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Castelos de Letras

Em torno das minhas leituras!

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#109 FLYNN, Gillian, Em Parte Incerta

Sinopse: Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino? Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy? Com uma escrita incisiva e a sua habitual perspicácia psicológica, Gillian Flynn dá vida a um thriller rápido e muito negro que confirma o seu estatuto de uma das melhores escritoras do género.

Opinião: Nãofoi um livro fácil. Li até à página 173 e passei outrostantos à frente. Depois, metida num voo de 9h35, peguei-lhe de novo e li até àpágina 400 compulsivamente. Quando digo “compulsivamente”, significa que épouco provável que me esqueça das revelações que sugiram no livro durante essevoo – o mais atribulado da minha vida (vida essa que analisei por entrepequenas pausas desta leitura com o avião a chocalhar como louco). No voo deregresso, mais nove horinhas e meia com uma escala interminável pelo meio, li oque restava e fechei as cerca de 520 páginas daquele que é um dos livros maismalucos que já li. Só consigo compará-lo – de modo vago, porque a outratrilogia é bem melhor – à obra-prima do Stieg Larsson. Na trilogia Millennium aLisbeth Salander é a personagem que mais me fascinou no mundo da literatura atéhoje. Ombro a ombro com a Scarlett O'Hara do “E Tudo o Vento Levou”.
No “Em ParteIncerta” temos duas pessoas em tudo comuns e, por estranho que pareça, muito familiares. O Nick (a serinterpretado no cinema pelo Ben Affleck), fica atarantado com o desaparecimentoinesperado da sua esposa, Amy, na manhã em que comemoram o quinto aniversáriodo seu casamento. Acompanhamos as suas reacções ao decorrer da investigaçãointercaladas com o diário que Amy mantinha, onde ia denunciando as desilusõescom o casamento por entre as expectativas e a esperança que ia mantendo de queas coisas se endireitassem.
Seráque Nick matou Amy? O que terá acontecido a Amy?
Então ficaimpossível deixar de ler. Ninguém é bem quem diz ser. Ninguém é perfeito e sãotodos muito humanos – homens que choram, referências a affairs e ao asco que isso causa a quem é traído em termos poucoeducados – traições, vinganças, o quotidiano de um casal contemporâneo e ossucessivos desencantos e aspirações goradas, o desemprego, o isolamento –,mentiras e uma personagem fascinante que arrepia de tão brilhantementedistorcida.
Só não consigoatribuir cinco ao livro porque detesteio final. Penso que no filme, para o render mais cinematográfico, o mesmo sejaalterado para algo mais “definitivo”. De qualquer modo, é um livro que vaidemorar a deixar-me.

Para quem seinteressa por policiais, sociopatas e esquemas bem elaborados, está aqui umaleitura bastante satisfatória. 

Já tinha dissertado um pouco sobre o livro aqui.

Classificação: 4****

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