoria.

Opinião: «Budapeste: no exactomomento em que termina, transforma-se em poesia». Foi isto que li na badana do«Leite Derramado» a propósito do Budapeste e que me deixou de expectativas tãoaltas. Em consequência de ter lido um livro de autor brasileiro, estounovamente escrevendo a crítica nessa língua transatlântica. Devia ser proibido debochar de quem seaventura em língua estrangeira. Como eu adoro aventuras por línguaestrangeira, e conheço bem os seus triunfos e embaraços, achei sublime estaprimeira frase. Tendo gostado bastante do livro anterior, esperei apaixonar-metambém por este outro, sobretudo debruçado sobre uma capital europeia na qualdeposito bastante curiosidade. No entanto, o estilo corrido do livro, por vezesa desconexão dos acontecimentos, fez-me sentir meio perdida no meio do livro.Reconheci-lhe bastante mérito, porque quebrar com a lógica dos eventos é algoque eu não teria ainda coragem de fazer. Por enquanto vou explicando as cabeçasdaqueles sobre quem escrevo. Mas a qualidade da escrita do Chico Buarque éinegável. Tem reviravoltas que apreciei bastante, como um rosto reflectido numalente de câmara fotográfica, ou mesmo um «jacaré com controle remoto» que mepôs a rir no voo. Não perdi a fé no talento deste autor por ter gostado umpouco menos deste segundo livro seu que li. Hei de ler o «Estorvo» também.Felizmente o livro é pequeno e, apesar dos parágrafos de três páginas, li-o emtrês fôlegos.

Classificação: 3***

#53 SPARKS, Nicholas - Uma Escolha Por Amor

É para aí o décimo livro queleio de Nicholas Sparks depois de uma pausa de alguns anos… o último que tinhalido foi o Juntos ao Luar. Resumindo: continua o mesmo. Se querem conhecer oestilo recorrente de NS somem estes ingredientes:
- Muitos diálogos a propósitode nada com piadas aleatórias.
- Chavalinho porreiro comcovinhas na cara que bebe cerveja
- Chavalinha com mau feitioque bebe Light Coke
- Encontros comuns – jantares,barbecues – combinados e sem nada de espontâneo, onde eles discutem aespontaneidade e decidem que vão dar um mergulho, aprender a andar de mota,algo do género.
- Beijos conservadores nofinal desse primeiro encontro
- Um viúvo
- Alguém estéril
- Um acidente
- Uma doença
- Um cão (ou mais)
- Refeições (com respectiva descrição dos pitéus)
- Alpendres
- Barquinhos (o senhor costuma adorar velejar)
- Uma ligação inexplicável comum animal que não lembra a ninguém – como o Noah da Alquimia do Amor com ocisne, ou agora o Travis com um pombo.
- Um dilema moral complicado,do género: a) ela está a morrer, vale a pena ficar com ela? b) ela diz que paraficar com ela tenho que deixar de mandar garrafas com mensagens à minha mulherque morreu c) ela não pode ter filhos, fico com ela? d) o irmão dela é queatropelou e matou a minha mulher, fico com ela? e) ela pediu que, caso ficasseem coma, etc., eu devia desligar as máquinas ao final de doze semanas. Desligo?
Este dilema e) teria dado umlivro excelente. A sério. Gabo-lhe o ter pensado nessa questão, embora não sejatotalmente nova, e teria sofrido e vivido realmente este tema. Tudo porque,saberei lá eu explicar, fiz o mesmo pedido a uma pessoa próxima. Se por algummotivo ficar em estado vegetativo, ajudem-me a morrer, já que cá não se podeescolher esse desligar das máquinas, segundo sei. A pessoa disse que não ofaria. Não o faria porque gosta de mim. Bom eu devo ter uma ideia muitodistorcida do amor, detestei. Não, detestei não chega, DETESTEI, em caps, amensagem que o Sparks passa neste livro. Fiquei indignada com a pequenhez desteamor que ele descreve e que vende, e que muitas mulheres/homens, se é que olêem, compram como o ideal. O único, o genuíno. E a dignidade humana? A mulherteria de ficar meses – anos…! – à espera de acordar numa cama, quem sabe seaprisionada no próprio corpo mas consciente, a ansiar por ser libertada? Por podermorrer? Para lhe removerem os tubos que lhe sustêm a vida? Com o corpo a atrofiar-se?O rabo a ser limpo por terceiros? Amor, para mim, tem de ser mais. Mais do que ele gostar delae não imaginar a vida sem ela. Se aama respeita-a. Se a respeita cumpre o que ela lhe pediu, em desespero. Masnão, mais vale arriscar, queimar os papéis legais onde ela estipula esse pedidoe fazer figas para que ainda esteja vivo um dia, se ela acordar. E depois, comoé Nicholas Sparks *spoiler* a senhora claro que acorda. E nem se zanga! É escusadodizer que, se fosse eu, embora agradecesse a oportunidade para ter regressado,me separasse quase certamente de um homem em que não podia confiar. É isso oamor, não? Pedir a alguém que nos dê voz quando ela nos falta, e esperar querepita as nossas palavras sem egoísmos. E ele foi egoísta, tão egoísta…!      Não concebo amores assim.

Passada a fase da indignaçãoacrescento que isto representa a segunda parte do livro. A primeira deve-se aomodo como estes dois vizinhos se conhecem e a sinopse só se debruça sobre ela.Ora a senhora tem namorado – quase noivo – e, ao final de três dias, já andaenrolada com o vizinho. True love, says NicholasSparks. Devo mencionar que, dias depois quando um colega de trabalho dela tentabeijá-la o dito vizinho o esmurra e a aconselha a abrir um processo contra elede agressão física? Fuck logic. Aondeestá a explicação dela ao namorado quando o larga? O livro sofre um pulo. Oraestão a passear de mota e conhecem-se há três dias, ora já ela está em coma eele a ama perdidamente, anos depois, casados e com filhos. O senhor escreveu olivro nos joelhos. A Presença, mesmo na 8ª edição, tem o livro cheio degralhas. Não admira que seja dos dele de que menos se fala…

Enfim, se eu entrar em coma,se eu tiver um AVC e não puder falar, se eu partir o pescoço e implorar aalguém que me ajude a ter paz, façam-no! Como dizia Ramón Sampedro (MarAdentro), Aquele que me ama é aquele queme ajudará a morrer.

PS - O nome do livro devia ser "Uma Escolha por Egoísmo Que Acaba Bem Porque, Afinal, é Nicholas Sparks"
Classificação: 2**/*

#52 QUEIRÓS, Eça de - Os Maias


"Os Maias", obra-prima de Eça de Queirós e romanceintemporal, foi primeiramente publicado no Porto em 1888. Popularmente falado por se tratar de uma história de amor incestuoso com uma introduçãoexageradamente descritiva, onde é apresentada ao leitor a casa da família Maia.De facto, da primeira vez que tentei ler o romance, em 2006, fui desmotivadapela referida descrição do Ramalhete. Pareceram-me quinze páginas sobrechaminés e tapetes. Agora que lhes dei uma segunda oportunidade decidi que iaapreciar a descrição da casa, ia deixar que o Eça me levasse lá pela mestria dasua escrita - de que tinha tido um vislumbre n’A Cidade e as Serras. E sabemque mais? A casa tem uma descrição de meia dúzia de parágrafos. Pronto. Podeser muito a respeito de uma mera propriedade, mas de facto faz sentido, porqueé a introdução a uma vida de luxos e vícios, que retrata bem a sociedadeportuguesa no último quartel do séc. XIX.
Eça de Queirós, do pouco que entendo deliteratura, pertence à corrente realista. Denota-se, inclusive, um certodespeito pelo romantismo e ultra-romantismo que imortalizaram, por exemplo,Camilo Castelo Branco, cerca de vinte anos antes. Não na pena do autor, mas naspalavras que vai colocando na boca dos seus personagens, todos eles muitocríticos, dados a fervorosos discursos de honra e de ideais. Tudo parece dignode esmiuçar nesta sociedade retratada por Eça, e todos se dão ares de grandeintegridade moral. No entanto, nenhuma personagem é realmente casta oumoralmente correcta.
Ega, Carlos da Maia, o Eusebiozinho, Dâmaso, oTaveira, Cruges, o Cohen, o Craft, Castro Gomes, o Gouvarinho. Nunca secompreende realmente o que fazem estes condes e homens do governo e depândegas. São, ao que é sugerido, a fina flor das relações de Lisboa. Noentanto nunca se chega a compreender muito bem aonde vão buscar os rendimentosque sustentam as suas vidas de luxos, whist (jogo de cartas muitoapreciado à época), charutos, cigarrettes, teatro, grémios epasseiozinhos de charrete em Sintra. O retrato geográfico de Portugal é delicioso - com ocomboio até ao Porto, “estradas de ferro”, assim chamados os caminhos de ferro,numa desconfiaça muito lusitana, mais de cem anos depois de a Inglaterra terdado o impulso à Revolução Industrial, o vapor para o Alfeite, etc. A Lawrence, em Sintra, os travesseiros,os ovos moles de Aveiro, os fados assim mencionados, louvados mais de cem anos antes de se tornarem património mundial...! Eça foi um visionário. Tantas referências quetive de absorver no estudo do turismo assim naturalmente descritas, como se Eçaadivinhasse que, pela sua qualidade, perdurariam no tempo... Tão contemporâneoe intemporal quanto se tivesse sido escrito hoje sob o signo dos romances deépoca, tão em voga.
Referências literárias, filosóficas e políticassão outras tantas: Robespierre, Proudhon, Darwin, Voltaire, Garibaldi,democracia, um cheirinho já ao socialismo e à república, etc., etc.. Foi comoum meeting de figuras famosas, só que vivenciadas em tempo real. Asopiniões sobre tudo e sobre nada preenchem centenas de folhas. Perto do fim,inclusive, as intrigas sociais e as discussões políticas e literáriasmultiplicam-se, ficando a Maria Eduarda e o Carlos um pouco esquecidos. Todo olivro é muito boémio, com trejeitos de ironia preciosos e um clima bonacheirãoe de bazófia que ora nos desespera, ora nos enche de bom humor. A cobardia, osfalsos ares de finura, os falsos escrúpulos, duelos de florete, ameaças deescarros em faces gorduchas, a falta de moral para se discursar sobredeterminado assunto, o amante da mulher casada que se ofende com o seu marido,por se ter atrevido a surpreendê-los...! Eas mulheres? Fonte de problemas, infiéis, frágeis, insistentes, apersonificação do pecado. E então surge Maria Eduarda, um aparente modelo devirtudes, ainda assim corruptível, que se revela a maior das desgraças na vidade Carlos da Maia... mas também a maior das lições.
As últimas linhas, o último raciocínio desteromance, são desconcertantes, esperançosos, trazem um sorriso aos lábios e uminchaço bom ao peito. Não há trevas no final de uma intriga que tanta dor causaa tantas personagens que acabamos por amar. Há, sim, um certo optimismo de quemtem noção de ser impotente perante os grandes factos. Aqui também vejo orealismo, porque por muito difícil que seja o desafio, por muito que doa aperda, a vida continua. E, quando tivermos de voltar a correr,correremos. Está-nos no sangue, é a nossa natureza.
Ao nível dos grandes clássicos, e digo-o enquantoleio, em paralelo, O Conde de Monte Cristo. Mostra uma vanguarda depensamentos, uma insolaridade que nos é típica, um carácter muito português euma influência - na realidade pouco influente, quase ridícula de tão malabsorvida - dos estrangeiros, sobretudo da França. Tudo é motivo para secolocar uma expressãozinha francesa. Tudo é très chique, chique a valer.No fundo, o “português” prevalece sobre o cavalheiro, de cabeça quente e punhocerrado, apostado em encher cabeças de bengaladas ao primeiro desaforo... Umautêntico teatro de civilidade ensaiada. Um romance único que requer pés ecabeça durante a leitura. Quase quatro semanas depois, terminei-o finalmente. Osentimento é um misto de feito grandioso - e de admiração perante um feitograndioso que foi, para Eça, escrever uma obra ao nível dos grandes clássicos -e de alívio.
Já conheço os Maias.

Classificação: 5*****

»Desafio de Setembro e relatório de Agosto

Para Setembro: 

Volume II da trilogia Langani:
KEATING, Barbara e Stephanie - Um Fogo Eterno - substituído por O Senhor dos Anéis - Parte I
Volume II da série Bridgerton:
QUINN, Julia - Peripécias do Coração
GOODWIN, Jason - O Mistério do Quadro de Bellini
QUEIRÓS, Eça - Os Maias (terminar)

Leitor luso:
BUARQUE, Chico - Budapeste

Faltam 2 a 3 livros do clube de leitores.

[Este mês não posso ser muito ambiciosa porque há as férias culturais pelo meio...]

Relatório de Agosto:

Li 232/232 páginas d'A Valsa Esquecida e acabei-o
Li 240/240 páginas do No Coração do Império e acabei-o
Li 368/368 páginas d'Um Verão Inesquecível e acabei-o
Li 296/296 páginas d'O Véu Pintado e terminei-o
Li 378/582 páginas d'Os Maias 
Li 127/880 páginas d'O Conde de Monte Cristo
Li 23/360 páginas d'A Grande Mão


Desafio de Agosto : incompleto

Total de páginas lidas: 1664