Sinopse: Depois dossucessos alcançados com os romances Para Ti Uma Vida Nova (2001), NãoVou Chorar o Passado (2001) e Uma Promessa de Amor (2002)Tiago Rebelo apresenta mais um livro. Em Uma Questão de Confiança osleitores serão envolvidos numa relação de amor que, apesar de ter um sólidoinício, assume gradualmente contornos de ruptura.
As vidas de Teresa e Guilherme cruzam-se noinício dos anos oitenta despoletando uma rdente paixão entre dois seresque partilham o mesmo sentimento. Mas ao longo do tempo os laços que os unemdão lugar a dúvidas e inquietações, sobretudo na perspectiva de Guilhermeque assume a responsabilidade de estar a destruir a relação. Cego pelo sucessoentra por um caminho de autodestruição para o qual tenta arrastar Teresa. Masela amadurecera para a vida, criara objectivos próprios e estava cansadade tentar que Guilherme acordasse. Só o amor a prendia a ele. Um dia, porém,Teresa conhece um médico, que perdera tragicamente a sua mulher, e que a fazsentir-se viva e indispensável… Um apaixonante romance de um autor que jáconquistou o público leitor, especialmente o feminino.
Opinião: Simultaneamente uma surpresa agradável e uma decepção. Talvez porque, através da fluidez da narração, de parte da capacidade imaginativa, tenha conseguido antever algum potencial ao escritor português. Depois, consciente desta sua potencialidade, foi ver-me esmorecer conforme a história caía no previsível e no cliché, e a narração tombava de um realismo frio para um dramatismo desnecessário. A surpresa foi ínfima, mas interessante. Ver Portugal exposto nas suas páginas também me satisfez bastante. É raro encontrar algo de qualidade mediana que seja escrito directamente em português e sobre Portugal.
Enfim, conto dar-lhe uma nova oportunidade para se redimir.
Sinopse: A aldeia de Lansquenet-sur-Tannes tem duas novasmoradoras: Vianne Rocher, jovem mãe solteira, e a sua filha Anouk. Ambascorreram mundo e querem agora estabelecer-se, pelo que Vianne pensa montar umnegócio. Um negócio aromático e guloso mas, naquelas paragens, pouco comum: umachocolataria com o nome deLa Céleste Praline. Para a aldeia, La Céleste Pralinee a sua encantadora proprietária são um sopro de ar fresco frente àtirania de Francis Reynaud, um jovem padre de uma austeridade a raiar ofanatismo, que não oculta o seu desagrado por um comércio demasiado sofisticadoe “tentador”, e que vê em Vianne um desafio à sua autoridade. Frente a ele, ajovem Vianne só pode apelar à alegria de viver das gentes de Lansquenet...
Chocolate é um repertório de sabores, descritos de uma maneira tão viva quequase se sentem; é também uma galeria de personagens ternos e cruéis, amáveis eodiosos, sempre intensos e credíveis. Mas é sobretudo um romance tão ameno, tãorico e variado, que deixará nos seus leitores uma impressão imorredoira.
Opinião: Comuma nota de tragédia trazida pelo vento do Norte, é assim que Vianne Rocher e afilha, Anouk, chegam a Lansquenet-sur-Tannes. A povoação francesa não é aprimeira em que estas duas se fixam, e cedo começam a fazer-se notar asdiferenças das forasteiras...
Em plena Quaresma,Vianne abre uma chocolataria e, através desta iguaria, conquista, a pouco epouco, as gentes dali. Simultaneamente, a sua simpatia por ciganos, por sapatosvermelhos e por promover feiras de chocolate em épocas de jejum e abnegação,vão trazer-lhe alguns dissabores... nomeadamente através da falsa benevolênciado padre Francis Reynaud...
Até hoje, semprelembrado como um cocktail the sensações, sentimentos e sabores.
Sinopse:«Quero falar a sós contigo, dizer-te tudo pela primeira vez; hás-de ficar a saber toda a minha vida que sempre foi tua e acerca da qual jamais soubeste. Contudo apenas hás-de ficar a saber do meu segredo quando estiver morta, quando já não tiveres de responder-me, quando chegar verdadeiramente ao fim aquilo que agora me estremece pés e mãos, ora me afrontando ora me enregelando. Caso fique viva, então rasgarei esta carta e guardarei silêncio como sempre fiz. Caso a tenhas em teu poder, ficas então a saber ser uma morta quem te conta aqui a sua vida, que foi a tua desde a sua primeira até à sua última hora (…).» Era o dia do seu quadragésimo aniversário e o conhecido romancista R. recebia, entre a habitual correspondência, uma misteriosa carta. Escrita à pressa, com letra de mulher, duas dúzias de páginas de uma confissão que começava assim: «Para ti que nunca me conheceste». Um relato dramático de uma mulher que ama, desesperadamente, um homem incapaz de amar alguém. Carta de uma Desconhecida é um dos mais aclamados livrosde Stefan Zweig que traça um profundo retrato psicológico de uma mulher que amou sem ser amada. Uma relíquia literária onde o autor austríaco descreve com mestria os sentimentos humanos e o drama das suas contradições.
Opinião: Comprei-o ontem (10.12.2011) e li-o no total de duas horas. Foi tão comovente, compreendi tão bem esta mulher que amou nas sombras um homem que, honestamente, era incapaz de amar alguém... Foi desolador, mas também representativo do que as mulheres que eu conheço, incluindo eu mesma, são capazes de fazer por um grande amor. E o silêncio ecoa do outro lado... Homens. Não podemos, no entanto, esquecermo-nos de que foi um homem que o escreveu, e assim sendo ele era consciente do poder durador da afeição de uma mulher, mas também, e não raramente, os homens o desprezam. Guardo um bom sentimento deste livro. Veio num dia em que pude sentar-me numa varanda em frente a um pequeno parque, de cigarro na mão a desfolhá-lo. E esta Viena do Sweig (1881-1942) envolveu-me e tirou-me do meu espaço para um pequeno prédio onde uma menina, sem grande poder de decisão, se encanta irremediávelmente pelo vizinho jovem, atraente e culto da alta, que se torna raidamente a razão de todos os seus passos.
Sinopse:Sevilha, 1915 - Vale do Paraíba, 1945: trinta anos da história do século XX correm ao longo das páginas deste romance, com cenário no Alentejo, Espanha e Brasil. Através da saga dos Ribera Flores, proprietários rurais alentejanos, somos transportados para os anos tumultuosos da primeira metade de um século marcado por ditaduras e confrontos sangrentos, onde o caminho que conduz à liberdade parece demasiado estreito e o preço a pagar demasiado alto. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade.
Rio das Flores resulta de um minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica, que serve de pano de fundo a um enredo de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas. Três gerações sucedem-se na mesma casa de família, tentando manter imutável o que a terra uniu, no meio da turbulência causada por décadas de paixões e ódios como o mundo nunca havia visto. No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.
Opinião: Apesar da profundidade da pesquisa realizada e da fidelidade com que tenta reproduzir uma vida, considero que Miguel Sousa Tavares perdeu as características de bom romancista a que habituou o leitor com Equador. A leitura foi constante, mais por prazer em sorver as palavras expostas pelo autor do que por interesse na história. Considerei o enredo fraco, uma história marcadamente masculina - que, por outro lado, pode deliciar outro tipo de público - e foi difícil seguir o fio à meada de pensamentos e sentimentos das personagens. As mesmas pareciam mover-se como autómatos e tomar decisões sem que o leitor as visse surgir. Num momento estão aqui e, no seguinte, já estão ali. O que se mantém constante num livro, embora as personagens sejam mutáveis - na sua tentativa de reproduzir humanos - é o que conhecemos do interior dos mesmos. A vida muda, a personagem reage. Neste livro, a vida pareceu-me aborrecida e as personagens desprovidas de grande conteúdo. Se tivesse lido este primeiro, duvido que me tivesse aventurado em seguida com o Equador, e seria uma pena - esse é excelente.
Sinopse: Neste segundo volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander é assumidamente a personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a solução do primeiro mistério trará luz ao segundo: Há que encontrar os responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um gigante loiro de quem pouco se sabe.
Opinião: Antes de mais, os leitores da trilogia Millennium consideram - em geral - este segundo volume o menos interessante. É verdade que o primeiro foi muuuito interessante, e obrigou-me a ver o filme sueco (além do americano que já tinha visto antes de o ler). Mas não esperei que o segundo fosse melhor ainda.
A vida da Lisbeth começa a ser aqui contada. Ela é uma mulher solitária, «uma mulher que odeia os homens que odeiam as mulheres», e esta frase sobre ela diz tudo. Houve revelações chocantes no livro. Fiquei boquiaberta várias vezes. Ri-me também, do humor negro do autor várias vezes. Houve situações quase caricatas, hilariantes, em que os "maus" se ridicularizavam a si próprios ou o próprio Mikael Blomkvist se ia safando, só por acaso. Sim, ele é mais sortudo do que talentoso.
Enfim, lido em seis dias (quatro deles úteis e dois deles num fim-de-semana de trabalho e viagens), gostei muito mais desde do que do primeiro.
Grande Stieg Larsson, lamento que não possa apreciar o reconhecimento da magnitude - e da excelência - da sua obra.