#17 MICHELS, Jess - Força do Desejo
Sinopse: Ao entrar na sua sétima temporada sem namorado,Beatrice Albright começa a entender que a sua beleza não compensa a suapersonalidade irritável. Na qualidade de mulher desesperada que ninguém deseja,tem de procurar um homem com quem nenhuma outra pessoa casará: o desprezado emisterioso marquês Highcroft, Gareth Berenger. Correm boatos de que ele é umassassino, mas Beatrice tem mais receio de ficar uma velha solteirona nacompanhia da mãe, do que da obscura reputação de Berenger. Contudo, embora sesinta intrigado pela sedutora proposta da jovem, também ele tem uma proposta afazer. Dotado de gostos particulares, não casará com nenhuma mulher incapaz deos satisfazer. A sua noiva tem de ser aventureira, sem medo de nada e ansiosapor experimentar todas as paixões e prazeres imaginários, por mais chocantes eproibidos que possam parecer. Se Beatrice concordar em tentar a experiência -se conseguir eliminar todas as suas inibições - os dois casarão. Porconseguinte, os dados estão lançados enquanto Beatrice e Gareth embarcam numpercurso erótico onde o perigo os espreita a cada curva, rumo a um mundo deêxtase, onde nada é proibido… nada é negado.
Opinião: Está bem, admito - eu estava a pedi-las. Apaixonei-me pela capa -detestei o nome - e, tendo ouvido falar do “Tabu”, fiquei com interesse em lereste desta senhora. Há muito que o romance histórico se tornou o meu génerofavorito. Geralmente, mete assim umas cenas mais quentes pelo meio, mas temalguma alma, alguma sensualidade por antecipação, por contenção. Gosto doscontrastes das classes sociais - dos cenários das grandes mansões inglesas, dadecadência da aristocracia e do progresso. São, quase sempre, passados no séc.XIX. Temos uma nova burguesia a ascender e a nobreza a arrastar-se nas suaspropriedades decrépitas só com o orgulho e a ambiação a animá-los. Gosto dasreviravoltas que este cenário permite, e algumas autoras conseguem-no muitobem. A Sherry Thomas é das minhas favoritas - Um Amor Quase Perfeito é, defacto, perfeito dentro do género. É emotivo q.b., sensual q.b., éinformativo quanto à história, à sociedade, às vivências da época. Fala até dearte.
Este Força do Desejo, contudo, é o pior que jamais li do género.Encomendei-o pelo site da FNAC e, quando chegou, vinha com o preçocolado sobre a mensagem inédita: Aviso: este livro pode conter descriçõesexplícitas de cariz sexual. Escusado será dizer que voltei a colar-lhe opreço. Tomei conhecido de um tal BDSM, que me era desconhecido na literatura (eque passava bem sem ter conhecido) - Bondage, Discipline, Submission andDomaine (ou SM para Sado-Masoquismo). Basicamente, o enredo do livrodescreve-se do seguinte modo: Beatrice conhece Garreth e está desesperada porse casar. Garreth diz-lhe que se casa - são ambos ostracizados, ela porque éuma intratável e ele porque se diz que matou a primeira mulher - desde que elalhe dê (na cama!) tudo o que ele quiser. Começa por ser ridículo, masligeiramente compreensível - o senhor gosta de mesas forradas a couro,chicotes, torturas físicas e sexo anal. Ela - e porque se deve confiar emqualquer pessoa que é presumível de ter assassinado a primeira mulher - aceita.Bom... neste ponto eu já estava a dar em doida com o romance.
Quando a “brincadeira” começa, fiquei ainda mais chocada. O livro é, comojá li referirem-se-lhe, sexo, sexo, sexo. Ou estão a fazê-lo, ou estão à mesa, àsrefeições, a falar dele.
O pior é o facto de que nenhum dos dois parece ter alma. Mesmo quando aautora já dá palpites óbvios sobre ele gostar dela, continua a dizer-lhe que sóse casa se ela lhe der tudo o que ele quiser na cama. São bastante incoesos.
Enfim, eu podia abster-me de fazer crítica a este livro, mas acho que istoorigina uma reflexão maior. A Quinta Essência meteu-me este livro no colo.Voou como passatempo em blogues. Veio com oferta exclusiva no site da FNAC.Pelo resumo, ansiei por lê-lo. E depois...? Lamento que a literatura esteja acair nisto. Quanto a mim, foi uma leitura leve que me chocou diversas vezespelo absurdo (BDSM não é a minha onda, não é que eu tivesse dúvidas),pelo quão explícitos foram os envolvimentos desse cariz, pelo vazio daspersonagens, pela inutilidade - mal disfarçada - da história perante o pretextonítido daquelas páginas. Fica na minha prateleira como um livro que,honestamente, não aconselho e que tem um aspecto bastante inofensivo.
Classificação: 2**