Sinopse: Num chuvoso dia de outono, SusanWright entrou numa clínica, matou duas pessoas a sangue-frio e aguardou que apolícia chegasse. Terá sido um ato de loucura? Uma vingança planeada? Susan nãoparece interessada em defender-se e recusa falar. O seu silêncio estende-se aBeth Powell, a advogada a quem é atribuído o caso. Beth é uma mulher de sucessocom uma carreira brilhante mas nada a preparara para o momento em que identificaa autora daquele crime tão bárbaro. Quando eram crianças, Beth e Susan juraramser amigas para sempre. Vinte e nove anos depois, mal se reconhecem. Mas asmemórias dos verões felizes das suas infâncias são suficientemente poderosaspara as unir de novo. Enquanto as provas contra Susan se acumulam, elaspartilham recordações e revelam os segredos que ditaram o rumo das suasvidas.
Aamizade entre as duas mulheres torna-se cada vez mais forte mas sobre uma delaspende a implacável mão do destino…
Opinião: Éo segundo livro que li da Lesley Pearse, tendo o primeiro sido o “Nunca meEsqueças”, e a impressão com que fiquei foi a mesma. Desta vez o enredo revolveem torno de Susan Wright, que matou duas pessoas a sangue frio numa clínicamédica e se deixou capturar, e de Beth Powell, uma advogada que lhe calha narifa para a defender. O livro foi realista neste ponto, estes detalhes legaisforam bem geridos, pareceu-me. Felizmente a autora não optou pelo cliché demanter a Beth como advogada de defesa da Susan, e agora vou mudar o meudiscurso para não revelar demasiado.
A sinopse é um pouco enganadora – elas nãojuraram ser amigas para sempre, isso remete ao lugar-comum de juramentos desangue, etc. Elas simplesmente tiveram-se apenas uma à outra, em pequenas.Depois os seus caminhos seguem direcções opostas.
Quanto à minha opinião do livro… acho quese mistura com a opinião que tenho da autora. É-me compreensível que tantagente adore os livros dela, porque de facto ela tem imaginação e um bom enredo.Na minha opinião, o que me impede que lhe dar mais do que um três pela segundavez, é a extensão de quatrocentas e trinta páginas para uma história que seriasublimemente contada em duzentas e cinquenta. A acção arrasta-se, lenta e,pior, repetitiva! Dei por mim a revirar os olhos. A Susan pensava em a).Contava à Beth/Steven, etc… reflectiam sobre isso. Depois era novamenterepensado pela Susan que, por último, o apresenta em tribunal. Bagh!
Outra coisa que detesto nos livros daLesley é que tudo gira em torno destes termos – injustiça, maldade, piedade,misericórdia, autocomiseração, pena, admiração. É a segunda vez que leio sobreuma coitadinha que até é esperta e se safa bem de quem toda a gente tem pena ecom quem toda a gente – do momento, porque o passado é que foi triste,simpatiza. Toda a gente tem pena delas, toda a gente as acham amorosas, toda agente compreende. Bom eu achei que a Susan merecia, de facto, ser bastante bemcastigada. A Lesley pôs-me a pensar sobre o poder de influência que os livros têmsobre as pessoas. Com este pareceu passar a seguinte mensagem: se tiverem umavida triste, se vos humilharem e maltratarem, se gozarem convosco, podem bemmatá-los que os vossos amigos verdadeiros perdoam-vos e continuam a chorarlágrimas amargas por vocês. (PS – A Beth não era assim tão amiga da Susan,geralmente fala com ela retorcida e com azedume, meio seca e céptica e atéinvejosa por a outra ter tido mais sorte/à-vontade nos relacionamentoscarnais). É que também já me aconteceu. Também já me maltrataram e já mehumilharam. Pessoas trocadas e depois gozadas – com demonstrações de afecto quevão não se sabe bem onde debaixo das nossas próprias barbas – é umacontecimento habitual na vida de qualquer pessoa. Há egoístas e imorais egozões e pessoas sem um pingo de decência ou decoro nas vidas de todos. E issoseria, então, razão suficiente para os abatermos a tiro?
Bom,não revelei demasiado porque começam a haver enredos secundários dentro doromance, isto não se prende necessariamente com a linha principal. O que querodizer é que a Lesley foi demasiado branda com a Susan. Os homens são demasiadoternos – choram x vezes durante o romance, porque se comovem com tudo. Não digoque não suceda, mas quais as probabilidades? Mal sei distinguir as duas principaispersonagens masculinas, o Steve e o Roy, porque são ambos tolos “ternos” quechoram aqui ou ali. E elas? A Beth e a Susan? Foi-me óbvio que a Lesley lhesdespejou uma boa dose de desgraças de vida para cima (de ambas) para apelar ànossa pena – do leitor. Mas eu não acho a pena nada de nobre, como me deu aentender a autora, nem tão pouco digno de admiração. Ultrapassar os motivos quefazem os outros terem pena de nós sim, é nobre e admirável. Agora admiraralguém porque cuidou da mãe obrigado, coitado, desgraçadinho… onde é que isto édigno de alguma admiração? Onde é que o ter-se sido vítimas de desgraças nosconcede o direito de também sermos cruéis?
Enfim,atribuo três a este livro apenas porque o enredo foi bem pensado e estruturado.Com cento e cinquenta páginas (e lágrimas) a menos, com os cortes dos momentosde reflexão/acção (muito pouca) repetidos, teria funcionado bem. Inclusiveemocionei-me quase no final, ri-me um pouco. Mas esperar quatrocentas páginaspara me emocionar… haja paciência!
PS - Ainda assim melhor do que muitos romances da treta que por aí andam, com histórias de caracacá, capas e sinopses (enganadoras) muito apelativas...
1 - Acabar o Ligações Proibidas - desisto 2 - Começar e acabar O Véu Pintado 3 - Começar e acabar o Budapeste 4 - Começar e acabar Os Maias 5 - Começar e acabar o To Kill a Mockingbird 6 - Começar e acabar O Caso Rembrandt 7 - Começar e acabar o Um Verão Inesquecível Parece-me que isto será tudo esquecido em prol d'Os Maias e do Conde de Monte Cristo. Clube de Leitores d'O Segredo dos Livros - A Valsa Esquecida - No Coração do Império - O Mistério do Quadro de Bellini Desafio de Julho: incompleto
Sinopse: Moonbeam Star, conhecida pelos amigos como Melanie, é filha de um casal hippie. O pai esqueceu-se de regressar de Woodstock e a mãe partiu para se encontrar, portanto, Melanie foi criada pelos avós. Agora na casa dos vinte, Melanie estuda e trabalha num estabelecimento vinícola na Califórnia. Quando o avô tem um ataque cardíaco, revela um segredo que guardou desde que o seu avião foi abatido sobre a França durante a Segunda Guerra: teve um filho com a rapariga que salvou. A criança era um rapaz, e Melanie fica intrigado com a existência desse tio francês e parte à sua procura. Em Inglaterra, a jovem irlandesa Honor Brady apaixona-se por Hugo, um comerciante de vinhos, que a leva para o seu castelo em Astignac, na zona vinícola de Entre Deux Mers. Hugo vende vinhos raros a connoisseurs; vinhos com história; vinhos escondidos durante a guerra; vinhos salvos do Palácio de Inverno em Sampetersburgo… e Honor é deixada sozinha, o que a leva a conhecer Didier, cuja família outrora foi dona do château de Hugo e está ligada ao tio de Melanie. À medida que as vida das duas mulheres se sobrepõem, é descoberta uma teia de mentiras que se estendeu durante décadas.
Opinião: É sempre triste quando a sinopse (enganosa) é mais interessante do que o livro... e esta era muito promissora! Eu não costumo fazer isto (aliás, que me lembre nunca fiz). Quis muito este livro e consegui lê-lo através do clube de leitores do qual faço parte. Tive que ler na diagonal... não conseguia engonhar mais, sou uma pessoa muito ocupada e tenho muito bons livros em linha. Resumindo:
- Oco- Sem substância- Aborrecido- Personagens vazias- Frases feitas- Forçado- Abrupto- Light - a "puxar" ao drama- Cliché Enfim, isto tudo junto classifica a miséria da classificação.
Sinopse: Lisboa, 1898: António Maria, jovem médico e afamado playboy, descobre que o seu pai está a morrer de sífilis, a terrível praga que afeta todas as camadas da sociedade. Órfão de mãe desde criança, António não se conforma com a ideia de perder o pai tão cedo. Determinado a encontrar a cura, parte para Pequim, na esperança de que a medicina tradicional chinesa tenha a resposta que teima em escapar ao Ocidente. Sob a orientação do Dr. Xu, António inicia-se naquela prática ancestral. Contudo, esta não vai ser a sua única revelação a Oriente. Quando conhece a sedutora e independente Fumi, ele apaixona-se pela primeira vez. Mas à sua volta, a violência eclode. A Rebelião dos Boxers ameaça todos os estrangeiros a viver no país. António terá de decidir-se rapidamente entre a fuga e a permanência na China, a sua segurança pessoal e a possível cura para a doença. E há ainda Fumi, o amor a que ele não tenciona renunciar e que o leva a questionar tudo, alterando irreversivelmente o rumo da sua vida.
Opinião:Tireimuitos apontamentos ao Português Inquieto enquanto o lia. Primeiro apercebi-meque as páginas fluíam, ao início a justificação foi simples: era um escritorIndiano a escrever sobre um médico português no século XIX, 1898. Era um livrode época a falar de Santo António, sardinhas, noivas, manjericos e tradiçõesantigas, tão nossas. Como podia nãogostar?
Depois,apesar do ritmo continuar parecido – porque ao interesse por Portugal nesteséculo, esmiuçado pelo tal Kunal Basu indiano, sobrepôs-se a vontade deconhecer a China – dessa época ou de outra qualquer, e de facto é um relatocuidado e interessante, que não soa forçado. Mas… conforme avançava, foi-setornando mais óbvio que havia algo em falta. Tive 428 páginas para desvendar oquê, e aqui surgem os motivos pelos quais este livro me deixou um travo acre naboca:
Háum leque riquíssimo de personagens e um tema central riquíssimo, que vai damedicina à cultura chinesa, à política, a tradições, costumes, gastronomia,cheiros, flora, fauna… pareceu tudo novo e vívido, como uma viagem à Chinaoitocentista envolta em nuvens de vapores de ópio… Havia cônsules e personagensde várias nacionalidades, divertidos, outros tempestivos, um padre glutão, ummestre do Nei Ching (medicinachinesa) divertido, e havia os dois eunucos (um carrancudo e outro ingenuamenteadorável), havia a Imperatriz Invisível a morar lado a lado com António nopalácio, sem se deixar ver, e havia um cigano negociante de artefactos eobjectos de valores chineses… Havia ainda a Arees em Lisboa, a suposta “noiva”de António (o português inquieto), com ideais e uma língua que não hesitava em encosta-loà parede, de tal como que comecei por pensar que eles ficavam bem juntos – istono início do livro, antes de conhecer o António e de ele partir para a China.Depois comecei a achar que ela era boademais para ele. E depois havia o António.
Sim, o português inquieto é um AntónioMaria que parte para a China obcecado com a cura da sífilis, a propósito daqual adorei ler. Mas “obcecado” parece ser uma palavra demasiado adequada aeste protagonista. Infelizmente, o António é bidimensional. No início do livrosó quer saber de mulheres. A dois quartos só quer saber da sífilis, na últimametade do livro só quer saber da Fumi – e, por cada coisa em que se foca semver mais nada, dá a vida, a segurança, as noites de sono, os pesadelos, tudo.Além disso, este António é francamente estúpido e cego. De início perguntei-mese seria uma característica da personagem – simplesmente era alheado e largavaconversas a meio. Depois apercebi-me que era o escritor a tentar prolongar os “mistérios”do livro, as “conspirações”, porque chega um momento em que todo o enredodescamba para uma teia de conspirações, dizque disse e etc. O António, como inquieto que é, esmiúça todos a propósitoda sífilis, de início. O médico que o introduz na medicina chinesa, o Dr. Xu,dá-lhe meias respostas. Muito engraçado de início, porque mantém-nosinteressados, mas a meio do livro será viável que o protagonista continue adistrair-se com os grous e as peónias a meio de conversas em que todos parecem fazê-lo de tolo? Não há uma única conversa satisfatória neste livro. Nem uma.Porque todas são interrompidas pelo “primeiro arroz” (pequeno-almoço), pelachegada de alguém, pela morte de alguém, pelos boxers ou pelo cair da noite que seja. Deu-me a ideia que o próprioprotagonista não tinha prioridades, porque o autor não se deu ao trabalho deestabelecê-las. É um burro teimoso que arrasta o leitor sem lhe oferecerrespostas, porque é um frouxo, demasiado fraco para arrancar respostas. E, piordo que isso, quando a verdade está perante os seus olhos, e é péssima: continuaa querer fazer amor com a sua querida Fumi, isto no momento em que descobre aque facção ela pertence, e que nem sabe se a sua vida está segura com ela –tudo na mesma recta de pensamentos que se segue à descoberta. Despedida dela?Não há. Depois de tanta parvoíce em seu nome, não lhe dedica um pensamento nofinal. Deu-me a ideia que é uma história baseada na Madame Butterfly, ummarinheiro que vai ao porto e tem um affair.Sim, um affair, porque onde é quehavia amor ali? O autor justificou-o com os cânones que outros inventaram.Reflexões sobre saudade e inquietude sobre o seu paradeiro e enfrentar riscosdesnecessários para estar na sua companhia. Mas como é que tudo começou? Nãosei, ele estava doente e ela “aterrou”, literalmente, em cima dele. Num momentoele não está certo se aconteceu alguma coisa – teria delirado? -, no parágrafoseguinte são amantes furtivos. Dela o que é que se sabe? Só que tem olhos côrde âmbar, quando a tonalidade, os odores da pele chinesa, o negro lustroso doscabelos chineses teriam tanta poesia para explicar o encantamento (ou palas nosolhos) do António pela Fumi… Eu não simpatizei com ela, terá sido embirrânciaminha ou ela dilui-se realmente no leque de personagens, tal como o próprio Antónioé sempre o interveniente menos interessante em cada conversa?
Nuncavi um livro com tantos problemas de falhas de comunicação. Ninguém falaabertamente, o que talvez seja compreensível se não se sabe em quem confiar.Mas é tudo dito em meias palavras e conversas inacabadas (entretanto chega ochá e muda-se de assunto), o que é um pouco frustrante quando se deseja compreender como eu. As viagens, noinício – Portugal-China -, são omissas, porque de repente ele já lá está. Seriainteressante conhecer alguns pormenores, não?
Comojustifico a estupidez gritante deste “melhor médico de Portugal” e “melhormédico estrangeiro na China”? Bom, havia conversas em que ele perguntava “porquê?”,numa perda de tempo absurda em situações de crise, quando ele devia saber, se eu sabia por conversas que ele tinha tido, os motivos. E eleperguntava “Porquê?” na maior das inocências, sem um clarão de luz que fosse. Emais, num momento crucial em que embarcar pode significar viver quando ficar emterra pode equivaler à morte, é-lhe especificamentedito que na cidade onde se encontra, nas circunstâncias em que se encontra,os chineses são muito mal vistos, principalmente por estrangeiros que têmrelações próximas com eles – por isso, muitocuidado no momento de tentar embarcar o seu criado, Tian, de quem é tambémamigo. Ora bem… o que faz o António para o salvar? São abordados no momentodo embarque e a conversa desenrola-se do seguinte modo: «-O melhor é dizerem ao vosso criado para se despachar a trazer as vossas coisasde onde quer que as tenham escondido. [Aoque o brilhante António responde:] -Ele não é nosso criado. -Não? – O americano pareceu ficar surpreendido. – Então é o quê? -Um amigo.» Ao que terão de descobrir vocês aonde leva estaextraordinária sinceridade do António. Bom, compreende-se que não gosto dele,certo? Da história – muito boa, embora a acção só comece a 50 páginas dofim. Das personagens? Muito boas, excepto o protagonista. Ri com o livro, porcausa de algumas personagens únicas. Com este António só exasperei. O finalpareceu-me muito apressado, meio às três pancadas, e cheguei a perguntar-me seele não teria contraído sífilis e se não estaria também ele louco. Parece umamarioneta desajeitadamente conduzida pelo autor… Aconselho pelo valor da cultura chinesa e pelos pormenoreshistóricos e, sobretudo, pelo choque de culturas. Se ele voltar a publicar,lerei. Preciso de descobrir se o tolo é o autor (incapaz de criar umprotagonista com substância) ou o António, que era oco, coitado.
Sinopse: Miss Linnet Berry Thrynne éBela … Naturalmente, está noivade um Monstro. Piers Yelverton, conde de Marchant, vive num castelo noPaís de Gales, onde, corre o boato, o seu mau humor arrasa todas as pessoas comquem se cruza. E também consta que uma lesão deixou o conde imune aos encantosde qualquer mulher.
Só que Linnet não é qualquermulher. Ela é mais do que simplesmente formosa: o seu espírito e encantoforçaram um príncipe a ajoelhar-se. E calcula que um conde se apaixonaráloucamente por ela… em apenas duas semanas. No entanto, Linnet não temideia do perigo a que o seu coração é exposto por um homem que poderá nuncadevolver-lhe o seu amor. Se ela decidir ser realmente muito perversa … quepreço pagará por domar o coração selvagem desse homem?
Opinião: Dentrodo romance deste género é bastante bom. Sim, especialmente quando comparado como "Força do Desejo" da Jess Michaels e o "LigaçõesProibidas", que de "Histórico" só têm as descrições das camadasde roupa que vão removendo. Ai corpetes e anáguas e blabla.
Pontos positivos - é divertido, tem váriospormenores históricos, têm o Piers inspirado no Dr. House, embora muito maischarmoso, tem alguma audácia quanto ao que a autora causa à Linnet no final dolivro, gostei de ver uma personagem de romance histórico nesses sobressaltos,sim, porque geralmente o maior sobressalto que as senhoras destes livros sofremé 1) serem raptadas, 2) serem picadas por cobras, 3) serem raptadas. Adorei oromance secundário entre os pais do Piers, que se tinham separado e seencontram agora no castelo. Achei também que todas as personagens secundáriasestavam muitíssimo bem criadas, o que tornou o livro mais realista - o mordomo(sou incapaz de escrever tal nome), a tia da Linnet, Zenobia, o pai e a mãe doPiers, a enfermeira Matilda (mencionei que o Piers é médico???), um rapazinhoque é paciente... o primo do Piers, Sébastien, etc...
Pontos negativos - quanto ao"romance" propriamente dito... falhou ali qualquer coisa. Primeiroporque, supostamente, ele é conhecido como "monstro", mas acho que aautora não transpôs para o Piers essa carga sombria associada a um"monstro". Ele tem mau feitio, é irónico e assertivo nos comentáriosque faz, além de ser um génio, mas uma maldadezinha ou outra não lhe teriamfeito mal. Em seguida, ele e a Linnet caem demasiado rápido nas boas graças umdo outro. Isto é; teria sido bonito se ele tivesse resistido um bocadinhomais...
Houve só umpequeno pormenor que me confundiu: no início do livro deu-me a ideia que aLinnet é descrita como sendo loira de olhos azuis. Depois a meio passa a ter ocabelo "loiro-arruivado", depois quando está ao sol o cabelo brilhaem "ruivo-escuro". Ora... que magnífica cabeleireira a que a assistia– ou estaria eu distraída?
Em resumo: gostei bastante, sim. Tireiprazer das piadas e dos diálogos, que foram inteligentes e tinham substância,coisa que hoje em dia tem andado complicado, sobretudo nos diálogos desteslivros que revolvem sempre em torno da "inexperiência" da donzela ena "vida devassa" do galã. Teve momentos realmente ternos e, aocontrário da Phaedra e do Elliot (Lições de Desejo? Já não sei distinguir onome dos livros da Hunter", estes dois foram claramente feitos um para ooutro. Só lamente que não houvesse mais dúvidas, mais reservas, mais hesitação,antes de se tornarem melhores amigos e andarem às cambalhotas. Ele devia tersido mau para ela, devia!!! Porque a essência da Bela e o Monstro é o modo comoo Monstro começa por ser grosseiro - até cruel - para ela, para depoisdeixar-se conquistar pela sua bondade, e ela pela sua redenção.
Sinopse: Um homem muito velho está num leito de hospital.Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigidoà filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história da sua linhagem,desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senadorda Primeira República, até ao tetraneto, um jovem do Rio de Janeiro actual. Umasaga familiar caracterizada pela decadência social e económica, tendo como panode fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.
«A força maior da narrativa é, neste quarto romance de Chico Buarque, a simplicidade aparente. Lê-se e é como se cada um dos leitores pudesse ocupar um lugar na borda da cama do enfermo Assumpção e o estivesse escutando e segurando-lhe a mão, à espera do seu derradeiro suspiro.»
Jorge Marmelo, Ipsilon
Opinião: Eu tinha posto na cabeça queChico Buarque era só um "cara sensível" da Bossa Nova e que só escrevia baseado na fama que obteve comomúsico. Mas outra das minhas ideias pré-concebidas foi deitada por terra (etanto é que estou louca para ler o Budapeste,que vai directo para a wishlist).Estou até mais perto de adoptar o acordo ortográfico (brincadeirinha), sóporque também se pode fazer poesia sem C em correCto. Enfim, estou até falando português do Brasil.
Leite Derramado é a história deEulálio d'Assumpção, por amor de Deus, não se esqueçam do P em AssumPção, elefaz questão disso. É um centenário estendido numa cama de hospital a tagarelaras reviravoltas do seu século de vida com uma beleza muito particular - porqueora é sensível ora é grosso. Adorei conhecer parte da História do Brasil, e dadecadência da própria sociedade globalizada e actual, ao longo do séc. XX.Fiquei também deliciada com os pontos em que a mesma se entrecruza com o meupaís. Esta é a história de um quase moribundo que receia se esquecer da suavida, que começa o romance com uma frase inesquecível «Quando eu sairdaqui...». Daqui, donde? E está a minha curiosidade aguçada. E há a Matilde,que amei tanto quanto o Eulálio, e a Maria Eulália, filha do Eulálio, e unsquantos Eulalinhos, isto apenas para ressalvar que a estória se repete. Tanta atenção aos pormenores, tantahumanidade... o Eulálio centenário é-me tão familiar quanto os meus avôs,apaixonei-me pela leveza, o optimismo, os acessos de fúria e os caprichos a quecede na vida.
Hesitei entre um 4,5 e um 5, mas aminha percepção do romance ganha na atribuição deste último valor entre o 4 e o5. O livro pode não ser genial, mas eu queria voltar para dentro dele a cadavez que o pousava. Houve umas deixas geniais e houve momentos de puraliteratura, aquela que dá vontade de citar. E assim fiquei a saber que "A curva é o gesto do rio".
Não me esqueci do teu pedido – até me senti toda importante por me procurarem para conselhos dessa espécie, logo eu, que ainda sou uma novata nestas andanças.
A principal dúvida que me colocas é o que deves fazer para começar e terminar uma “obra”. Eu responderia “degrau a degrau”. Isto é, quando eu conhecei a escrever tinha doze anos. Houve qualquer coisa na minha vida – uma paixoneta tola – que me deixou indignada, e eu quis poder mexer com ele. Manipulá-lo, ficar com ele, castiga-lo. Então peguei em papel e caneta e escrevi uma história com quê… doze páginas e muitos desenhos pelo meio? – onde ficávamos juntos e felizes. E isso descansou-me. Desde aí, sempre que qualquer coisa mexe comigo, ou não é bem aplacada dentro de mim – absorvida, cimentada – eu pego na escrita para a aplacar, a fim de continuar a viver em paz. É o meu modo de compreender as lições. As primeiras histórias que escrevi tinham doze, vinte, quarenta páginas. Fui crescendo aos poucos. Da primeira vez que ultrapassei as cem páginas parei nas cento e vinte, pus um ponto final na história e fiquei louca de orgulho em mim mesma, porque tinha sido um trabalho moroso. Foi em papel – num dossier daqueles que nos oferecem no 6º ano aquando dos primeiros ensinamentos sobre o sistema reprodutor, o período, gravidezes, etc. Guardei-a aí e andava com ela para onde ia. Riscava aqui e corrigia ali. Hoje olho para ela e penso: que coisa vergonhosa, que letra medonha, tantos erros frásicos, gramáticos, etc… Mas sabes que mais? Ela foi necessária. Porque foi um degrau. Meti-lhe o pé em cima e cheguei a outra maior, melhor elaborada. Peguei nos erros dela e distorci-os para algo maior, corrigi-a em algo melhor.
Também tu, Carla, certamente que poderás conseguir essa evolução para ti mesma. A sociedade pressiona um bocado hoje em dia – para seres bom em qualquer coisa, tens que ser reconhecido e precoce. O que te aconselho é uma vida de paz e tranquilidade em torno da escrita. Procura inspiração – a minha é, de longe, a música. Quando leres o Demência, hás-de sentir a Para Sempre dos Xutos, a Unforgettable do Nat King Cole e, nos momentos solitários da Letícia, ouvi muito a Mother’s Journey do Yann Tiersen (banda sonora do Goodbye Lenin!). E então a música é como a personagem na minha cabeça, mais do que isso, estava sempre comigo. Ouvia a música e as nuances dela é que ditavam o que ia suceder. Há muitas técnicas, Carla – técnicas que não pesquisei, nem investiguei, porque quando dei por mim já queria fazer algo meu, algo que saísse de mim, ainda que corresse o risco de colidir com o trabalho de tantos outros que possam ter pensado igual.
Geralmente, pego em duas personagens invulgares – é o que gosto mais, ou personagens invulgares, ou momentos-chave nas vidas/história. Por exemplo – eu queria uma velhinha com Alzheimer e a Olímpia nasceu na minha cabeça. Eu andava meio preguiçosa nessa altura (2009) e demorava dois/três anos a escrever um romance. Então adiei o despeja-la no papel, até porque, tal como dizes, começava muitos projectos que simplesmente não terminava. Mas ela flutuava-me na cabeça e ocorriam-me inúmeros episódios que queria relatar a seu respeito. Ela escrevia-se recadinhos, sabes? Eu sabia disso muito antes de escrever a primeira frase do livro. Ela tinha tido uma vida difícil… O Demência foi deixado a meio gás de 2009 até ao início de 2011, altura em que peguei nele pelos cornos e o terminei em Julho. Mas eu sabia que ele tinha potencial – porque a história era boa, o enredo era bom (desculpa a vaidade, mas eu estou a perder a imaginação e o Demência foi, até aqui, o meu melhor enredo. Duvido que volte a sair-me da cabeça um tão bom. Quando o li foi como uma estranha – e arrebatou-me, por muito esquisitinha que seja com o que leio e, mais ainda, com o que escrevo. Por isso, descobre algo sobre o qual valha a pena falar. Algo que te indigne – que mexa contigo. Pode ser a tua imaginação – pode apetecer-te criar mundos paralelos, mas aí os limites são nulos. Pensa numa linha geral – não tentes cingir o romance todo na cabeça, porque os romances, nas mãos dos escritores, são coisas imprevisíveis que se reviram e tomam novos rumos quando menos esperados. Têm vida própria, pelo menos os meus.
Quando me vem um bloqueio, eu desvio-me para a periferia do romance. Isto é, imagina – tu tens duas personagens principais e estás a mil com elas. Entusiasmada, achas que o rumo deles é óptimo. E então chegas a um beco – pum! É o que me aconteceu agora com as personagens principais do 1809 – houve uns amassos, os tão esperados amassos há 300 páginas adiados, e agora? Pronto, já se entenderam mais ou menos. E agora, vou onde? Faço o quê? A minha visibilidade da história morreu ali… Ou teria morrido, se eu não tivesse deslocado o romance para a sua periferia. Isto é, peguei noutro dos seus ângulos. Noutra personagem. Consegui até incluir estes dois noutro cenário – que não o contemplar entontecido um do outro – e moldei mais um bocadinho da personagem dele. Sim, dele, neste caso. Mas sabes que mais? Eu não os descrevi. Não disse “era arrogante”, “era bondoso”. Não, não. As personagens (as minhas, ao menos, se é a mim que pedes opinião), nascem e conquistam o seu próprio livre arbítrio. Ah pois é. São tão voláteis, tão inconstantes, tão indecisas, tão errantes quanto qualquer humano… Têm vários lados da moeda, não são brancos nem pretos – sempre adorei esta metáfora e a Andreia Ferreira lembrou-me dela ontem. O Gabriel tem um papel crucial para reencaminhar a vida da Letícia para melhor, mas também foi responsável por muitos dos males do passado… saberás quando leres. A Letícia sofreu, sim, pois. Mas no fundo não estava assim tão inocente daquilo que o marido a acusava, pois não?
Aconselho-te a jogar com a subconsciência das personagens. Mete-os em mar aberto, a desviarem-se em direcção às rochas sem se darem conta. Entretanto descreve o muito que apreciam as paisagens da ilha a que aportam. Fá-los acordar para a sombra no último momento. Ou fá-los não acordar – culpa deles, não estavam atentos!
Pega em ti – nas tuas mudanças de atitude, de humor, na tua evolução como pessoa. Pega em pessoas, ilustra-as, que façam promessas e as quebrem. Que façam viagens enormes e desistam no final. Oh, muda-lhes as ideias, muda o rumo da história. Dá uma guinada no enredo a cada vez que fuja para o lugar-comum. Surpreende-te – porque, acredita, um livro é qualquer coisa de manipulador dentro de ti, exige-te a tempo inteiro, recusa a dar-se a ti quando mais precisas de expulsá-lo, e vai crescer como um filho rebelde que não é nada do que julgaste ao início. No fim, siga o caminho que seguir – acabe por ser homossexual, ter tatuagens e piercings – ama-o e orgulha-te dele.
Querida Carla, espero ter-te ajudado na tua demanda por método e ordem – ui, lembrei-me o Poirot. Método e ordem não os há, porque dar origem a uma criatura como um livro é um trabalho de inconstância e de imprevisibilidades. Agora consigo disciplinar-me melhor, mas isso não nasceu do dia para a noite. Tenho dezenas de projectos começados e nunca acabados, dois ou três romancezinhos de cento e poucas páginas só para expelir a vontade de crescer sem que um grande enredo me assomasse à mente… Só uma ideia fixa, em torno da qual as cem páginas giram, dançam, convergem para conclusões simples.
Segue o teu coração – na escrita também. Os teus medos, os teus receios, os teus palpites, instintos. Funde-te nas personagens e vive a vida deles – deixa a própria vida vir e tirar-te o tapete debaixo dos pés. Descreve a sensação de vertigem. Ri-te e chora por eles, com eles, em vez deles.
Que mais posso eu dizer? Para ser honesta, nunca tinha reflectido muito sobre o assunto.
Espero ter-te ajudado na tua demanda e espero vir a ver o teu nome CARLA, antes do meu nas prateleiras das livrarias… Ups, os malvados metem por sobrenome!
Sinopse: Depois de descobrir que o sobrenatural nãorepresenta um medo irracional e que as criaturas caminham lado a lado com oshumanos, Carla tem de enfrentar as consequências do seu envolvimento com oCaael. Os demónios já deixaram marcas na vida da Ana e da Raquel e a Carlacomeça a sentir algumas dificuldades em encontrar-se. Entre lacunas namemória, sentimentos e novas preocupações, surge uma existência virada doavesso com a linha da vida mais ténue do que nunca. Com a ausência doCaael, assomam revelações que levantam um plano ancestral de uma disputa entreiguais. A Carla vê-se num tabuleiro de xadrez, como um rei isolado, com arainha a jogar contra ela
Opinião:Acabei agora de ler o “Soberba Tentação”, osegundo volume da Trilogia Soberba da Andreia. E o que poderei dizer sem soarsuspeita? Sim, suspeita porque admiro a Andreia, o seu trabalho com estes doislivros e, ainda por cima, partilhamos a mesma editora. Já houve, inclusive,insinuações sobre as nossas opiniões serem influenciadas por esse facto. Bom,sugiro a quem o insinuou que entre no meio e depois se pronuncie. Há-de haversempre quem não se venda, e também haverá sempre honestidade para não se procurarcomprar quem quer que seja. E é livre de todas estas suposições que me expressoem relação ao II volume desta trilogia, com o despreendimento de uma leitoraque, por acaso, se apresentou em Braga (infelizmente tarde e a más horas) parao lançamento da obra, e que deu um beijo de duplos parabéns à feliz escritora,que trouxe assim à luz um segundo rebento promissor. O “Soberba Escuridão” foi o meu primeiro contacto comeste género de livros sobrenaturais. Gostei do facto de ter um pé na realidadee de a Carla ir absorvendo o que acontecia com a estranheza que eu própria,como leitora, também absorvia. Abriu-me o apetite para este mundo e que medeixou com sede de mais. Agora que terminei de ler o Soberba Tentação? Sinto-metão ansiosa quanto ao próximo volume quanto me sinto em relação a Abril de2013, para quando está prevista a nova temporada do Game of Thrones. Já viram omuito que tem de se esperar?
Ora bem,o que explicar desta obra a quem não leu o primeiro volume? Em “SoberbaEscuridão”, a Carla toma conhecimento da existência de um mundo que subsisteparalelamente à consciência humana – tantas vezes voluntariamente ignorado porela. Curiosamente, ela não vai à procura desse mundo – é ele que vem ter comela. Levanta-se um pouco do véu sobre estas coincidências, que o “SoberbaTentação” começa a explicar a um ritmo ainda mais fluido, ainda maisinteressante. A autora amadureceu a olhos vistos, foi estonteante essa mudançade uma primeira obra para esta segunda, tão bem consolidada, tão mais sólida, pormuito que o talento já fosse transbordante no primeiro volume. As respostas àsdúvidas que o primeiro livro suscitou vão surgindo de modo a manter o leitorinteressado, vidrado nas páginas, que parecem voar! Quis tanto acabá-lo e agorafoi-se-me.. que hei-de eu ler cujo entusiasmo se compare?
Aspersonagens – a Raquel, fragilizada pelos acontecimentos do primeiro volume, aAna, que “renasceu” para o mundo sob outro prisma, a Carla, que finalmentecomeça a questionar o chão que pisa, as nuvens por onde caminha… não foram esquecidas. E, para meu deleite, surge, commais destaque, um vampiro descontraído e sedutor que me pôs de faróis atentosdurante toda a leitura.
O que vosposso prometer? Novas explicações sobre este mundo sobrenatural que saiu dacabeça da nossa querida Andreia Ferreira. Romance – um novo, inesperado earrebatador romance, cujo futuro quero desesperadamente conhecer no III volumeda trilogia! Revelações – a maior delas todas, inesperada, que me deixouboquiaberta quando a autora fechou a obra com chave de ouro… Oh, o meu apetitepelo “Soberba Ilusão”, é assim que se chamará, não é? Está tão aguçado…!
A Andreiaé tão jovem e, no entanto, vê-se o dedo de uma mulher do Norte aqui! Ela não secoíbe de ser cruel, explícita, maliciosa, irónica, divertida. Aprecio o humornegro de algumas personagens, todas elas tão bem delineadas e distinguidasneste livro que é, quase todo ele, um mergulho a fundo na consciência do que éreal e no que é ilusão e, garanto-vos… de facto é soberba esta tentação que lheempresta o nome…
Fico-mepor aqui, com novos parabéns à autora. É maravilhoso que tenha sido a AndreiaFerreira, com um género que estava longe de entrar no meu campo de interesseliterário, a reconciliar-me com os autores portugueses?
Sinopse: Pouco depois das doze batidas da meia-noite, um nevão obrigao Expresso do Oriente a parar. Para aquela época do ano, o luxuoso comboioestava surpreendentemente cheio de passageiros. Só que pela manhã havia, vivo,um passageiro a menos. Um homem de negócios americano jazia no seucompartimento, apunhalado até à morte. Poirot aceita o caso,aparentemente fácil, que acaba por se revelar um dos mais surpreendentes detoda a sua carreira. É que existem pistas (muitas!), existem suspeitos(muitos!), sendo que todos eles estão circunscritos ao universo dos passageirosda carruagem. Para ajudar às investigações, o morto é reconhecido como sendo oautor de um dos crimes mais hediondos do século. Com a tensão a aumentarperigosamente, Poirot acaba por esclarecer o caso…de uma maneira a todos ostítulos surpreendente!
Opinião: Nunca tive especial predilecção porpoliciais/livros de mistério. Gosto de um segredo bem guardado, ou de algo tãocativante quanto os dilemas da Religião, da História e da Ciência, mas não soufã deste género de livros. Conheci o Hercule Poirot, a tão famosa personagem daAgatha Christie, nesta obra de renome internacional, e fiquei… como colocá-lo?Desapontada. Será exagerado dizer que, por muito “brilhante”, e eu diria antes “lógica”,que seja a sua mente… o homem é um cretino arrogante e pomposo? Detestei osmodos altivos dele, a sua astúcia pretensiosa… enfim. Tê-lo-ia perdoado, se aAgatha Christie não fosse, ela própria, tão metódica na construção do livro. Oscapítulos são pequenos e, por este motivo, muito fáceis de ler. Mas senti que aobra estava dissecada. Facilmente teria sido montada aos poucos, o que rouba umpouco da beleza à orquestração… É tudo muito frio e calculado e, se não fosse asolução do mistério ser tão inesperada e tocar-me particularmente, devido a umcaso verídico que se torna o centro do enigma, não teria passado de um 3 muitopouco sólido. Ainda assim, atribuo um 3,5 arredondado para 4, pelo simplesmotivo de que algumas das personagens são amorosas, bem conseguidas, outrasásperas e intrigantes. Curiosamente, é o próprio Poirot que se dilui no enredo,na minha modesta opinião. É ele que fica renegado para segundo plano enquantoabsorvia as histórias das viagens anteriores dos passageiros e ouvia falar daconjuntura mundial nesse início do séc. XX, no modo como as nações se encaravammutuamente, na História recente do nosso Velho Continente a partir de Istambulque, a partir de agora, será recordada como a fronteira entre estes doismundos, estas duas mentalidades.
Fiquei com pouca vontade de voltar a ler AgathaChristie… mas talvez eu tenha pegado pelo caso errado...