1- Soberba Escuridão,Andreia Ferreira 2- Sob o Céu de Paris, Jorge Campião e Elisabete Caldeira 3- Promessas de Amor, Sherry Thomas 4- O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas 5- Eu Sei que Voltarás, Mary Higgins Clark 7- O Monte dos Vendavais, Emily Brönte 8- Mansfield Park, Jane Austen 9- Northanger Abbey, Jane Austen 10- Frankenstein, Mary Shelley (wordsworth) 11- O Homem da Máscara de Ferro, Alexandre Dumas 12- As Novas Meninas dos Chocolates, Annie Murray + oferta fnac (A Rainha dos Gelados, Anthony Capella) 14- Moby Dick, Herman Melville 15- Mrs Dalloway, Virginia Wolf 16- The Portrait of a Lady, Henry James 17- Vanity Fair,William Makepeace Thackray 18- War and Peace, Leo Tolstoi
6- Dracula, Bram Stocker
13- The Scarlett Letter, Nathaniel Hawthorne
Os clássicos são da wordsworth, custam entre 2,78€ e 3,09€ na FNAC, em inglês. Também ando a adiar o momento de comprar estes em italiano: Come stelle cadenti, Sveva Casati Modignani Lo Splendore della Vita, Sveva Casati Modignani Mas o custo de expedição da Fnac deles é 16,00€, ando a adiar...
Sinopse: Num dia… Com um gesto apenas… A vida de Mary mudou para sempre. Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary – filha de humildes pescadores da Cornualha – traçou o seu destino ao roubar um chapéu. O seu castigo: a forca. A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo. Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História. Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse – a rainha do romance inglês – apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.
Opinião: Antes de mais, é preciso informar de que demorei uns quatro ou cinco meses a percorrer a viagem destas páginas. Comecei com o coração nas mãos e a indignação de quem vê o "simples" roubo de um chapéu punido com uma deportação desumana para a Austrália. Depois soube que a Mary Bryant, ou Broad, existiu mesmo e isso deu novo realismo à história. Li a primeira metade do livro de um sopro, a vida a bordo do Dunkirk - o tifo, a imundície, as febres, as intempéries, etc., os actos grotescos de uma das nações que se diz entre as mais civilizadas desde sempre. A partir da última metade, o livro torna-se entediante, aborrecido com pormenores de uma rotina miserável, pobre de alma e de condições humanas. Tanta desgraça junta... Mas enfim, o pior é que a sombra das catástrofes paira sobre todo o livro e esperamos, esperamos e esperamos por vê-la tomar os protagonistas. As últimas cem páginas deviam ter sido resumidas para 25. Achei que o ritmo geral do livro era lento. Ontem consegui tomá-lo pelos cornos e terminá-lo de vez, mas não tenho especial gosto por livros que me sabem a obrigação. Além disso detestei o facto de a Mary ser adorada por todos e de distribuir beijos nos lábios de todos como uma irmãzinha grata a dar esmolas aos tolos enamorados. Dou três porque o livro tem um evidente e trabalhoso cuidado de pesquisa por trás. Teve rasgos interessantes por entre outros que me causaram enfado. Em geral estou feliz que tenha acabado, foi uma leitura custosa e não estou a ver-me a passar por ela de novo.
Sinopse:Eles não têm absolutamente nada em comum. LadyReyna é uma mulher virtuosa e erudita, que preferia morrer a quebrar umapromessa ou voto. Ian de Guilford é um sensual mercenário, umcavaleiro errante cujo temperamento fogoso lhe valeu a alcunha de Senhor as Mil Noites. Ela não conhecia a sua fama quando, fazendo-se passarpor cortesã, transpôs as linhas inimigas com um plano desesperado para salvar oseu povo. Agora está frente a frente com o guerreiro a cujos encantos,diz-se, é impossível resistir, Reyna percebe-se que subestimou o inimigo. Eleestá decidido a tudo para subjugar a sua virtude. A bem do seu povo, ela nãopode ceder... e a sua audácia leva-a a fazer algo com que nunca sonhou: pôr emjogo o seu coração.
Opinião:Este livro foitão confuso, tão rebuscado, tão desinteressante que fui obrigada a ler mais de300 páginas, para me obrigar a compensar-me pelo investimento nele, e alargá-lo a cerca de 30 páginas do fim. Interesse? Nenhum. A história (nãoé de estranhar, não tem nada a ver com o que a sinopse promete) anda em tornode Ian de Guilford, uma espécie de mercenário detestável, inesperadamentehonrado e piedoso. Nada de estranho aqui. simultaneamente Reyna não temvoto algum de castidade, tem sim um segredo tolo mas não se iludam, ela só sedá ao trabalho de o repetir uma vez. O segredo dela era quasetransparente. Depois o livro cai numa espiral de tentativas de fuga dela,e ele recupera-a. Depois ele vai combater e ordena-a que fique na torre. Elafoge. Ele tem de ir resgatá-la. É absolutamente ridícula toda a história.É maçadora, sem interesse algum. A Reyna é uma idiota e o Ian é um tolo porandar embeiçado por ela. Ainda para mais surgem a Christiana e o David, doCasamento de Conveniência, e são as únicas personagens toleráveis, porquedepois também surge Morvan, a dar ordens à mulher, Anna de Léon, e a Anna,sempre a desobedecer-lhe e a meter-se em situações estúpidas.
Deixem-me apenas esclarecer que, neste momento,tenho sete livros da Hunter. Comprei-os todos porque amei o primeiro que li,As Regrasda Sedução, que falava na queda financeira de uma família e neste senhor,umcavalheiro, perto dosoutros que vão surgindo nos livros dela, que é o Hayden. Esse teve corpo, daípor diante... Oh God, terei que desistir dos romances ditos românticos? Asubstância perdeu-se.
A Hunter vai de mal a pior...esperava mais da Asa.
Uma vez uma amiga disse-me que tem um conhecido que abre os livros na livraria, evitando fitar a capa durante mais tempo do que o necessário, para que a primeira impressão seja a da primeira frase do livro. Com base nisto, decidi listar aqui as primeiras frases de alguns livros que tenho aqui na prateleira...
1 - «Uma vez, quando eu tinha seis anos, vi uma imagem magnífica num livro sobre a Floresta Virgem chamado «Histórias Vididas», Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho
2 - «Sofia Amundsen regressava da escola.», Jorteein Gäarder, o Mundo de Sofia
3 - «Mary apertou com força o corrimão do banco dos réus quando o juiz entrou na sala do tribunal», Lesley Pearse, Nunca me esqueças
4 - «Quando eu sair daqui, vamo-nos casar na fazenda de minha feliz infância, lá na raíz da serra.», Chico Buarque, Leite Derramado
5 - «Olímpia Vieira era, aos sessenta e dois anos, um osso duro de roer.» Célia C. Loureiro, Demência
Um bocadinho de egocentrismo não me faz mal... eheh.
Sinopse: Um jornalista de televisão no topo da fama. Uma criativa de sucesso no mundo da publicidade. Uma repórter cubana que busca a liberdade. Três pessoas movidas pela força de vontade nas suas profissões que perseguem objectivos maiores para as suas vidas incompletas. A perigosa aventura de Luz María a caminho do exílio leva-a a cruzar-se com Lourenço e este não podia imaginar que uma decisão tomada numa ilha tropical iria afectar irremediavelmente a sua vida. Um encontro fortuito numa estação de comboios em Lisboa, um momento de pânico motivado pela perseguição política, atira Luz Maria para os braços de Lourenço quando este vai ao encontro de Isabel. Se num primeiro instante foi apenas por solidariedade que decidiu ajudar Luz María a começar uma nova vida em Portugal, em breve Lourenço vai ver-se envolvido num turbilhão de sentimentos que o irão obrigar a fazer uma escolha impossível entre a mulher dos seus sonhos e a mulher da sua vida. Autor de enormes sucessos literários, como O Tempo dos Amores Perfeitos, O Último ano em Luanda e o mais recente O Homem Que Sonhava Ser Hitler, Tiago Rebelo apresenta-nos aqui uma história intensa de paixão, amor e amizade, que prova como a felicidade nem sempre se encontra no caminho mais evidente.
Opinião: Tiago Rebelo, Tiago Rebelo…
Talvez deva gabar a perícia queeste senhor tem para reconhecer crianças nos homens. É o segundo livro dele queleio e, segundo sei, a fórmula é a mesma. Metem-se duas mulheres ao barulho,maduras e admiráveis, e um homem indeciso como uma criança numa loja de doces. Recorta-seuma cena em duas, mete-se metade no início e metade no fim e tem-se assim umafórmula “infalível”. Depois é preciso que as mulheres digam que estão fartas deser espezinhadas, e que o homem seja tão encantador – e encantador é a palavra favorita do autor – que lhe dê a volta nofinal sabe-se lá como (ele também não se dá ao trabalho de explicar). O quedizer deste romance em específico?
Temos uma mulher (Luz María) presaao regime cubano – encantadora – que temum caso quase fortuito com um homem-criança, idiota, atraente, metido por entretodas as saias que passam. Temos essa mulher a quase arriscar a vida paraconseguir fugir do país, com a mãe atrelada. Depois temos outra mulher (Isabel)com uma carreira de sucesso no ramo da publicidade, cuja vida já foi inúmerasvezes estraçalhada pelo mesmo homem que ela considera o amor da sua vida, e aquem este Lourenço, também homem-criança, considera o amor da sua. Posto isto,não entendo como é que a mestria deste senhor se mete a enrolar as cabeças daspessoas. A mim parece-me tudo muito simples – ele passou a vida a destruir afelicidade da mulher que diz amar (apetece-me rir pelo facto de ela,aparentemente, lhe ter dado essas oportunidades todas), e então vem a cubana. Acubana, uma mulher admirável, sem dúvida, embora nunca se entenda muito bem oque a move – sem ser o desejo por liberdade, que me parece comum a qualquerser-humano num regime opressivo – e por quem ele se encanta. E o encantamento é suficiente para, uma vez que não podetê-la, meter novamente “a mulher da sua vida” na gaveta. Foi o final que mechocou mais quando uma destas mulheres, descritas como fortes e dignas peloautor, decide aceitá-lo. E desvie agora os olhos quem tiver intenções deembarcar neste mar de frases feitas, informações dispensáveis e evidente faltade empenho do autor. Mas ela ACEITA-O.Para mim era evidente que o final do livro é cada uma delas a dispensar oidiota do homem, que viveu por entre pernas uma vida inteira, que se despiu daIsabel porque “não estava preparado”, que voltou para ela só para voltar adeixá-la uma e outra vez. Que final mais perfeito, mais adulto, seria este?Desdenhou tantas vezes do doce que devia era ficar sozinho na sua casa “enorme”no Parque das Nações, a beber o típico uísque e a olhar para as luzes da Vascoda Gama. Aí sim, talvez eu admirasse um pouco este livro. Agora um final felizpara um pulha? Uma mulher de personalidade forte a submeter-se outra vez?
Sinopse: Um casamento em crise: como se a baunilhae o chocolate já não combinassem tão bem como outrora... O grande"clássico" de Sveva Casati Modignani.
O que se passa com Penelope e Andrea após dezoitoanos de um casamento quase perfeito? A baunilha e o chocolate já não combinam?Impossível! Desde sempre, apesar do contraste de cores e sabores, fizeram umamistura fantástica, como algumas uniões afetivas, que vão aguentando,aguentando, como que levadas por um vento milagroso. Mas o vento, às vezes,deixa de soprar...
Inesperadamente, Andrea revela-se protagonista deinúmeras escapadelas mal escondidas e o seu comportamento, por vezes, é tãoinfantil e egoísta que Penelope decide oferecer-lhe um presente: deixá-losozinho a lidar com os três filhos e com as inúmeras tarefas domésticas, queaté agora pesavam única e exclusivamente sobre os seus ombros. Quanto a ela,refugia-se na casa da família em Cesenatico. A separação revela-se, para ambos,um desafio cansativo e, por vezes, angustiante, mas a verdade acabará por virao de cima: o amor que os uniu continua vivo...
Opinião: Baunilha e o Chocolate é, para mim, omelhor romance de Sveva Casati Modignani. Por muito singelo que seja, semgrandes sobressaltos ou reviravoltas de cortar a respiração. É um romance sobrecompromisso e fidelidade. É sobre Penelope, que apaixona loucamente por Andrea,e sobre Andrea que, mesmo amando Penelope, mesmo sendo pai dos seus trêsfilhos, não consegue que ela lhe baste. Pula de saia em saia e, a cada vez queo faz, Penelope é humilhada ao receber o gelado de baunilha e chocolate que eletraz para forçar as pazes.
É apenas quando Penelope se afasta para a antigavilla da sua avó e deixa o marido mimado a braços com a filha anoréctica, ofilho cheio de piercings e com uma cobra como animal de estimação e o pequeno easmático Luca, que Andrea repensa o seu valor na sua vida.
Andrea tem até este ultimato: não a contactar atéque ela meta a cabeça no lugar. É uma viagem agradável pela Itália, com umenredo simples mas enriquecedor, no melhor registro de Sveva que, infelizmente,é o que ela aplicou também a todos os outros livros...
Sinopse:No calor das febres que incendeiam a Lisboa do século XIX, Joana, uma burguesa jovem e demasiado inteligente para o seu próprio bem, vê o destino traçado num trato comercial entre o pai e o patriarca de uma família nobre e sem meios. Contrariada, Joana percorre os quilómetros até à nova casa, preparando-se para um futuro de obediências e nenhuma esperança. Mas Santiago, o noivo, é em tudo diferente do que esperava. Pouco convencional, vivido e, acima de tudo, livre, depressa desarma Joana, com promessas de igualdade, respeito e até amor. Numa atmosfera de sedução incontida e de aventuras desenham-se os alicerces de um amor imprevisto... Mas será Joana capaz de confiar neste companheiro inesperado e entregar-se à liberdade com que sempre sonhou? Ou esconderá o encanto de Santiago um perigo ainda maior?
Opinião: O meu plano inicial, ao ultrapassar o meio do livro, era atribuir-lhe um quatro e meio. Ainda assim, quatro. Estava muito concentrada nas interjeições, e embirro com elas porque dão um tom afectado ao discurso, uma espécie de suspiro muito português. As interjeições (tantos ohs, e ahs! e pontos de exclamação!) mantiveram-me longe da literatura portuguesa, mas sobretudo a má qualidade dos enredos e a pobreza de escrita foram os culpados por esse afastamento. Agora, após perseguir ferozmente este livro durante a tarde de hoje (12.04.2012), em que saiu para a luz do mercado, agora... que acabei de o ler, convido todos nós, portugueses e portuguesas amantes de um bom romance histórico, de um um bom nível de português - acessível e bem alinhavado - a embrenharem-se neste livro, que é quase uma viagem contínua. Li-o de enfiada, como se comprova com facilidade. Fala sobre uma rapariga, Joana, cujo pai é rico e despoleta, assim, as ambições de um nobre na miséria, D. Miguel. Este D. Miguel arranja um casamento entre Joana e o seu filho, Santiago, para que com o dote possa reaver um pouco da sua glória passada.
O que dizer destas personagens? Gosto mais do Santiago que da Joana, é a verdade. Mas parece-me que ela foi escrita para se entranhar, e ele para nos apaixonar-mos à primeira vista. Contudo, no enredo, é o oposto que sucede entre os dois. Ela estranha-o e ele fica vidrado nela.
Não é o enredo em si que me faz valorizar a história - achei a Joana um pouco queixosa para uma pessoa que tinha a melhor amiga numa situação muito pior - mas sim a humanidade que encontrei nas personagens e, sobretudo, o talento evidente da escritora, que soube valer-se de conta e medida para se manter num terreno seguro. Não dramatizou excessivamente, não caiu em clichés, surpreendeu-me até várias vezes, e agradavelmente, o que raramente acontece quando leio, posto que já li tanta coisa.
O Santiago é cativante, qualquer mulher o quereria para si. A D. Ana é enternecedora e o D. Miguel é daquelas pessoas frustrantes com quem temos perfeita consciência de que nunca conseguiremos lidar. Considerei todo o desenrolar de acontecimentos bastante pertinente e, apesar de algumas falhas de comunicação entre as personagens principais, a autora teve suficiente mestria para nos fazer compreender, com clareza, o porquê de se compreenderem as asserções de modo oposto. O romance prometia sensualidade e gabo também a elegância, a classe, com que conseguiu envolver-nos nessa sugestão sem cair nas vulgaridades que tenho lido em muitos livros ultimamente. Já me tinha esquecido que, tal como no E Tudo o Vento Levou, meia palavra arrepia muito mais do que uma frase completa à letra.
Curiosamente, a Joana é a personagem de quem gostei menos. Achei que a Rosália (a ama dela), a dado momento, perdeu-se no enredo, mas adorei a construção geral. Dei por mim a sorrir em diversas partes, dos atrevimentos do Santiago e das explosões da Brites e da doçura da D. Ana. Os desvios de língua da Joana também deram pano para mangas, porque incitaram o Santiago a revelar-se mais.
Os termos históricos acho que vieram na medida certa. Dei por mim extasiada ante a menção do meu adorado romance Madame Bovary, do Flaubert, e de outras referências históricas que reconheci de imediato porque sou amante da História. O casamento de D. Pedro com D. Estefânia. A América com presidentes e quase, quase em cima da Guerra de Secessão. A inauguração, em 1856, do primeiro troço de caminhos-de-ferro em Portugal. O Brasil e a promessa de uma vida melhor... Nas últimas páginas retive o fôlego, a autora virou o enredo de forma tão convincente que vislumbrei um final alternativo para o livro, vestiu-o de nexo e de credibilidade e deixou-me a arfar por ler mais depressa.
Em suma, todo o livro foi lido de um só sopro. Os meus sinceros parabéns àquela que considero, sem dúvida, a melhor autora de romances «romance» portuguesa. Destronou a rainha da pop destas bandas (ou rainha da asneira e da futilidade), Margarida Rebelo Pinto (atenção que nunca foi rainha alguma para mim). Um adeus também ao Tiago Rebelo, reforme-se porque não atinge (com o seu jornalismo e quês), metade da perícia com as palavras, metade da profundidade e da complexidade humanas que a Carla expôs. Um triunfo perfeito para um primeiro lançamento. Fico a contar os dias até ao próximo.
Sinopse:Através das cartas que escrevem uma à outra, duas irmãs negras americanasfalam das suas vivências pessoais, dos seus dramas, mas também das suasalegrias, na época que separou as duas guerras mundiais. Obra vigorosa - quelevou alguns críticos a comparar Alice Walker com Faulkner - este romance valeuà autora, negra também ela, os dois prémios máximos da literaturanorte-americana de ficção em 1983: o Pulitzer e o American Book Award.E deste romance fez Steven Spielberg um filmeadmirável.
Opinião: Li este livro em Junho de 2006, da última vez que fui à aldeia da minhatia, com 16 anos. É, em parte, devido ao calor das tardes lânguidas que passeia ler, no pátio, que trago lembranças tão boas desta aldeiazinha. O livro é umrelato em primeira mão da vida de uma negra no início do séc. XX na América doNorte, e é surreal. Ganhou, inclusive, um Pulitzer. É surreal que, no início doséculo passado, ainda houvesse segregação. Ainda se tratassem os negros abaixode cão. É surreal que fosse permitido que a personagem principal, a Celie,fosse arrastada ao sabor das vontades do pai e do marido. Fosse obrigada aabdicar de duas crianças. Fosse obrigada a viver aterrorizada com os humores domarido e humilhada pelo seu amor à famosa cantora negra Shug Avery que, a seutempo, se torna na melhor amiga de Celie. É um conto ingénuo sobre uma mulhernegra no entre-guerras, tantas vezes comovedor, de uma feminilidade tocante euma mostra inegável do talento da senhora Walker.
Sinopse:Esta estranha história passa-se no séculoXVIII e é fruto de um extraordinário trabalho de reconstituição histórica queconsegue captar plenamente os ambientes da época tal como as mentalidades. Oprotagonista é um artesão especializado no ofício de perfumista, e essa arteconstitui para ele - nascido no meio dos nauseabundos odores de um mercado derua - uma alquímica busca do Absoluto. O perfume supremo será para ele umaforma de alcançar o Belo e, nessa demanda nada o detém, nem mesmo os crimes maishediondos, que fazem dele um ser monstruoso aos nossos olhos. Jean-BaptisteGrenouille possui no entanto uma incorrupta pureza que exerce um forte fascíniosobre o leitor. O Perfume, publicado em 1985, de um autor então quasedesconhecido, foi considerado um dos mais importantes romances da década enunca mais deixou de ser reeditado desde então, totalizando os 4 milhões deexemplares vendi dos, só na Alemanha, e 15 milhões em países estrangeiros. Foitraduzido em 42 línguas. Este fenómeno transformou-o num dos mais importanteslivros de culto de sempre. Em 2006, O Perfume passa a ser umalonga-metragem inspirada no romance de Patrick Süskind.
Opinião: A minha primeira opinião é a de que não deveria ser indicado para o 7º, 8ºe 9º ano no contexto do plano de leitura nacional português - canibalismo?Assassinatos? Jean-Baptiste Grenouille é um dos maiores psicopatas de todos ostempos. Mas também dos que melhor se enraizam no leitor. É necessário explicarque ele tem o sentido do olfacto excepcionalmente desenvolvido, e a suapercepção do real advém sempre daí. Ele é completamente obcecado pelo mundo doscheiros, e é nele em que gravita, indiferente a tudo o resto. Ele é tão egoístaque, quando mete na cabeça que quer criar a essência do amor, não lhe custanada acabar com a vida de jovens mulheres, umas atrás das outras, a fim de lhesextrair a fragrância que, combinada, culminará nesta poção poderosa, até setornar numa espécie de serial killer do século XVIII, perseguido portoda a França conforme deixa para trás o seu rasto doentio. E esta essência doamor é tão poderosa que o próprio Grenouille substima os riscos de a aplicar emsi. É maravilhoso sermos despertados para a importância deste sentido que é, emgeral, tão menosprezado. Foi um festim de fragrâncias, muitas das quaisdesconhecidas, que se insinuou perante mim, como leitora, e que me embalou aolongo das páginas do livro. O final foi de génio, o único possível, tiro ochapéu ao senhor Sünskind por mergulhar num universo tão sombrio e emergir delecomo um dos escritores mais talentosos de todos os tempos, na minha humildeopinião. Quando pego no livro ainda me cheira às alperces que a ruiva carrega.
Sinopse:Quando um famoso cientista do CERN éencontrado brutalmente assassinado, o professor de simbologia Robert Langdon échamado para identificar o estranho símbolo gravado no peito do cientista. Asua conclusão é avassaladora: a marca é de uma antiga Irmandade chamada Illuminatti,supostamente extinta há séculos e inimiga da Igreja Católica. Em Roma, oColégio dos Cardeais está reunido para eleger um novo Papa quando se apercebedo rapto de quatro cardeais, ao mesmo tempo que a Guarda Suíça é informada deque uma perigosa arma está na Cidade do Vaticano com o propósito de a destruir.Robert Langdon – quem não o conhece? – ajudado desta vez por Victoria Vetra,cientista do CERN, procura desesperadamente a antimatéria no meio dasintricadas pistas deixadas pelos Illuminati, lutando contra o tempo parasalvar o Vaticano.
Opinião: Como pessoa que me interesso genuinamente por religião, arte, ciência eviagens, a modos que este livro é um coquetél perfeito destes elementos. Omelhor conseguido dos livros do Sr. Brown, segundo os meus gostos pessoais,fala de um intrincado esquema duma suposta organização cinquentenária paraatirar a Igreja Católica ao chão por terra. A intriga religiosa, pautada pelavisão que a ciência tem do comportamento da Igreja ao longo dos séculos,manteve-me pregada a cada página. As personagens são únicas e vívidas - o Camerlengofoi dos meus favoritos ao longo de todo o livro. A Vittoria e os seus calçõessão uma imagem nítida ao longo da acção, as igrejas de roma, os seus artistasmais notáveis, as suas obras são esmiuçados de um ponto de vista simbólico eremetem o autor para uma enxorrada de cultura que me deixou extasiada. Foi comoreencontrar velhos amigos dentro do livro. É uma óptima intriga que acaba pordar uma pequena lição de História, Arte, Ciência e Religião. Adorei o professore os colegas de turma.
Aproveito para mencionar que o filme - com aquela banda sonora genial doHans Zimmer - é igualmente digno de um visionamento.